THE WASHINGTON POST
O caso do repórter Jayson Blair, que plagiou diversos textos e inventou fontes no New York Times, foi assunto para o ombudsman do Washington Post, Michael Getler [25/5/03], uma vez que o escândalo mexeu também com os brios de leitores de outros jornais. As atuais preocupações do público apenas se somaram a uma credibilidade já gasta dos meios de comunicação.
Esse clima parece ser resultado de um aumento considerável de reportagens atribuídas a fontes anônimas e da sensação de que informações de inteligência estão sendo politizadas de forma que os repórteres não consigam se posicionar de forma firme frente a um governo com atitude tão restritiva ao controle da informação.
A maioria das reclamações diz respeito a artigos sobre o discurso dos EUA em acabar com armas de destruição em massa no Iraque e em outros "países inimigos". Antes da guerra no Iraque, as reportagens indicavam com certeza a existência de tais arsenais no país. O que nunca foi confirmado. As mesmas alegações que precederam a guerra ao Iraque agora estão sendo utilizadas contra a Síria e o Irã. Alguns desses artigos foram baseados em fontes identificadas como "oficiais da inteligência" ou "funcionários seniores do governo".
O Post, como outros veículos da grande imprensa americana, possui regras quanto às fontes. Segundo Getler, seria ingenuidade pensar que um material tão sensível chegaria aos leitores se não se permitissem fontes anônimas. O manual de redação do jornal orienta que o repórter tente gravar o material sem sigilos. Se não for possível, que revele o motivo de não expor a identidade da fonte. Getler tem a impressão de que essas regras caíram em desuso, assim como o interesse dos editores em saber a identidade das fontes, uma vez que o uso de informantes não-identificados tornou-se rotina.