FOLHA ONLINE / AUDIÊNCIA
“Ooops!?, a maior audiência da Folha Online”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 6/03/03
“A coluna ?Ooops!?, de Ricardo Feltrin, é a seção de maior audiência da Folha Online, com um milhão de pageviews e 200 mil leitores por semana. Nas atualizações, às quintas-feiras, chega a concentrar mais de 10% de audiência do site.
?Ooops!? chegou há dois anos. Como várias outras colunas do gênero, destaca os bastidores do universo artístico e dos meios de comunicação. Como poucas, não bajula e mantém a linha crítica do jornal. Claro, com a leveza, o tom e o humor exigidos. ?Criei um público que não suporta ?Caras? e sites de bajulação. Procuro ser mais crítico e irônico?, diz Feltrin. ?Mas se o cara é bom eu elogio?.
Na última edição, o jornalista comenta os cortes no SBT e garante que o pesadelo, anunciado neste Comunique-se, precisará de mais noites. Está lá:
?Nos últimos anos, em todos os cortes de pessoal que aconteceram no SBT, o programa de Gugu Liberato sempre foi ?imexível?, sempre passou incólume. As coisas estão mudando: a produção do ?Domingo Legal? recebeu esta semana uma lista com 11 nomes que deverão ser demitidos do programa. O clima está pesado?.
Pesou, também, quando o colunista noticiou a ameaça de extinção do programa ?Falando Francamente?, de Sonia Abrão. Perspectiva, aliás, considerada por fontes ouvidas por este Comunique-se, dias atrás. O trecho abaixo está lá na edição atual:
Sonia Abrão – Outro lado
Advogados da apresentadora Sonia Abrão, do SBT, enviam à coluna nota rebatendo informações publicadas aqui em fevereiro, de que o programa ?Falando Francamente? poderia ser limado da programação devido aos cortes na casa…
Sonia Abrão – Outro lado 2
Em carta enviada à Folha Online, os representantes de Sonia afirmam que o programa não vai sair do ar, que o contrato da apresentadora vai até 2004 e que o ?Falando Francamente? tem um dos maiores faturamentos do SBT.
Réplica
Antes de mais nada, a coluna deixa claro que não tem absolutamente nada contra o programa ou contra Sonia Abrão (ao contrário do que a apresentadora pensa e já comentou publicamente). Até o dia 13 de fevereiro, quando as notas foram publicadas aqui, o ?Falando Francamente? era, sim, um dos mais ameaçados de sair do ar. O programa tem registrado índices bastante instáveis de audiência.
Advogados? Pode até ter doído para a apresentadora, mas soa estranho… Que fique claro: a exclusão do ?Falando Francamente? foi mesmo cogitada na época do corte. O show continuou? Antes assim. Para Sonia e seu público.
Em frente: a ?Ooops!? vai ganhar uma reforma visual. O leitor terá mais facilidade para ?enxergar? todo o conteúdo da página.
O colunista dedica hoje uma boa parcela de seu tempo a responder os 600 e-mails que recebe por semana. Nenhuma mensagem fica sem resposta. Com a reforma, a Folha Online espera agregar (ainda mais) audiência. Feltrin, pelo jeito, não terá tempo para mais nada…”
ENTREVISTA / MANOEL CARLOS
“A vida como ela é”, copyright Época, 11/03/03
“Mulheres Apaixonadas é a décima novela da carreira do paulistano Manoel Carlos. A média de 40 pontos no Ibope ao longo das três primeiras semanas de exibição confirma seu domínio num gênero que ele ajudou a consagrar. Há um estilo Manoel Carlos. São histórias do cotidiano, quase sempre urbanas e contemporâneas. Por trás da aparente tranqüilidade, brotam rumorosos casos de traição, romances proibidos e temas polêmicos. É deles que o autor, tratado pelos colegas como Maneco, fala na entrevista a seguir.
ÉPOCA – O lesbianismo apareceu no início de Mulheres Apaixonadas. É um dos temas centrais da trama?
Manoel Carlos – Não será uma abordagem explícita sobre o homossexualismo, já que não me propus a isso, nem tal enfoque seria permitido no horário. Estou tratando de uma relação entre duas adolescentes, Clara e Rafaela, que se sentem atraídas e que se descobrem encantadas uma pela outra. Fizemos uma pesquisa que mostra que esses casos são comuns, principalmente nas escolas e nas academias de ginástica. São as ?amizades coloridas? de alguns anos atrás, só que com pessoas do mesmo sexo. Estou conduzindo o tema com delicadeza. Em Por Amor, de 1997, abordei um relacionamento bissexual, em que um homem casado, com dois filhos, mantém um romance com um rapaz. Descoberto, faz opção pelo rapaz. O tratamento dado não causou escândalo. Tanto foi assim que, na reprise da novela, no ano passado, a história foi mantida.
ÉPOCA – Há outros assuntos tabus que ainda precisam ser retratados numa telenovela?
Manoel – Acho que não devem existir assuntos proibidos numa telenovela, desde que os mais polêmicos sejam tratados com critério rigoroso. A ficção tem sido uma boa aliada no esclarecimento de questões importantes para a sociedade. E a telenovela, como o mais abrangente dos gêneros ficcionais, precisa estar atenta a isso. O fato de a telenovela ser cultura de massa não lhe tira valor. Talvez até o contrário. Pelo menos no Brasil, onde o gênero tem grande penetração em todas as camadas. O último capítulo de O Clone, por exemplo, teve uma média de 63% de audiência, o que equivale aproximadamente a 45 milhões de pessoas. Que ficcionista não sonha com isso, em qualquer lugar do mundo?
ÉPOCA – Um de seus filhos, o dramaturgo e ator Ricardo de Almeida, do grupo Aldebarã, morreu de Aids em 1988. Essa tragédia pessoal interferiu no modo como o senhor trata do homossexualismo em suas obras?
Manoel – Sempre mantive uma postura pessoal e profissional absolutamente contra qualquer tipo de preconceito, inclusive o que discrimina a escolha sexual de cada um. Isso muito antes de meu filho morrer, antes mesmo que ele se tornasse adulto. Por ele ter sido um artista e poeta, nunca sofreu nenhuma discriminação, mas luto para que o preconceito – qualquer um – seja totalmente exterminado.
ÉPOCA – A infidelidade é um de seus temas prediletos. Por quê?
Manoel – A relação de amor é um tema eterno e universal, comum a todas as formas de expressão. Conseqüentemente, a fidelidade e a infidelidade caminham juntas ao se debater o assunto. Nenhuma novela escapou de enfocar o tema, seja de maneira dramática, seja cômica. É um assunto para toda a vida, que emociona e interessa – porque não há quem não viva seu quinhão de amor e de insegurança. Não acho que as pessoas estão traindo mais que antigamente. O que acontece hoje é que as pessoas falam mais abertamente e com mais freqüência o que antes escondiam. Levantou-se o tapete de um modo geral. Acho isso louvável, já que a hipocrisia e a mentira são sempre prejudiciais.
ÉPOCA – Muitos dos personagens de suas novelas nascem de situações reais. Alguém já reclamou?
Manoel – Não falo abertamente sobre pessoas reais. Nem cometo inconfidências ou coloco qualquer delas em situações constrangedoras. O que faço é mencionar pessoas, inclusive com seu nome verdadeiro, a título de homenageá-las. São gestos de carinho com amigos, entre eles médicos, garçons, balconistas da padaria e do banco, vendedores de jornais, porteiros de edifício. Quando reproduzo situações reais, cuido de desfigurá-las o suficiente para que não sejam atribuídas a ninguém.
ÉPOCA – Em suas tramas não existe o núcleo pobre. Não é contraditório ignorar a pobreza que faz parte do dia-a-dia de milhões de brasileiros?
Manoel – Não considero necessário mostrar uma pessoa faminta para falar sobre a fome. Nem sofrendo sobre uma cama para falar de doenças e morte. Falo sobre tudo, através da classe média e não através de um assistente social. Em todas as minhas novelas constituí, sim, núcleos com personagens de baixa renda, o que não significa que esses núcleos abrigassem necessariamente os empregados domésticos.
ÉPOCA – O que o senhor costuma ver na televisão?
Manoel – Vejo TV todos os dias, mas por pouco tempo. Gosto da programação de muitos canais a cabo, mas não abro mão da TV aberta. Assisto aos telejornais, a alguns programas de entrevistas e, se estou em casa, passo os olhos em todas as novelas. Gosto de saber o que meus companheiros estão fazendo. Eu me interesso pelo trabalho que também é meu. E gosto de novela. Considero quase impossível realizar um trabalho tão exaustivo sem sentir prazer. Agora, um programa inteiro, sentado numa poltrona, é muito raro, porque se estou trabalhando não tenho esse tempo e se estou de férias viajo.
ÉPOCA – Quais são seus autores preferidos? E as novelas preferidas?
Manoel – Meus preferidos foram sempre Cassiano Gabus Mendes, Walter George Durst, Bráulio Pedroso, Dias Gomes e Ivani Ribeiro. E as novelas, respectivamente, Anjo Mau, Nina, O Rebu, Saramandaia e Mulheres de Areia.
ÉPOCA – O que o senhor não vê na televisão?
Manoel – Não me interesso pelos programas humorísticos. Não por achá-los ruins, mas por eu ser uma pessoa muito difícil de rir por provocação, digamos assim. Então, eu me sinto um pouco ridículo diante da graça proposital. Rio de acontecimentos inesperados, que podem ser encontrados em entrevistas, por exemplo.
ÉPOCA – Muitos escritores e roteiristas de cinema consideram a telenovela uma obra menos importante que um livro ou um filme. Por que esse preconceito?
Manoel – São opiniões. Há que respeitá-las. Por outro lado, considero algumas novelas muito superiores a romances e filmes. Em todos os gêneros existem os bons e os maus exemplos. No que se refere ao preconceito, esse existe sim, claro. Há um atraso nessa relação da chamada intelligentsia com a televisão e o que se produz nela. Mesmo os críticos, com honrosas exceções, agem com essa prevenção.
ÉPOCA – Ela é comum?
Manoel – Normalmente, quem escreve nos jornais sobre novela não gosta de novela. É como se estivesse ali de castigo. O que ele gostaria mesmo era de ser crítico de teatro, de música, de literatura. Mas lhe dão a TV para criticar e ele faz essa tarefa com constrangimento. Alguém pode pensar num diretor de redação dando a crítica de artes plásticas a uma pessoa que não goste e não entenda de artes plásticas? Pois isso acontece com a TV, e especialmente com a novela, que é cultura de massa e como tal deve ser respeitada e vista com atenção e conhecimento de quem se dispõe a criticá-la. Além do entretenimento, a novela tem forte contribuição social, através de campanhas, como vimos em O Clone, de Glória Perez, e como eu mesmo tive oportunidade de fazer em Laços de Família pela doação de medula óssea. Ainda no que se refere ao preconceito, eu me encontro muitas vezes com escritores de grande reputação, que elogiam meu trabalho, se dizem fervorosos telespectadores de novelas, mas jamais um deles fez tal declaração publicamente. Alguns escrevem crônicas em jornais e nunca declararam essa simpatia.
ÉPOCA – Reality shows como o Big Brother substituirão as novelas?
Manoel – Os reality shows são moda no mundo inteiro, mas não estão aí para substituir qualquer coisa. Como os seriados não tomaram o lugar da novela. Trata-se de mais um gênero de entretenimento, com sua pequena parte de reality e sua porção maior de show. Mas o que eu percebo, entre as pessoas que assistem a esses programas, é que elas os vêem mas não gostam deles.”