Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Keila Jimenez

REDE TV!

“Rede TV! quer virar canal do esporte”, copyright O Estado de S. Paulo, 8/09/03

“Uma programação recheada de corridas de automobilismo, partidas do campeonato europeu de futebol, boxe e até jogos da NBA (liga profissional de basquete dos Estados Unidos). Esse, que mais parece a grade de atrações da Band em seus áureos tempos de Canal do Esporte, é o projeto de programação da Rede TV! para 2004.

Segundo o diretor de Jornalismo da emissora, José Emílio Ambrósio, a rede já iniciou o processo de reestruturação de seus jornalísticos e está negociando a compra de uma série de eventos esportivos para o próximo ano.

?Estamos fechando parcerias fortes para a compra da Copa da UEFA (torneio entre times europeus) e partidas da liga NBA?, conta Ambrósio. ?Damos prioridade para esportes que tenham brasileiros participando, pois o público precisa ter uma identificação para se interessar. Por isso os jogos de times da Europa (que têm muitos jogadores brasileiros) seriam um bom negócio?.

O diretor conta que o interesse da emissora pelo esporte cresceu depois do sucesso comercial da aposta no automobilismo este ano, com a transmissão da Fórmula Mundial. A partir deste mês, a Rede TV! investe fichas também no boxe. Transmitirá as principais lutas internacionais do esporte realizadas em Las Vegas.

?Além de uma boa audiência, esporte atrai anunciantes fortes que não costumam investir em qualquer negócio?, diz ele. ?Como não temos dinheiro para comprar os campeonatos nacionais de futebol, resolvemos abrir os olhos para outros eventos esportivos.?

Moça do tempo – O jornalismo da rede também ganha novidades. As mudanças na área começam hoje, às 11h45, com a estréia do TV Esporte e Notícia, apresentado por Fernando Vanucci e a estreante Renata Maranhão, que já foi moça do tempo na emissora.

O noticiário entra no lugar do RTV e do TV Esporte. ? Achamos que um formato que unisse os dois noticiários ficaria mais leve para o horário?, explica Ambrósio.

O diretor também já planeja reformulações em outros noticiários, entre eles o de Marcelo Rezende, o Repórter Cidadão. ?Penso em colocar um pouco de dramaturgia no formato do Rezende, mas isso só no ano que vem?, adianta.”

 

CRISE NA TV

“Crise pode melhorar a TV”, copyright O Estado de S. Paulo, 7/09/03

“A crise econômica está brava mesmo. O indício claro dessa evidência é a chegada dela para valer à hollywood brasileira, a TV. Os chefes da Rede Globo admitem que não falta nada para chegar ao fundo do poço. A TV Cultura estaria acabada, não fosse o recurso das reprises. A situação das outras emissoras não foge muito desse script tenebroso.

Marília Gabriela, com uma ótima folha de serviços prestados, só conseguiu voltar ao SBT pagando. Para fazer De Frente com Gabi, investiu as economias amealhadas à custa de muito trabalho e tornou-se produtora independente.

A pobreza na emissora de Silvio Santos atingiu até uma de suas maiores estrelas. Ratinho teve de enxugar o número de exames de DNA – componente de sustentação de seu show de horrores – por falta de verba. Para contornar a penúria, o SBT está avisando o mercado que dispõe de uma promoção na linha do pague dois e leve três anúncios.

A Record é outra que usa a própria TV para buscar anunciantes para seus programas. Exibe um comercial em que tenta convencer o telespectador/anunciante potencial que ?anunciar em TV não é tão caro como se pensa? e dá um telefone para os interessados.

Os reflexos da crise na programação de cada dia aparecem em forma de reprises, cancelamento de novos projetos, proliferação de formatos baratos (na linha de câmera, apresentador, uma bancada, um convidado e muita conversa fiada) e um breque nas megalomanias.

Na Globo, foi-se o tempo em que um elenco inteiro carimbava o passaporte para fazer apenas algumas cenas que geralmente eram encaixadas nos primeiros capítulos de uma novela. A próxima novela das 8, Celebridades, terá algumas cenas gravadas em Paris, como não poderia deixar de ser numa trama do glamoroso Gilberto Braga. No entanto, somente três atores foram escalados para essas locações e, quase com toda segurança, não viajarão mais por conta da Globo até o fim da novela.

Diante dessa conjuntura, novos paradigmas estão sendo criados. Não basta o programa só dar audiência. O ibope tem de vir acompanhado do respectivo patrocinador para ter algum valor, dentro da emissora/empresa.

Como a dureza não é privilégio da TV, é natural que, com o dinheiro curto, o anunciante tenha de selecionar melhor em que anunciar. Como manda a bíblia do marketing, sem recurso para anunciar em todas as frentes o anunciante é obrigado a ?focar? no programa que fala com o público consumidor que mais lhe interessa. Não só, associar sua imagem a programas que melhorem sua marca.

Dessa maneira, é possível enxergar o lado positivo da crise. Com as restrições do momento econômico, é bem possível que o anunciante se torne mais crítico na escolha das atrações em que investe. E, assim, dê um sentido concreto ao slogan escolhido pelo movimento pela Ética na TV, da Câmara dos Deputados: Quem financia baixaria é contra a cidadania. E, dessa maneira, é bem provável que o telespectador brasileiro saia no lucro.”

 

PEDRO, O ESCAMOSO

“?Pedro, o Escamoso? passou por aqui”, copyright O Estado de S. Paulo, 7/09/03

“Eles têm um estranho cabelo comprido que mataria de vergonha as duplas sertanejas nos áureos tempos de vasta cabeleira. Costumam usar pouca roupa e quando se vestem, parecem Sidney Magal há 30 anos. Gostam de salsa, mulheres e vivem se metendo em encrenca. Pedro, o Escamoso da novela colombiana homônima e Esteban, de Kubanacan, foram separados pelo nascimento. Tantas semelhanças entre os personagem parecem divertir o protagonista de Escamoso, Miguel Varoni, que esteve no Brasil na semana passada a convite da Rede TV!, canal que exibe sua trama.

Bem-humorado, o ator argentino de 38 anos ficou apenas quatro dias no Brasil. Acompanhado da mulher, a atriz Caterine Siachock, aprendeu a sambar – ele acredita que sim -, comeu muito e prometeu voltar para conhecer o Rio de Janeiro e, quem sabe, seu sósia, Marcos Pasquim. ?Me falaram que eu parecia com esse tal de Pasquim logo que cheguei no Brasil?, conta Varoni, enquanto come duas esfihas de uma só vez durante um coquetel da Rede TV! ?Fiquei aliviado quando vi a foto dele. É boa pinta, um galã, ainda bem?, brinca o ator. ?Ele faz sucesso com as mulheres, não faz??

Miguel Varoni conta que, antes de viver o desajeitado Escamoso (gíria hispânica que significa sujeito escorregadio, mentiroso, embrulhão), era conhecido somente na Colômbia, onde já dirigiu cinco novelas e trabalhou em outras 14 como ator. ?Fiquei vários meses tentando convencer os produtores da trama de que daria um bom Escamoso?, conta. ?Eles não queriam, temiam que meu rótulo de galã atrapalhasse a composição de um malandro desajeitado. Eu era até então uma espécie de Fagundes (Antônio) colombiano?, continua – ou por falta de modéstia, ou por não entender a real dimensão de Fagundes aqui. ?Mas acabei convencendo que com uma mudança no visual tudo poderia dar certo.?

Para virar o Escamoso, Varoni não sofreu tantas mudanças quanto sua colega colombiana Ana Maria Orozco, que com muito esforço virou Betty, a Feia. Como Ana Maria, Varoni teve de colocar um aplique nos cabelos. Um banho de loja – nas de mau gosto, de preferência – foi suficiente para compor o visual cafona. As comparações entre Escamoso e A Feia, diz o ator, param por aqui. Apesar de Pedro ter sido criado pela colombiana TV Caracol para concorrer com o sucesso Betty, da rede local RCN, ele garante que são personagens e tramas bem diferentes.

?A história de Pedro não é conto de fadas como a da Betty. Ela é uma moça inteligente, capaz, que acaba excluída porque é feia. Escamoso é um malandro que se acha lindo e não é. Também não é nem um pouco inteligente, pelo contrário, é um embrulhão. O encanto dele está justamente nesse lado canastrão.?

Poses – Enquanto devorava mais um salgadinho, Miguel falou do sucesso mundial da trama. Contou que tirou algumas poucas fotos com fãs brasileiros e chegou a passear tranqüilamente pelas ruas, o que não consegue fazer na Colômbia nem em alguns países por causa da fama de Pedro. Na maioria dos lugares por onde passa – em dois anos visitou 18 países -, comanda um concurso para eleger um ?clone? de Pedro, o Escamoso – Pasquim ganharia facilmente – e ensina uma tal dança do Pirulino, uma espécie de ?segura o tchan? colombiano.

?Países onde há colônias de hispânicos costumam me receber de maneira diferente, mais emotiva. As pessoas querem chegar perto, querem tocar, abraçar, posar para a foto. Sentem saudade de sua terra natal e quando vêem um ator latino o tratam como se fosse da família.?

Varoni, que atualmente grava na Colômbia dois seriados que são uma espécie de continuação das peripécias de Pedro, aproveitou para elogiar as novelas brasileiras. Disse que já assistiu ao Rei do Gado, O Clone, Terra Nostra, Por Amor e Escrava Isaura, e que adora a obra de Manoel Carlos, com quem já trabalhou em 1987, quando o autor de Mulheres Apaixonadas produzia textos para o mercado latino fora do País. ?Ele escreveu uma novela chamada El Circulo e eu fui o protagonista?, conta Varoni. ?As novelas brasileiras unem bons autores com bons atores e uma qualidade de produção fantástica. Por isso fazem tanto sucesso.?

Além das novelas, Varoni disse ser fã do futebol brasileiro. ?Gosto do Corinthians?, garante, mostrando seu lado ?escamoso?. Varoni é argentino e torcedor fanático do Boca Junior. Dá para acreditar que ele prefere Pelé a Maradona?”

“Galã ?escamoso? de Manoel Carlos vira estrela nos EUA”, copyright Folha de S. Paulo, 7/09/03

“Para quem ainda não conhece a figura da foto abaixo, aí vai: trata-se do ator Miguel Varoni, 38, um dos homens mais famosos da Colômbia e o novo queridinho dos hispânicos dos Estados Unidos.

Ele curte agora uma verdadeira vida de ?popstar?, conquistada graças à interpretação do protagonista de ?Pedro, o Escamoso?. Produzida em Bogotá, a novela virou um fenômeno de audiência na Colômbia, foi prolongada a pedido do governo e se deu bem em outros 18 países, incluindo Portugal e EUA -no Brasil, é exibida pela Rede TV!.

E no currículo de Varoni já tem até novela de Manoel Carlos, autor de ?Mulheres Apaixonadas?, da Globo. Ele interpretou o galã protagonista de ?Círculo?, uma das três tramas escritas para a Colômbia pelo autor brasileiro, antes de ele virar uma grife da TV.

Exibida em 1987, a história colombiana de Maneco já trazia os traços característicos das que ele faria para o horário nobre no Brasil: ?Eram várias famílias, muitos núcleos, todos relacionados, como num círculo?, explica Varoni.

À época, Manoel Carlos usou e abusou de uma lista telefônica de Bogotá, em que se inspirou para batizar os personagens. O catálogo também trazia um mapa com as ruas da cidade, servindo de base para o autor criar uma espécie de ?Leblon colombiano? -uma das marcas de seu estilo é todo mundo morar perto, muitos no mesmo prédio, e se encontrar no elevador, na rua, no restaurante.

Como nas novelas brasileiras, na trama da Colômbia o elenco também fazia comentários sobre fatos da realidade. Para isso, Maneco lia jornais do país, enviados por correio pelos produtores.

Miguel Varoni fez o papel de um garoto de família rica e tradicional. Espécie de Cláudio (Erik Marmo) de ?Mulheres Apaixonadas?, o personagem colombiano tinha um espírito aventureiro, vivia pilotando uma moto e tentando conquistar a mulher amada.

O que é escamoso?

No Brasil, ?Pedro, o Escamoso? está no segundo mês e ainda não é o sucesso dos outros países para os quais foi vendida. Com média de dois pontos no Ibope (97 mil domicílios na Grande SP), não atingiu o patamar da antecessora, a também colombiana ?Betty, a Feia?. Chegará lá, na avaliação do canal, já que ficará no ar por mais de um ano (?Betty? estourou no quarto mês e deu até 7 de média).

Para tentar alavancar a audiência, o ?escamoso? esteve em São Paulo, na semana passada. Simpático, enfrentou uma maratona de entrevistas e micos em programas da Rede TV!: fez desde ginástica no ?Bom Dia, Mulher? até aula de samba no ?Superpop?. Em todos, dançou o ?pirulino?, famosa ?coreografia? em que Pedro rebola, segurando uma orelha com a mão e virando a cabeça de um lado para o outro, freneticamente.

Também aproveitou para explicar o que significa a gíria ?escamoso?: um convencido, encrenqueiro, sem noção, metido a conquistador. Algo como um Eri Johnson nas novelas de Glória Perez que sonha em ser José Mayer nas de Manoel Carlos… “