Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Livro supõe que Pearl morreu por saber demais

DANIEL PEARL

O filósofo francês Bernard-Henri Levy lançou recentemente nos EUA um livro que levanta uma hipótese sinistra a respeito do assassinato do repórter Daniel Pearl, do Wall Street Journal, no ano passado, no Paquistão: os extremistas islâmicos que o seqüestraram optaram por executá-lo porque o jornalista descobriu que estava sendo tramado um ataque terrorista muito pior que o de 11 de setembro de 2001, possivelmente com uso de armas nucleares.

Em extensa resenha para The New York Observer [15/11/03], Ron Rosenbaum tenta mostrar que Who Killed Daniel Pearl? (“Quem matou Daniel Pearl?”, tradução literal) não se baseia em teoria da conspiração: a obra tem 450 páginas de investigação aprofundada, feita em diferentes países com as mais diversas fontes.

Inicialmente, os seqüestradores de Pearl, liderados por Omar Sheikh, tendo o repórter em seu poder, faziam exigências como a melhoria das condições dos prisioneiros que os americanos levaram do Afeganistão para a base de Guantánamo, em Cuba, e a entrega de caças F-16 ao Paquistão pelos americanos. Porém, passado algum tempo, resolveram matá-lo cruelmente, gravando o crime em vídeo. A tentativa de explicar o porquê disso fez Levy concluir que cientistas paquistaneses ligados a grupos fundamentalistas e ao serviço de inteligência do Paquistão passaram segredos nucleares à Coréia do Norte e à al-Qaida.

Entre os aspectos do livro destacados por Rosenbaum está o retrato que o autor faz de Sheikh, mostrando a complexidade de caráter dos terroristas que “o mundo terá de enfrentar”. Nascido no Reino Unido, o extremista aguarda a pena de morte em prisão do Paquistão e afirma que as autoridades que o prenderam morrerão antes que ele. Capaz de recitar páginas inteiras de Mein Kampf, o famigerado livro de memórias de Adolf Hitler, Sheikh seria resultado do “choque de civilizações” característico de nosso tempo.