FUTEBOL NA TV
“Papo boleiro”, copyright Folha de S. Paulo, 18/05/03
“A VELHA mesa-redonda futebolística de domingo à noite não é mais aquela. Se houve um gênero televisivo que se diversificou em busca de novos segmentos de público, foi o dos programas esportivos.
Tanto na TV aberta como na paga, proliferam os concorrentes do final de domingo esportivo. Há o ?Terceiro Tempo? (Record), o ?Bola na Rede? (Rede TV!), o ?Rock Gol? (MTV) e, claro, a eterna ?Mesa-Redonda? da Gazeta, talvez a última representante do formato clássico do gênero. O congestionamento é tão grande que, para escapar dele, um programa tradicional como o ?Cartão Verde?, da Cultura, foi transferido para a segunda-feira. Na TV paga, a situação é parecida. O recém-criado ?Bem, Amigos? (Sportv), comandado por Galvão Bueno, também optou pela segunda-feira, para competir com o sólido ?Linha de Passe?, do ESPN Brasil.
Os novos programas -e os velhos, reciclados- tornaram-se quase shows de variedades, com o aparente objetivo de atrair dois públicos até então refratários ao papo boleiro: os jovens e as mulheres. Cada um aponta para um lado. O ?Rock Gol?, evidentemente, busca uma ponte entre o futebol e a cultura pop. Suas principais armas são a presença de personalidades desses dois universos, uma edição ágil e o humor anárquico e metalinguístico dos apresentadores Marco Bianchi e Paulo Bonfá.
Comandado por Juca Kfouri e pelo ex-jogador Sócrates, o ?Bola na Rede? centra seu foco nos bastidores do futebol e costuma ter entre seus convidados escritores, economistas e dirigentes esportivos. Os jogadores que eventualmente participam da mesa ficam em geral um tanto intimidados pela douta conversa. No outro extremo, o ?Terceiro Tempo?, de Milton Neves, lembra um programa de auditório em que cabe um pouco de tudo: do melodrama do tipo ?Esta é sua vida? a shows musicais protagonizados por jogadores, fofocas extra-campo, gozações generalizadas e uma avalanche de merchandising.
Com exceção do merchandising, os mesmos elementos aparecem no novo ?Bem, Amigos?, que também conta, entre seus convidados, com técnicos, ex-árbitros e músicos populares, e investe pretensamente no bom humor. A diferença é que o autoritarismo centralizador do mestre de cerimônias Galvão Bueno acaba por cercear a informalidade anunciada. Outro dia, ele tratou os convidados Paulinho da Viola e Toquinho como se fossem músicos contratados para tocar no seu bar.
Claro que, em todos esses casos, persiste em alguma medida o ?núcleo duro? dos programas do gênero: uma certa representação de papéis por parte dos debatedores (o enciclopédico, o gozador, o corintiano, o palmeirense, o polêmico, o diplomata etc.), um festival de lugares-comuns e aquelas intermináveis discussões sobre se foi pênalti ou não, se Fulano estava ou não impedido, se Beltrano é melhor que Sicrano etc. Ou seja: aquele pequeno circo que ainda provoca urticária em tantas esposas e que foi magistralmente satirizado no filme ?Boleiros?, de Ugo Giorgetti. De alguma maneira, esse circo cumpre alguma função -senão não duraria tanto e não daria tantos rebentos-, que talvez seja a de realçar a dimensão do futebol, entre nós, como teatro da vida.”
REALITY SHOWS
“Sherlocks à brasileira têm aulas com a polícia do Rio”, copyright Folha de S. Paulo, 18/05/03
“A PRODUÇÃO do novo ?reality show? da Globo, ?O Jogo?, que estréia no dia 27, se inspira em locais pouco convencionais. Como o mote é um crime e sua investigação, as equipes de produção, arte e maquiagem passaram o último mês em meio a cadáveres e equipamentos policiais, no Instituto de Criminalística, na Academia de Polícia e no Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro. ?Mostramos tudo o que acontece na prática, para que eles tenham uma idéia de como caracterizar melhor?, diz Iara Cruz, assessora de comunicação do Instituto de Segurança Pública do Rio, responsável pelo intercâmbio.
Os 12 participantes -que no estilo ?Big Brother? vão conviver numa casa sob a vigilância ininterrupta das câmeras- assistiram a aulas na Academia de Polícia do Estado. No currículo, defesa pessoal, técnicas de abordagem, diferenciação de equipamentos e técnicas gerais de investigação.
?Nosso objetivo é mais pedagógico. A idéia é que eles tenham um mínimo de noção sobre uma investigação, para não passarem orientações erradas aos espectadores?, diz Cruz.
O prêmio de até R$ 250 mil será daquele que conseguir desvendar, ao final de dez semanas, um suposto crime praticado numa cidade do interior -a gravação é em Laguna (SC), onde 3.000 pessoas se inscreveram para trabalhar na produção, que utiliza 180 funcionários.
Versão brasileira de ?Murder in Small Town X? (Assassinato numa pequena cidade), dos estúdios Fox, a atração será apresentada por Zeca Camargo.
Misto de ?reality? e ficção, não haverá scripts. ?Nós damos as missões investigativas, mas eles não têm texto nem direção?, afirma o diretor de núcleo José Bonifácio de Oliveira.”
“Gugu terá jogo similar ao da Globo”, copyright O Estado de S. Paulo, 17/05/03
“O SBT pode arrumar mais uma confusão com a Globo envolvendo acusação de plágio. Depois da pendenga Casa dos Artistas, a emissora vai lançar amanhã um quadro, digamos assim, ?parecido? com o novo reality show da Globo O Jogo, que estréia dia 27. Batizada de Qual É o Mistério?, a seção estréia no Domingo Legal, de Gugu. Assim como o game da Globo, o objetivo é descobrir quem é o assassino de um crime fictício, que será exibido em uma novelinha durante o programa.
O restante do formato é bem diferente da superprodução O Jogo. Em Qual É O Mistério? os convidados do Domingo Legal e o público (via ligações telefônicas) darão palpites sobre quem pode ser o assassino da historinha.
Quem acertar ganha um prêmio em dinheiro (o valor deve ser definido amanhã).
Se ninguém descobrir o enigma da brincadeira, que será revelado no final do programa, o prêmio fica acumulado para o outra semana, quando vai ao ar outra história, com outro mistério, claro.
O quadro faz parte do pacote de reformulação do Domingo Legal, que vem perdendo em audiência para Faustão há alguns meses.
?A novelinha tem em média 30 minutos de duração. Todos os personagens que aparecem nela, exceto o morto, são suspeitos do crime cometido na trama?, conta o diretor do Domingo Legal Roberto Manzoni.
Apesar de reconhecer que o lançamento vai causar atrito com a Globo, Manzoni garante que o programa não é plágio, pois já teve uma primeira edição há cinco anos no Domingo Legal.
?Na época, até o Gugu participava da novelinha, vivendo um personagem. Foi um sucesso?, garante ele.
O diretor fala que os preparativos para a volta do quadro começaram no ano passado e o quadro está sendo gravado há mais de um mês. ?A Globo não tem do que nos acusar?, acredita ele.
O elenco da primeira novelinha do Qual É O Mistério? é uma pérola. Fazem parte dele: Ellen Roche, Sônia Lima, Patrícia Salvador, Carlos Dias, Alexandre Barros, entre outros. ?Mas não terá elenco fixo?, promete Manzoni, que também diz que o quadro não terá obrigação de ser semanal.”