JORNALISMO & GUERRA
"Guerras modernas matam mais jornalistas do que militares", copyright Último Segundo (www.ultimosegundo.com.br), 29/04/02
"Pense uma profissão glamurosa, cheia de aventuras, viagens e contato com gente famosa que, além dessas delícias, ainda dá ao profissional a chance de ser uma ?testemunha ocular da história?. Uma profissãatilde;o em que se pode viver intensamente todos os sonhos e, principalmente, ser pago para contar aventuras aos outros.
Se pensou jornalismo, você não é o único: anualmente milhares de pessoas em todo o mundo optam por cursar faculdade ou pós-graduação em Jornalismo, pensando em seguir a carreira. No Brasil, anualmente, 260 faculdades oferecem quase 90 mil vagas para jornalistas. Só no ano passado, 11 mil pessoas se formaram jornalistas, segundo dados do ministério da Educação. E esse fenômeno é mundial: a profissão está ?na moda?.
No entanto, essas milhares de pessoas que querem embarcar no jornalismo pelo glamour podem estar cavando a própria sepultura, ou pelo menos, dando vigorosos passos rumo ao patíbulo de uma carreira arriscada, que hoje mata diversos profissionais em serviço a cada ano. O jornalismo está se tornando uma profissão de alto risco e isso ainda não parece ter sido percebido por todos aqueles que procuram a carreira.
A foto do repórter Daniel Pearl, com o cano de uma arma em sua fronte, dias antes de morrer, e o corpo de Raffaele Ciriello, morto em uma rua palestina sob ataque israelense, chocaram o mundo chamando a atenção para a fragilidade dos correspondentes de guerra. E a sombra voltou a descer sobre os profissionais de comunicação quando soldados israelenses prenderam na cidade de Hebron dois jornalistas da agência Reuters, entre eles um palestino, o repórter Jussry al-Jamal. Os israelenses alegam que os dois atuavam em uma área proibida. A agência sugere que a prisão ocorreu por causa da nacionalidade do repórter.
No ano 2001 foram 37 jornalistas mortos em ação (segundo levantamento, que pode ser parcial, feito pelo Comitê para Proteção de Jornalistas, ONG com sede em Nova York). Nos primeiros quatro meses deste ano, já foram cinco jornalistas mortos indiscutivelmente em ação, outros dez em condições ainda não inteiramente explicadas.
A atual guerra no Afeganistão matou dez jornalistas nos cinco primeiros meses de ação (entre outubro de 2001 e março passado). A Guerra do Vietnã, que durou cerca de 25 anos entre os anos 1950 e 1975, deixou 135 jornalistas mortos, uma média de pouco mais de cinco mortos por ano.
Mais jornalistas do que militares
As guerras recentes estão matando muitos profissionais, certamente mais do que os conflitos anteriores e, em alguma medida, um número que corresponde ou supera o número de soldados mortos (se considerarmos apenas soldados e jornalistas ?do primeiro mundo? nos conflitos envolvendo forças do Primeiro Mundo).
Nos primeiros 75 dias, a ?guerra ao terror? no Afeganistão vitimou mais jornalistas do que militares, segundo escreveu o ensaísta John Owen em texto da edição do último trimestre de 2001 da publicação ?Nieman Reports? (ligada à fundação Nieman, que oferece programas de estudos em jornalismo na universidade de Harvard, templo maior do conhecimento nos Estados Unidos).
?Nos conflitos atuais é mais seguro ser um membro das forças militares em luta do que ser um representante dos meios de comunicação. O que está acontecendo??, perguntou à época o escritor e jornalista Phillip Knightley, autor do clássico estudo sobre jornalismo de guerra chamado ?A Primeira Vítima?. Quando foi escrito (1975), o título se referia à ?verdade?, que é a ?primeira vítima quando começa a guerra?, mas hoje talvez pudesse se referir aos próprios repórteres.
Regras para zonas de risco
Além de uma certa estupefação diante do que parece ser uma espécie de desequilíbrio de forças (os jornalistas entram desarmados e desavisados em um cenário de batalha no qual militares entram armados e preparados), a conseqüência imediata dessas mortes é o surgimento de uma sofisticada preparação para aqueles que vão cobrir os frontes, especialmente quando representantes dos grandes conglomerados de mídia do Primeiro Mundo.
As maiores organizações noticiosas dos Estados Unidos e da Europa, liderados por CNN e BBC firmaram um protocolo que estabeleceu regras sobre como as empresas devem se comportar diante de coberturas em zonas de risco. O acordo foi assinado por CNN, BBC, Reuters, Associated Press, ITN (tevê noticiosa britânica) e as três grandes redes de televisão dos Estados Unidos (ABC, CBS e NBC).
Ele prevê que todas as empresas signatárias (Owen ressalta que até aquele momento os jornais não haviam aderido ao acordo) se comprometem a assegurar a seus jornalistas, contratados ou free-lancers, incumbidos de coberturas de guerras cursos e treinamento para trabalhar em zonas de risco, seguro e equipamento como coletes à prova de bala e outros artefatos, além de apoio psicológico para o caso de traumas durante a cobertura.
Dessa forma, diz o acordo, nenhum jornalista será enviado a zonas de conflito sem o devido treinamento e os equipamentos necessários para minimizar os riscos da cobertura de guerra.
Owen cita como caso exemplar de erros sucessivos a jornalista britânica Yvonne Ridley, presa pelo Taleban, no Afeganistão, alguns dias antes do início dos bombardeios norte-americanos, quando viajava pelo país escondida embaixo de uma burca. Ao cair de um jumento, ela blasfemou em inglês e foi identifica. Ela é repórter do jornal ?Sunday Express?, um tablóide que a enviou para lá sem equipamento e recomendou que ela deixasse todos os seus documentos no Paquistão, antes de atravessar ilegalmente a fronteira do Afeganistão, o que se revelou um erro grosseiro.
Yvonne foi presa e não tinha como se identificar, como ligar para pedir ajuda nem nada. Além disso, depois que sua soltura foi negociada pela diplomacia inglesa, poucos dias antes do início dos ataques, outros jornalistas perceberam que os guias que a ajudavam em sua viagem pelo interior do país não tiveram a mesma sorte e, a esta altura, podem estar mortos.
?Morte da verdade?
Em outro estudo sobre as razões para tantas mortes de jornalistas em ação (chamado ?Perto o bastante para contar as vítimas?, publicado no site do centro de estudos Poynter Institute), a jornalista Betty Medsger afirma que os riscos para os jornalistas são maiores em função de uma política governamental que procura tolher o jornalismo independente ao mesmo tempo em que procura também minimizar as vítimas militares.
Nesse sentido, a tese clássica de Knightley, em seu ?A Primeira Vítima? poderia explicar não só a ?morte da verdade? mas também a morte dos jornalistas.
Afinal, o livro procurava mostrar que a liberdade de informação nunca foi respeitada em casos de conflitos e que a história do jornalismo de guerra é a história da disputa entre jornalistas para aumentar sua independência e governos procurando usar o jornalismo como máquina de propaganda.
Governos travam guerra
Para Knightley, o único conflito vencido pelo jornalismo foi a Guerra do Vietnã, o primeiro fracasso militar da história dos Estados Unidos, o que os militares sempre atribuíram à cobertura feita pela imprensa norte-americana, que tornou a opinião pública interna contrária ao conflito.
Desde então, os governos travam uma verdadeira guerra para manter o controle total sobre a cobertura da imprensa. Na Guerra das Malvinas, a Inglaterra só credenciou um número pequeno de jornalistas que era obrigado a submeter seus textos à censura todos os dias, só podia escrever informações divulgadas pelo comando militar e repassava seus textos para todos os órgãos de imprensa em sistema de pool. O ?sucesso? britânico inspirou os militares americanos, que adotaram idênticos procedimentos na Guerra do Golfo (1991).
No Afeganistão, segundo Betty Metsger, militares americanos chegaram a ameaçar com baionetas um grupo de jornalistas que se aproximou de um local onde, suspostamente, vítimas civis tinham sido mortas por engano (enquanto os militares diziam que no local havia uma base da Al-Qaeda). Para controlar a informação, os militares preferem até mesmo submeter os jornalistas independentes ao tratamento dado aos inimigos."
MEMÓRIA / OTTO LARA RESENDE
"Otto Lara Resende, o homem que era uma carta", copyright iG (www.ig.com.br), 02/05/2002
"Jamais houve um programa como aquele. Chamava-se ?O Pequeno Mundo de Otto Lara Resende?. Foi em meados dos anos 60, no Rio de Janeiro, antes de a TV Globo tornar-se a Rede Globo. Nada de script. Toda noite, às sete em ponto, ele entrava com o pé direito no estúdio. Alguém, na sala de controle, acendia a luz vermelha. Como o cachorro de Pavlov, Otto disparava a falar. Só um minuto, dois no máximo. Contava uma historinha, inventava frases, discutia uma notícia, queixava-se do calor, dizia qualquer coisa. Dado o recado, ia embora feliz.
Tudo bem até que, um dia, o grande Guimarães Rosa lhe pediu para ser citado a qualquer pretexto: ?Minha neta não acredita que sou famoso. Só vai acreditar se você disser meu nome no programa?. Quarenta e oito horas depois, o apresentador do ?Pequeno Mundo? recebeu o aviso: ?É hoje. A neta do Guima está de olho na TV?. O diabo é que, nessa noite, pela primeira vez, lhe deu um branco. Acesa a luz, Otto não abriu a boca. Dez segundos, 15 segundos e nada. Aquele silêncio da eternidade, cortado pelo comercial do patrocinador.
Otto saiu da Globo arrasado. Sentia-se o último dos mortais. Para expiação dos pecados, tinha um jantar, nessa noite, em casa de Miguel Lins, o famoso advogado. Ao parar o carro, no Leblon, quem estaciona a seu lado? O ministro Nascimento e Silva que abriu os braços num sorriso: ?Otto, meus parabéns. Você hoje, na televisão, foi genial. Só Charles Chaplin faria uma crítica tão inteligente a essa lei da censura que aprovamos hoje no governo.?
Dez anos depois de sua morte, às vezes penso que ele não existiu, que é um personagem de Nelson Rodrigues, alguém com que sonhei numa noite de verão. Otto acordava cedo, antes do galo, quando havia galos no quintal. Lia os jornais, todos os jornais, antes do café. Telefonava, em seguida, a alguns amigos, já indignado com os fatos ou com os jornais. Depois de escrever o artigo para a Folha, continuava na velha máquina Olivetti a bater cartas e mais cartas como um desesperado ? para os amigos com que não tinha conseguido falar no telefone e para os amigos com tinha acabado de falar. Escrever, escrever, escrever. ?Vivo, sobrevivo, ele dizia, porque tenho um recado, este telegrama a entregar.?
Houve uma época em que trabalhávamos os dois na Globo, então Vênus Platinada. Eu como jornalista no prédio dos fundos, 3? andar. Ele, diretor, no 10? da Lopes Quintas. Meu apartamento era na rua Peri, bem pertinho. A casa do Otto na Joaquim Campos Porto, continuação da Peri. Pois bem. Ao invés de usar o contínuo para a entrega da correspondência, ele caminhava, antes do almoço, até a agência dos Correios, na rua Jardim Botânico, pelo prazer de colar os selos na correspondência, um a um.
Otto amava a Deus sobre todas as coisas e o Brasil abaixo de Deus. É preciso ler suas cartas para se ter uma idéia do que pensava. Espalhadas aos milhares por centenas de mãos, no mundo inteiro, contêm um pouco de tudo: autobiografia, memórias dos outros, história do Brasil, lições de vida, ética, teoria literária, correção de erros, pauta de jornal, ciência política, conselhos, consolo, humor e muitas desculpas. Ele tinha as melhores desculpas do Brasil e o pior, diz Fernando Sabino, é que todas eram verdadeiras.
Se fosse vivo, estaria fazendo 80 anos e mais uma piada: ?É Otto ou oitenta?. Quem foi Otto Lara Resende? Por favor, numa frase só, pediu-me, esta semana, de microfone em punho, um repórter de TV. Só me ocorreu que Otto não foi, Otto é. Meu Deus, o que? Uma carta não extraviada, a carta que chegou ao destino. (Luís Edgar de Andrade, jornalista, e autor do romance de guerra ?Bao Chi, Bao Chi?, ed. Objetiva, no prelo)."
"Otto Lara Resende completaria 80 anos neste 1? de maio",
copyright iG Ler (www.igler.com.br), 29/04/02
"Sou jornalista, especialista em idéias gerais. Sei alguns minutos de muitos assuntos. E não sei nada. Um desses poucos minutos de que falo me permite saber que devo colocar entre aspas as citações. Então, lá vai: ?Sou jornalista, especialista em idéias gerais. Sei alguns minutos de muitos assuntos. E não sei nada?. O autor da frase é Otto Lara Resende, que sabia de quase tudo.
Otto Lara Resende não era apenas um jornalista. Contista, frasista, cronista, romancista, humanista de profissão, mineiro arquetípico, carioca quase típico. Ele nasceu há exatos 80 anos, em 1? de maio de 1922, no seio de uma tradicional família mineira e em meio às igrejas barrocas de São João del-Rei. Mas viveu por quase 50 anos no Rio de Janeiro.
Este ?mas? é importante: Otto foi definido pelo jornalista Benicio Medeiros como o mais carioca dos mineiros, por seu estilo irreverente, senso de humor, o gosto pela boutade (tirada espirituosa), a percepção cômica da realidade e a visão debochada do poder.
A irreverência era uma de suas principais marcas. Muitas frases de Otto são mais conhecidas que o próprio e estão encravadas no imaginário nacional. Fiquemos por enquanto nas referências ao seu estado natal:
?O mineiro só é solidário no câncer?, ?A tocaia é a grande contribuição de Minas à cultura universal?, ?Devo ter sido o único mineiro que deixou de ser diretor de banco?, ?Minas está onde sempre esteve? (há quem diga que esta frase é uma referência à posição do governador Magalhães Pinto, em 1961, na crise da renúncia de Jânio; há quem diga que a frase não quer dizer nada).
Otto era mineiro, mas não muito católico, poder-se-ia pensar. Pois é, suas frases (e até aqui só vimos algumas) não eram nada ortodoxas. Mas seu forte sentimento religioso, do católico que lia a Bíblia todos os dias, aparecia em outros escritos, na parte menos conhecida de suas obras.
Como afirmou o próprio Otto: ?Eu nasci no fundo da Idade Média. São João del-Rei, no 1? de maio de 1922, era uma comunidade de alta Idade Média. O peso daquele décor barroco, agravado pela massa física das igrejas que aprisionam a cidade numa proteção apavorante, imprime na alma da gente uma marca indelével.?
Seu único romance, ?O Braço Direito?, de 1964, foi considerado por Antônio Callado ?o maior romance católico apostólico romano da literatura brasileira?. Romancista católico, frasista pagão. Personalidade fragmentada de um admirador precoce, ainda adolescente, da ironia e do ceticismo de Machado de Assis.
Adolescência para ninguém botar defeito. Foi quando conheceu aqueles que seriam seus amigos pelo resto da vida: Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos (ambos escritores) e Hélio Pellegrino (psicanalista). O grupo ficou conhecido nacionalmente como os ?Quatro Mineiros?, mas Otto os chamava de ?adolescentes definitivos? ou de ?quatro cavaleiros de um íntimo apocalipse?.
Otto pisou numa redação de jornal pela primeira vez aos 18 anos. Ele explica como foi: ?Entrei no jornalismo como cachorro entra na igreja: porque achei a porta aberta?. Seu pai era diretor de ?O Diário?, de Belo Horizonte. Otto formou-se em Direito, mas nunca deixou o jornalismo.
Numa época (anos 40) em que era possível para um repórter trabalhar para publicações diferentes, Otto desenvolveu uma habilidade singular. Consta que, quando trabalhou simultaneamente em ?O Globo? e no ?Diário de Notícias?, seus patrões – Roberto Marinho e Orlando Dantas – viviam brigando. Otto escrevia editoriais em um dos jornais criticando uma posição e no outro a defendia, criando polêmicas consigo mesmo.
Essa habilidade fê-lo posteriormente alçar vôos mais altos: a pedido do governador mineiro Magalhães Pinto escreveu uma carta para o presidente João Goulart e, a pedido de um desavisado ministro deste, respondeu com outra carta para Magalhães Pinto. Pode-se dizer que foi um agente bastante ativo (e reativo) da história brasileira…
Otto estava desde cedo entranhado no mundo político e literário do País. E era amigo de gregos e troianos: Carlos Lacerda e Samuel Wainer, Nelson Rodrigues e Oswald de Andrade.
A amizade com Nelson Rodrigues é um caso à parte. Eram completamente opostos. Otto apolíneo, contido. Nelson dionisíaco, desbragado. Às vezes Nelson exagerava, como quando colocou Otto no título de uma peça sua, ?Bonitinha mas ordinária ou Otto Lara Resende?. Uma homenagem singela, que nem Otto e muito menos a tradicional família mineira apreciaram. Com os passar dos anos o caso foi esquecido.
No passar dos anos Otto colaborou nos jornais mineiros ?O Diário? e ?Folha de Minas?, nos cariocas ?Diário de Notícias?, ?O Globo?, ?Correio da Manhã?, ?Diário Carioca? e ?Última Hora?. Foi diretor do ?Jornal do Brasil?, da revista ?Manchete? e da TV Globo. Por fim, no último ano e meio de sua vida, foi cronista na ?Folha de S. Paulo?.
Ainda assim, a incerteza sobre que carreira deveria seguir sempre o perseguiu. Resumiu em uma frase essa inquietação: ?Eu escrevo todo dia, por compulsão. Mas agora, aos 70 anos, uma das perguntas que mais me intrigam é o que eu vou ser quando crescer?.
Trabalhou na TV Globo durante dez anos, onde, entre outras coisas, escrevia os discursos de Roberto Marinho. Foi ele que cunhou a expressão ?Vênus Platinada? para o prédio da emissora. Também lá escreveu cartas que ganharam fama, quando da demissão, em 1977, do (quase) todo-poderoso Walter Clark, de quem Otto dizia ser um simples ?walter ego?. Para variar, Otto escreveu a carta de demissão de Clark e a aceitação desta (a contragosto…) por Roberto Marinho.
Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 1979, apesar de garantir que preferia ser ?imorrível? a ?imortal?. Na década de 80 viveu um período de baixa, deprimido, após ter sido demitido da Globo, em 1983. As causas de sua demissão nunca foram completamente esclarecidas. Só recuperou-se ao começar a escrever para a Folha de S. Paulo, em 1991, onde era um dos três cronistas mais lidos. Ganhou não só popularidade, como rejuvenesceu.
Por conta disso, sua morte chocou a todos: faleceu no Rio de Janeiro a 28 de dezembro de 1992, de complicações resultantes de uma simples cirurgia de hérnia. Disse dele Carlos Heitor Cony: ?Com a morte de Otto Lara Resende, responsável pela coluna da Folha no Rio, ocupei o seu lugar, embora não tenha chegado a substituí-lo?.
Otto era um perfeccionista. Reescreveu seu romance ?O Braço Direito? durante 30 anos. E desabafava: ?Escrever é de amargar?. Passou a vida toda escrevendo, mineiro solidário a essa incurável doença."