AllTV
"Improviso on-line", copyright Época, 11/08/03
"A casa discreta no bairro do Paraíso, em São Paulo, não revela o que se passa lá dentro. Com uma estrutura pequena, a allTV parece um simples escritório. Mas ali funciona o primeiro canal de televisão brasileira na internet, no ar 24 horas, com participação dos telespectadores virtuais (ou teleinternautas). O projeto adianta a instantaneidade prevista para a TV digital com os recursos de hoje. Parece mesmo uma miniemissora que usa o improviso para alcançar seus objetivos. A allTV entrou no ar – quer dizer, na linha – em maio de 2002, com 16 horas de programação, sempre ao vivo. Uma semana depois, já alcançava as atuais 24 horas. Existem muitas televisões na internet, mas nenhuma com recursos de interatividade como os da allTV. O canal continua diferente, mas sonha crescer como os comuns.
Não parece fácil. A primeira TV da internet muitas vezes cansa, isso devido à pouca variedade de cenário e à falta de movimentação, que acabam confirmando a teoria dos que consideram o computador entediante. Em São Paulo, é possível assistir à allTV pelo canal 12 da TVA, desde maio deste ano. Na televisão, porém, fica mais gritante a monotonia de certos programas. É certo que as falhas não camuflam a ousadia, pelo contrário, resultam dela. Além do pioneirismo, há muitas outras audácias. O dono da idéia, o jornalista Alberto Luchetti, largou o cargo de diretor de núcleo da TV Globo para realizar o novo empreendimento. O canal chega a questionar normas tradicionais do jornalismo, como a tão difundida imparcialidade da imprensa. Nos telejornais da allTV, não é só o internauta que participa. Os jornalistas também emitem suas opiniões. ?É um espaço democrático. Por isso, a questão da neutralidade muda?, explica Luchetti. Embora os apresentadores falem o que pensam, os teleinternautas podem discordar à vontade.
INTERATIVIDADE
Opiniões aparecem ao vivo
Para participar de todos os programas, basta preencher um pequeno cadastro, escolher um nick e mandar perguntas ou comentários
Inovador, porém ainda em crescimento, o canal sobrevive com poucos anunciantes. Mas há a pretensão de expandir o projeto, que está registrado na Biblioteca Nacional para o modelo não ser copiado. A meta é chegar a mais 50 cidades com outras emissoras a cabo. A allTV possui programação variada, que foge do trivial. Destacam-se o allKids, programa de entrevistas apresentado por duas crianças, e o Prime Time, um programa de esporte no estilo das mesas-redondas, só que apresentado por três mulheres. O canal apenas se sustenta, mas Luchetti almeja faturar ainda neste ano. A novidade custou US$ 2 milhões, concretizados em cinco estúdios e 200 funcionários. Entre os apresentadores, há mais aprendizes que veteranos. E é assim que a allTV vem durando, com estrutura tão jovem e hesitante quanto a idéia que a move."
DOMINGÃO DO FAUSTÃO
"Faustão ganha cenário de última geração", copyright Folha de S. Paulo, 10/08/03
"Em alta na Globo desde que recuperou a liderança no Ibope, no final de 2002, Fausto Silva está recebendo atenção especial. Em setembro, o ?Domingão? vai ganhar um novo cenário, com tecnologia de última geração, apesar de o atual ter apenas dois anos.
As principais novidades serão um ?video wall? (aquele conjunto de televisores que formam um telão). O novo equipamento não tem emendas entre as várias telas que o compõem. A outra vedete será um ciclorama, revestimento que permite projeção de imagens e efeitos de luz. Para completar, o coreógrafo do programa, Caio Nunes, passará 15 dias em Nova York. Para reciclar.
Vem aí Três seriados que só estréiam na TV americana em setembro e outubro já estão garantidos na TV paga brasileira no início do ano que vem. O Warner Channel acaba de comprar ?Tarzan? (uma versão moderna, em que o rei das selvas mora em Nova York), ?Skin? (um promotor público que namora a filha de um empresário do sexo) e ?Two and Half Man?, estrelada por Charlie Sheen.
São Tomé Está em estudos no SBT a exibição em sequência de todos os episódios da badalada série ?Friends?. A maratona inclui a décima e última temporada, que só deve passar na TV paga no início de 2004. Antes disso, ?Família Soprano? deve voltar à programação da emissora de Silvio Santos."
LUCIANA GIMENEZ / PERFIL
"Quinze (mil) minutos de fama", copyright Folha de S. Paulo, 10/08/03
"Ela olha para a câmera errada, dá foras com os convidados e não se cansa de comentar: ?impressionante? e ?legal isso, né?!?.
Em sua estréia como apresentadora de TV, há dois anos e meio, Luciana Gimenez, 33, tinha toda a pinta de quem não passaria dos 15 minutos de fama propagados por Andy Warhol (1928-1987).
Mas ela sobreviveu, tornou-se o maior faturamento com merchandising da Rede TV!, um dos mais altos salários da emissora (que pode estar beirando R$ 200 mil mensais, incluindo publicidade) e hoje está diante de um fenômeno: a maioria de seus telespectadores faz parte da elite do país.
De acordo com levantamento do Ibope de junho, 42% do público do ?Superpop? é da classe AB, 38,5% da C e 19,5% da DE.
Recheado de jogadores de futebol, modelos e outras ?celebridades?, o programa tem média de três a quatro pontos e chega a registrar picos de dez (cada ponto equivale a 48,5 mil domicílios na Grande São Paulo), sendo um dos mais competitivos do canal.
Assim, Luciana acredita viver pela primeira vez boa fase com a opinião pública. Não é mais a desconhecida filha da atriz Vera Gimenez, a modelo que engravidou de Mick Jagger, a que ganhou um programa só por isso, a apresentadora desastrada.
Ao rir no ar das besteiras que deixa escapar e até criar um quadro só com suas gafes, Luciana parece ter desarmado seus críticos. ?Errar faz parte, e esse é meu charme. Todo mundo erra: a classe A, B, C e D. Talvez pela minha simplicidade, tenha pegado essa galera [AB] até meio desprevenida. Assistiram e gostaram. Não falei assim: ?Vamos ser chiques?.?
Recém-adepta do divã (está na quarta sessão de psicanálise), avalia que o segredo do sucesso está no fato de ser ?desligada, brincalhona? e de usar as fraquezas em benefício próprio, o que define como ?inteligência social?.
?Quando comecei a apresentar o ?Superpop?, senti uma certa resistência. As pessoas têm medo do desconhecido. Agora, vejo uma aceitação enorme, me elogiam. Acho que se sentem culpadas por ter falado mal.?
Hoje, Luciana Gimenez vive com ares de ?popstar? internacional. Leva frequentemente o filho, Lucas, 4, para visitar o pai roqueiro, anda cercada por assistentes (assessor de imprensa, motorista, cabeleireiro) e tem um helicóptero da Rede TV! à sua disposição -inclusive para seus atrasos.
E quer mais: tenta descolar uma participação em filme de cineasta famoso (leia à pág. E3) e quer gravar um CD (?não canto muito bem, mas é questão de aprender, né?!?). Sem falar da dúvida entre aceitar uma tentadora proposta para posar nua na ?Playboy? ou investir num projeto de apresentar um programa infantil.
Enquanto pedalava na ergométrica de uma descolada academia da zona sul de São Paulo, na última semana, Luciana conversou com a Folha sobre ibope, Mick Jagger, tablóides, Madonna, gafes, política nacional e seus dilemas."
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"?Meu sonho é trabalhar com Walter Salles?", copyright Folha de S. Paulo, 10/08/03
"Leia a entrevista de Luciana Gimenez, em que a apresentadora fala do sonho de trabalhar num filme de Walter Salles.
MICK JAGGER
Nunca quis engravidar de propósito. Chorei, fiquei confusa, desamparada, com medo. Todo mundo falou: ?Ela planejou?. Não, mesmo porque não sabia que ia dar certo, que ia conseguir o programa, que ia me dar bem com o pai dele, até que ponto ele iria ajudar. Sabia que talvez nunca mais pudesse trabalhar como modelo porque estava grávida, que iam falar mal de mim. Se fosse de qualquer homem, teria preservado. Aconteceu de ser o homem com quem estava saindo na &eaceacute;poca. Mas era um amor não pelo homem, mas pelo meu neném. As pessoas dizem: ?É fácil falar porque era o Mick Jagger.? Não vou entrar em detalhes, mas não era tão fácil. Agora a gente é amigo.
TABLÓIDES
Não vendi nenhuma história e, na época, fiquei um ano de boca fechada. Tablóides me ofereceram dinheiro. Até hoje, jornalistas estrangeiros me procuram o dia inteiro e oferecem dinheiro.
IMPRENSA BRASILEIRA
A maneira como exploram a história com o pai do meu filho me irrita. Muitas vezes, dizem coisas que não são verdades. E eu não lavo roupa suja na frente de ninguém. Pode pedir, implorar, oferecer dinheiro, chorar, espernear, pedir para eu dar o meu lado do assunto. Nunca vou fazer isso, porque a única coisa que me pertence é a minha vida.
SER INTELIGENTE É…
… Saber lidar com o que a vida te dá, de maneira que consiga ser feliz no dia-a-dia. Uso os micos no programa, claro. Isso é inteligência: conseguir que suas fraquezas te prejudiquem menos e até que te ajudem. Quando o É o Tchan foi ao meu programa, não sabia quem era o Jacaré [dançarino do grupo]. Desculpa [faz cara de despreocupada]. Não sabia quem eram as Sheilas e, para dizer a verdade, nem sei ainda. E realmente não fez a menor falta porque não é exatamente a Madonna. Humildade também faz parte da inteligência. Se alguém falar: ?Quem é a Luciana Gimenez?? E daí? Não sou maioral. Todo mundo é humano, ninguém é Deus.
PORTUGUÊS
Eu me mudei do Brasil com 16 anos, voltei com 30. Falava francês, italiano, espanhol, inglês e não falava português. Não escrevo e não falo bem. E não é porque sou analfabeta, mas porque sou desligada e fiquei sem a prática.
SUPERPOP
A imparcialidade é a minha obrigação. Não posso usar o programa para minhas vontades. Às vezes, falo: ?Não era para dar minha opinião, mas não estou aguentando?. O veículo de comunicação não é meu. Posso até retratar um pouco da minha visão, mas de forma imparcial, deixando que o telespectador tenha um momento de decidir o que pensar.
POLÍTICOS
A política faz parte do dia-a-dia do brasileiro. Eu curto [entrevistar políticos], é importante mostrar o que têm a dizer, cobrar algumas coisas. A Marta Suplicy sempre dá ibope, graças a Deus. As pessoas têm curiosidade, e a gente deve uma resposta à sociedade. Não os coloco em saia-justa, até porque eles não iriam ao programa. As pessoas têm que falar o que querem. Não é minha intenção colocar ninguém constrangido no meu programa.
MADONNA
No programa, só falo da vida de quem quer falar. Tem gente que gosta. Você vê a Madonna. Ela transou lá com o [jogador de basquete] Dennis Rodman e contou pra todo mundo. Quem vai dizer que a Madonna está errada? Na minha vida particular, não quero que ninguém meta o bedelho.
INDECISÃO
?Sou indecisa em tudo. Poso ou não para a ?Playboy?? Vou agora à reunião ou não? Faço yoga uma, duas ou três vezes por semana? O que comerei de almoço? Sou insegura. Não dirijo carro. Tenho medo, sei lá, sou meio louca.?
WALTER SALLES
Meu sonho é trabalhar com o Walter Salles, acho ele maravilhoso. Tô nessa agora. Queria ser apresentada a ele para ver se conseguia. Estou fazendo uns contatos. Aliás, o cinema brasileiro agora está arrasando, né?! Queria fazer um papel pequeno até para ver se levo jeito. Aí, a gente coloca na Folha e, quem sabe o Walter Salles me convida… Quero fazer uma coisa pequena, para curtir, acho que película é uma coisa que fica para sempre."
CHOCOLATE COM PIMENTA
"Governo veta novela das 18h antes das 20h", copyright Folha de S. Paulo, 9/08/03
"O Ministério da Justiça vetou a exibição da próxima novela das seis da Globo, ?Chocolate com Pimenta?, que estréia em 8 de setembro, antes das 20h. Em despacho publicado no ?Diário Oficial da União? de anteontem, o ministério reclassificou a novela, a partir da leitura de sinopse feita por uma equipe de técnicos, como imprópria para menores de 12 anos (20h) por ?desvirtuamento moderado de valores éticos e conflitos psicológicos atenuados?.
?Chocolate com Pimenta?, ambientada nos anos 20, inspirada na opereta ?Viúva Alegre?, havia sido classificada como ?livre? em abril. No entanto, o autor, Walcyr Carrasco, fez pequenas alterações. A Globo enviou a nova sinopse ao ministério, que a reclassificou.
A reclassificação foi recebida com surpresa dentro da Globo, que irá recorrer. Na sinopse original, a protagonista Ana Francisca (Marina Ximenes), pobre, se apaixona pelo rico Danilo (Murilo Benício). A família do rapaz separa o casal. Grávida, Ana se casa com um rico industrial e muda para Buenos Aires. O marido morre e ela fica milionária. Vingativa, ela voltaria à sua cidade natal com um noivo. Na nova sinopse, retorna só. ?Não entendo. A personagem ficou mais romântica e ingênua?, diz Carrasco.
Uma contradição: no mesmo despacho, o ministério classificou como ?livres? os populares ?Hora da Verdade? e ?Brasil Urgente?, da Band, por serem ao vivo.
OUTRO CANAL
Recuperado
Atendendo a protestos dos fãs, que criaram até site na internet pedindo a volta da série, o SBT programou para o próximo sábado, às 22h, a exibição do mexicano ?Chaves?. O programa, antes diário, saiu do ar na última segunda-feira, porque suas reprises já não davam ibope. Agora será semanal.
Esgotado
Silvio Santos colocou nesta semana um ponto final na produção do seriado ?Meu Cunhado?, com Moacyr Franco, em gravação desde 2000 e ainda inédito no SBT. As gravações do programa, um ?Chaves? piorado, acabam no próximo dia 15. Parte da equipe de produção será incorporada à da próxima novela da emissora, ?Canavial de Paixões?.
Descongelado
O SBT vai finalmente tirar da gaveta os seriados ?Everwood? e ?Fastlane?, que vêm fazendo relativo sucesso na TV paga (canal Warner Channel). A partir do próximo sábado, o primeiro será exibido às 17h, e o segundo, às 21h. ?Alias? sai do ar.
Encontrado
O ?Globo Rural? exibe nos próximos três domingos série de reportagens, assinada por José Hamilton Ribeiro, que resgata a história da música caipira, aquela cantada em dupla, com viola. Entre os achados do repórter, estão o primeiro disco do gênero musical, de Caçula e Mariano, gravado em 1929, e um filme em que Noel Rosa aparece cantando música caipira, a caráter."