ZIMBÁBUE
O governo do Zimbábue voltou atrás, no sábado, dia 2, sobre a pesada lei de controle da mídia, aprovada pelo parlamento após vários adiamentos. É uma indicação de que a legislação não será imposta imediatamente, ou poderá mesmo ser arquivada, informou a AP, com base em matéria do Herald, jornal mensal governo, que cita a Procuradoria Geral como fonte da notícia: "Pode levar algum tempo antes que a lei entre em vigor, se é que entrerá." O presidente Robert Mugabe ainda precisa sancionar a lei.
A explicação para o recuo pode estar na pressão internacional. Segundo a BBC (29/1/02), a Inglaterra, país do qual o Zimbábue é ex-colônia, e os EUA prometiam sanções econômicas no caso de aprovação da lei. Que podem ser mais fortes ainda se Mugabe não vier a autorizar a presença de observadores da União Européia na eleição. A violência política já cresceu muito nas últimas semanas. O país africano pode até ser suspenso da Commonwealth, a comunidade que reúne o Reino Unido e algumas de suas antigas colônias. Mugabe acusa a Inglaterra de difamar seu país, ignorando sua tradição democrática.
De qualquer modo, a lei fora aprovada pelo parlamento no dia 31, após muitos adiamentos. Segundo a oposição, o pacote serviria para evitar que o presidente enfrente críticas antes das eleições presidenciais de março. Segundo a Reuters (31/1/02), houve confronto sobre a questão até no partido de Mugabe, o Zanu-PF.
A oposição, formada principalmente pelo partido Movimento pela Mudança Democrática (MDC), lamentava a derrota, mas festejava alguns vetos que conseguira impor. Pelo projeto original, a nova lei daria ao governo firme controle dos jornalistas locais, e correspondentes estrangeiros só poderiam entrar no país para eventos específicos. Jornalistas e órgãos de imprensa teriam de se submeter a uma comissão do governo todo ano, para renovar licença. O texto aprovado diz que veículos e profissionais já atuantes são considerados licenciados.