Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornalistas fantasiados de doentes

PNEUMONIA ASIÁTICA

O governo de Taipé, capital de Taiwan, afirmou que dois jornalistas de uma revista tablóide de Hong Kong fingiram-se parentes de pacientes e reportaram de dentro do Hospital Municipal, estabelecimento que fora interditado havia mais de uma semana para frear um surto de pneumonia asiática, ou síndrome respiratória aguda grave (SARS).

Segundo Wu Yu-sheng, porta-voz do governo de Taipé, a atitude dos repórteres, na sede de obter notícias exclusivas, "pôs outros e a si mesmos em perigo [de contágio] da SARS". Os dois repórteres trabalhavam para a revista semanal Next. Após funcionários do hospital descobrirem quem eram, ambos foram levados para barracas militares em Hungwu, onde permanecerão por 14 dias em quarentena.

As autoridades só se deram conta da presença dos jornalistas com a publicação dos artigos na revista durante o período de interdição do hospital. Nos últimos 10 dias, os repórteres tiraram fotografias de pacientes em isolamento e conversaram com a equipe médica em quarentena, disse Wu.

Segundo o porta-voz, em determinado momento, eles chegaram a sair do Complexo A, onde havia pacientes sem SARS, e foram ao Complexo B, onde ficam os pacientes com a pneumonia asiática.

Wu conta, segundo Sandy Huang [The Taipei Times, 5/5/03], que durante a estadia no hospital os repórteres receberam sacos de dormir e outros equipamentos básicos da revista. "Na ânsia por notícias exclusivas", disse Wu, "[executivos da revista] não prestaram atenção à segurança de seus repórteres". O porta-voz afirmou que o equipamento dos jornalistas foi confiscado. Os dois podem ser indiciados por infringir a lei de controle de doenças.