MEMÓRIA / ARY CARVALHO
"Morre no Rio Ary Carvalho, proprietário do jornal ?O Dia?", copyright O Estado de S. Paulo, 5/07/03
"O velório do presidente do grupo de comunicação O Dia, o empresário e jornalista Ary Carvalho, de 69 anos, morto às 3h20 de ontem, reuniu mais de 300 pessoas no Parque Gráfico do jornal O Dia. Lembrado por todos como profissional inovador, ele estava internado desde 21 de maio, após acidente vascular cerebral. O corpo foi cremado no Memorial do Carmo.
Ex-jornalista de O Dia, o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ?Carvalho continuou sendo repórter até os últimos dias.?
Carvalho começou a carreira no Última Hora, de Samuel Wainer, onde chegou a diretor de redação em São Paulo. Lançou o Zero Hora em 1964 e, em 1970, foi para o Rio. Depois de comprar o título do Última Hora carioca, adquiriu, em 1983, o jornal O Dia. Fez uma transformação gráfica e editorial.
Vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho disse que Carvalho era sempre alegre e cheio de vida. Segundo o vice-governador Luiz Paulo Conde, Carvalho, nascido em Birigüi, tinha o espírito do Rio. ?Ele tinha o lado da realização e o da boemia.?
A Associação Nacional de Jornais (ANJ), em nota assinada pelo seu presidente, Francisco Mesquita Neto, lamentou a morte de Carvalho. A imprensa perdeu ?um dos pilares humanos da defesa de um jornalismo voltado pra os interesses sociais e comunitários?.
O secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, cuja chegada de helicóptero derrubou uma dezena de coroas de flores, definiu Carvalho como vencedor.
Uma das três filhas do jornalista, Eliane, de 40 anos, lembrou que música e jornalismo eram suas grandes paixões. A viúva, Marlene, sentiu-se mal e foi levada por uma ambulância."
"Ary Carvalho, de ?O Dia?, morre aos 69", copyright Folha de S. Paulo, 5/07/03
"O jornalista Ary Carvalho, presidente do Grupo de Comunicação O Dia, que edita o diário carioca ?O Dia?, morreu ontem, às 3h20, no hospital Samaritano, no Rio, de falência múltipla dos órgãos. Carvalho tinha 69 anos e estava internado desde 21 de maio, quando sofreu derrame cerebral.
O corpo de Ary Carvalho foi velado durante parte da manhã e toda a tarde de ontem na sede do parque gráfico de ?O Dia?, no bairro de Benfica (zona norte). Após a missa, o corpo do jornalista foi conduzido ao Memorial do Carmo no cemitério do Caju (zona norte), onde foi cremado.
O velório, acompanhado por cerca de 300 pessoas, teve a presença de personalidades da política, de artistas e de empresários do setor de comunicação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi representado pelo ministro das Comunicações, Miro Teixeira, que já foi repórter de ?O Dia?.
?O Ary era um repórter que virou dono de jornal. Mas a cabeça dele ainda era de repórter. Ele gostava de sentar e discutir a notícia, discutir um furo que o seu jornal deu ou levou, discutir uma suíte bem feita. É uma grande perda para o Brasil?, disse o ministro.
O ex-governador e atual secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, representou a governadora Rosinha Matheus (PSB) no velório. Único a chegar ao local de helicóptero, Garotinho provocou certo constrangimento quando o vento produzido pelas hélices do aparelho derrubou as coroas de flores que estavam alinhadas na entrada do salão onde o velório foi realizado.
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), foi um dos primeiros a chegar. Também compareceram o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB), o senador Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ), os deputados federais Francisco Dornelles (PP-RJ) e Alexandre Cardoso (PSB-RJ), o vice-presidente da Infoglobo Comunicações Ltda., João Roberto Marinho, e o presidente do Conselho Editorial do ?Jornal do Brasil?, José Antônio do Nascimento Brito.
?Ary era um grande empresário e um companheiro importante. Mas a principal imagem que fica na memória é a da pessoa alegre e cheia de vida?, disse Marinho.
Ary Carvalho deixou viúva, Marlene, as filhas Eliane, Lígia e Ariane, e quatro netos. Emocionada, Eliane lembrou o legado do pai: ?Ele nos deixou algo muito bonito e, quando passar essa dor, a gente tem que tocar essa obra dele, ele merece. Menino pobre de Birigui [SP], meu pai é um típico exemplo do homem brasileiro que venceu na vida?, disse.
Trajetória
Nascido em 25 de abril de 1934, Ary Carvalho mudou-se para a capital paulista aos 14 anos. Em 1955, já trabalhando no jornal do bairro onde morava, teve sua primeira reportagem assinada em um veículo de comunicação de maior porte: um texto sobre os ritos cerimoniais de casamento da maçonaria, publicado na ?Última Hora?, de Samuel Wainer.
Contratado pelo jornal, sediado no Rio, em pouco tempo já era chefe de reportagem. Promovido a secretário de Redação e depois a diretor, Carvalho aceitou, em 1961, a proposta de Wainer de dirigir a seção do jornal no Paraná.
Depois de aumentar a venda do jornal no Paraná de 6.000 para 23 mil exemplares, Carvalho dirigiu o ?Última Hora? no Rio Grande do Sul, onde o jornal chegou a ter sua circulação impedida pelos militares em 1964. Em maio daquele ano, ele propôs a Wainer, que estava exilado na Embaixada do México, a compra da seção gaúcha do ?Última Hora?. Foi assim que nasceu o ?Zero Hora?.
Após vender o ?Zero Hora? para o atual dono, a Rede Brasil Sul de Comunicações, Carvalho voltou para o Rio e, em outubro de 1983, comprou o jornal ?O Dia?, que pertencia ao ex-governador do Rio Chagas Freitas. Sob sua direção, ?O Dia? passou por uma reestruturação editorial e gráfica, ganhando qualidade sem perder seu perfil de jornal popular. Nesse período, teve aumento de circulação e vendagem e obteve vários prêmios nas áreas jornalística, administrativa e de marketing.
REPERCUSSÃO
Miro Teixeira, ministro das Comunicações: ?Escrevi um sem-número de artigos para ?O Dia?, já sob sua direção. Ele sempre respeitou o livre pensar e nunca induziu ou orientou um repórter ou colunista seu a escrever isso ou aquilo. O Ary era um repórter que virou dono de jornal. Mas a cabeça dele ainda era de repórter. É uma grande perda para o Brasil?.
Cesar Maia, prefeito do Rio: ?Ary Carvalho foi o jornalista brasileiro que conseguiu dar qualidade à imprensa popular. Foi aquele que mostrou que era possível um jornal interessar a todas as classes sociais. Ele equilibrou o mercado de mídia no Rio e conseguiu fazer o que outros jornalistas tentaram mas não conseguiram?.
Francisco Mesquita Neto, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais): ?Ary Carvalho dedicou sua vida ao jornalismo, passando por todas as etapas da informação, da reportagem à administração de empresa, e a sua atuação, em qualquer dos patamares em que estivesse, sempre foi marcada pela postura ética. Perde a imprensa brasileira um dos pilares humanos da defesa de um jornalismo voltado para os interesses sociais e comunitários, que estabeleceu uma grande parceria com o leitor e conquistou o respeito e a admiração de todos?.
João Roberto Marinho, vice-presidente da Infoglobo Comunicações: ?Ary Carvalho era um grande empresário e um companheiro importante. Mas a principal imagem que fica na memória é a da pessoa alegre e cheia de vida. Foi uma saída de cena prematura. Ele já faz parte da história do jornalismo brasileiro?.
José Antônio do Nascimento Brito, presidente do Conselho Editorial do ?Jornal do Brasil?: ?Infelizmente esta geração está toda indo embora. Sempre vou me recordar de Ary Carvalho como uma pessoa com talento espetacular para ler um jornal e fazer nele as mudanças necessárias?."
"ANJ lamenta morte de Ary Carvalho em nota", copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 4/07/03
"A Associação Nacional de Jornais enviou nota à imprensa lamentando a morte de Ary Carvalho, presidente do Grupo de Comunicação O Dia.
Leia a nota na íntegra:
?A Associação Nacional de Jornais lamenta profundamente o falecimento, ocorrido hoje, no Rio de Janeiro, do empresário e jornalista Ary de Carvalho, presidente do Grupo de Comunicação O DIA, uma das empresas fundadoras da ANJ.
À família enlutada, à direção e aos funcionários de O DIA, nossa palavra de conforto e a certeza de que Ary de Carvalho deixa o seu exemplo profissional como estímulo para a prática do jornalismo de qualidade e, sobretudo, o de um cidadão honrado e digno.
Ary de Carvalho dedicou sua vida ao jornalismo, passando por todas as etapas da informação, da reportagem à administração de empresa, e a sua atuação, em qualquer dos patamares em que estivesse, sempre foi marcada pela postura ética.
Perde a imprensa brasileira um dos pilares humanos da defesa de um jornalismo voltado para os interesses sociais e comunitários, que estabeleceu uma grande parceria com o leitor e conquistou o respeito e a admiração de todos.?
Brasília, 4 de julho de 2003.
Francisco Mesquita Neto
Presidente da ANJ"
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"Morre Ary Carvalho, dono do Grupo O Dia", copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 7/07/03
"Ary Carvalho, presidente do Grupo O Dia, morreu na madrugada desta sexta-feira (04/07), vítima de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, desde o dia 21/05, quando sofreu um acidente vascular cerebral. O corpo do empresário e jornalista será velado das 10h às 15h30, no Parque Gráfico do diário O Dia, localizado na Avenida Dom Hélder Câmara, 164, em Benfica, Zona Norte do Rio. O corpo dele será cremado às 17h, no Memorial do Carmo, no Caju. Antônio Ary Carvalho tinha 69 anos.
Carvalho começou a trabalhar no jornalismo em 1955, na Folha de Pinheiros, jornal de bairro de São Paulo, onde morava. Paulista, nascido em Birigüi, teve sua primeira grande matéria publicada no segundo caderno do Última Hora, sobre um casamento celebrado pelo rito maçom, graças ao encontro com um fotógrafo do jornal no bar Ponto Chic, reduto da boemia paulista. O repórter-fotográfico registrou o casamento, mas precisava de um texto. Depois disso, ele foi contratado, passando da editoria Geral para a Economia e depois assumindo o cargo de chefe de reportagem.
O empresário também passou pelos cargos de secretário de redação e de diretor de redação – foi o mais jovem diretor de Última Hora. Um convite para dirigir o Última Hora do Paraná, em 1961, o fez mudar de Estado. Seu trabalho à frente do jornal deu tão certo que Samuel Wainer, proprietário do diário, o convidou a dirigir o Última Hora do Rio Grande do Sul.
Devido à ditadura militar de 1964, Última Hora foi impedido de circular. Carvalho ficou foragido por algumas semanas.
Quando voltou ao Rio, ele procurou Samuel Wainer, exilado na Embaixada do México. Ele propôs ao chefe a compra de Última Hora. Wainer concordou com a venda das máquinas de escrever, de oito máquinas fotográficas, quatro lambretas, um arquivo fotográfico e dois carros, mas queria continuar com o título.
No dia 4 de maio de 1964, o jornalista lançava, em Porto Alegre, o Zero Hora. Seis anos depois, ele vendeu o diário para os atuais proprietários da RBS. Voltou ao Rio para dirigir O Jornal, mas um novo convite para dirigir o Última Hora, no Rio, falou mais alto. Ele não havia desistido de comprar o título e aproveitou o dinheiro recebido com a venda do Zero Hora para fazê-lo. Na zona do Cais do Porto, ele instalou o jornal e contratou mais profissionais.
O Dia foi comprado em 14 de outubro de 1983. Para aumentar as vendas do diário, ele deu início a uma mudaça editorial e gráfica.
Ary Carvalho era casado com Marlene e deixa três filhas, Eliane, Lígia e Ariane.
Fonte: O Dia."