MONITOR DA IMPRENSA
CNBC E MICROSOFT
Depois do fracasso do portal da NBC ? o NBCi ?, a empresa decidiu mudar de estratégia. De acordo com o novo plano, divulgado na semana passada, a primeira medida a ser tomada será a união com a Microsoft, num acordo que juntará CNBC.com e MSNMoneyCentral na implementação de um novo site, que se chamará CNBCMoneyCentral, disse Kenneth Li [TheStandard.com, 23/4/01].
O NBCi foi extinto no mês passado, com perdas de US$ 85 milhões. De agora em diante, afirmaram executivos da empresa, quando o assunto for a web o serviço será partilhado com empresas de tecnologia. Ou seja, cada um cuidará do que realmente entende: a Microsoft entra com a parte técnica e a NBC, com conteúdo e marketing.
O acordo é quase uma nova versão de outro ratificado em 1996, quando as duas companhias se juntaram para formar o MSNBC, serviço online e a cabo que ficou em primeiro lugar no ranking dos sites de notícias durante todo o ano de 2000. Desta vez, a Microsoft cuidará dos custos de operação e ficará com a maior parte do faturamento, dividido com a NBC.
A intenção é criar um portal capaz de competir com a AOL Time Warner. Acredita-se que o empreendimento irá receber aproximadamente 15 milhões de visitantes por mês, com a ajuda dos 79 milhões que assistem ao canal a cabo da CNBC diariamente e dos 230 milhões de usuários mensais da MSN.
No (contra) fluxo do mercado
Enquanto a bolsa Nasdaq está em baixa de mais de 50% desde setembro do ano passado, a audiência da CNBC aumentou cerca de 30%, no mesmo período. No dia 19 de março, quando o índice Dow Jones atingiu seu nível mais baixo em dois anos, o canal a cabo teve recorde no número de telespectadores.
Quando se trata de noticiário financeiro, o alcance da CNBC parece não ter fim, disse Robert Strauss [Los Angeles Times, 24/4/01]. Pudera. A emissora se consagrou pelo acompanhamento do sobe e desce das ações numa época em que milhares de americanos estão preocupados com o futuro de seus investimentos na bolsa. No entanto, alguns críticos acusam a CNBC de divulgar de forma exagerada a volatilidade deste mercado, influenciando seu comportamento.
"Eles podem aterrorizar o grande público, que não entende metade do que falam", disse Fred Sherman, comentarista financeiro de uma rádio de Filadélfia. Durante o boom das ações, a emissora era extremamente positiva, e até acusada de favorecer empresas. Agora suas análises dizem o oposto. "Se eles não dramatizarem, não têm audiência", afirma Sherman.
A emissora acha graça da possibilidade de ter entusiasmado o mercado na alta dos anos 90 ou contribuído para sua queda atual. "Francamente, parte do que fizemos foi avisar quando o mercado estava em ascensão. Agora que ele está em queda, passamos a mensagem contrária, que você deve necessariamente vender (suas ações)", disse Bruno Cohen, vice-presidente de noticiários da CNBC. "Temos um longo caminho a percorrer, e uma audiência de telespectadores afluentes. Eles perceberiam se estivéssemos alterando as coisas", disse Cohen.
Leia também
NOVO OUVIDOR
Dan Fisher acaba de deixar suas férias de aposentado do MoneyCentral, da MSN, para tornar-se o primeiro ombudsman exclusivo de um site, informou a Editor & Publisher [26/4/01]. Sua coluna, chamada Taking Stock, aparecerá na seção de opinião do MSNBC.com, que terá a qualidade de suas matérias analisada semanalmente.
"Entrarei nessa como repórter", disse Fisher, que trabalhou como editor e repórter do Los Angeles Times por 27 anos. Para ele, a grande diferença entre o ombudsman da mídia tradicional e o online é que o primeiro representa uma comunidade, e "numa empresa de internet essa comunidade é global". E os assuntos abordados, diz, serão os mesmos dos jornais, na maioria, mas não descarta especificidades que podem surgir das notícias online. Para Michael Getler, ombudsman do Washington Post, uma delas seria a maior probabilidade de erro nos noticiários online, já que o tempo para revisão e edição na web é menor. Para Rich Jaroslovsky, presidente da Associação de Notícias Online e editor do site do The Wall Street Journal, um ombudsman é necessário em todo tipo de mídia.
Um dos primeiros questionamentos de Fisher em relação ao MSNBC.com foi a ausência de uma página de correções. Mostrou-se também atento à questão da credibilidade do site, por ser um portal de notícias que veicula informação de diversos parceiros. Além disso, criticou a prática de as matérias aparecerem creditadas à "equipe MSNBC". Os leitores têm o direito de saber mais, disse ele.
Monitor da Imprensa ? próximo texto
Monitor da Imprensa ? texto anterior