iG & ANATEL
“iG pede à Anatel adiamento de consulta pública”, copyright Último Segundo (www.ultimosegundo.com.br), 5/12/2002
“O iG enviou à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) um pedido para que seja adiado, do dia 23 de dezembro para 31 de janeiro, o prazo das manifestações na consulta pública 417 do regulamento para uso de redes no acesso à internet, conforme informa a reportagem de hoje do jornal ?Valor Econômico? da página B1.
A consulta, iniciada pela Anatel com o objetivo de ampliar as formas de acesso, acabou se transformando em veículo para outra discussão: o futuro dos recursos que as operadoras de telefonia pagam umas às outras pelo tráfego gerado pela internet.
Os valores e a definição de quem paga para quem estão nas regras sobre interconexão. Essas regras favorecem as operadoras que têm provedores gratuitos, que geram 3 bilhões de minutos de chamadas telefônicas por mês, de acordo com cálculos do mercado. O mercado total de provedores pagos e gratuitos seria de 5,5 bilhões de minutos por mês.
Quem tem esses provedores – ou qualquer empresa que receba grande volume de chamadas – em sua rede recebe esses recursos. E um percentual dessa receita é repassado aos próprios provedores. Como os gratuitos geram a maior parte dos minutos, e não têm outra fonte de renda tão representativa, uma mudança na regra poderia acabar com a internet grátis, dizem técnicos.
Ninguém tem certeza, no entanto, de que este seja o objetivo da Anatel. ?Os provedores gratuitos são responsáveis por 50% dos acessos à internet?, diz Matinas Suzuki, co-presidente do iG. ?É difícil pensar que a agência queira acabar com este instrumento de inclusão digital?, diz.
A Embratel e a GVT também acreditam que o texto necessita de esclarecimentos. ?A proposta dá margem a interpretações variadas e a controvérsias?, diz Alexandre D?Ambrósio, vice-presidente de assuntos jurídicos e corporativos da GVT. O artigo 13 do regulamento, por exemplo, diz que ?não constitui interconexão a ligação entre redes de telecomunicação, de suporte a serviços de telecomunicações de interesse coletivo e equipamento terminal ou rede de telecomunicações pertencente a usuário ou PASI?.
PASI é, de acordo com o texto proposto, uma entidade que oferta Provimento de Acesso a Serviços de Internet. D?Ambrósio acredita que o parágrafo 13 vai criar uma modificação na regra de interconexão, porque estabelece uma diferença entre o tráfego de voz – sujeito às regras de interconexão – e o de acesso à internet. Mas não tem certeza.
O Comitê Gestor da Internet colocou o assunto na pauta de sua reunião de hoje. Participantes acreditam que o regulamento, ao criar prefixos telefônicos 0700, exclusivos para os provedores, poderá levar a Anatel a regular indiretamente, um segmento que se caracteriza pela liberdade de atuação.
As concessionárias locais gostariam de acabar com essa conta de interconexão, porque ela é grande – há cálculos de que o tráfego internet represente R$ 250 milhões por ano – e porque esses recursos, muitas vezes vão para o bolso de concorrentes. Por isso, argumenta um provedor, a consulta é delicada: está no meio de um cabo de guerra entre concessionárias de telefonia fixa, empresas-espelho e provedores.
?Essas regras abriram espaço para as empresas crescerem e competirem com as concessionárias fixas?, diz o executivo de um deles. Um exemplo, afirma, é o valor da interconexão paga pelas concessionárias às operadoras celulares, que possibilitou o crescimento do pré-pago no Brasil. Outro é a regra que permite a criação de serviços localizados, como os provedores de acesso.
*com informações do ?Valor Econômico?”
ASSESSORIA DE IMPRENSA
“Assessor de imprensa e jornalismo (I)”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 6/12/2002
“Há no meio da comunicação corporativa uma discussão, ainda muito longe de ser equacionada, sobre a atividade jornalística desenvolvida pelos assessores de imprensa. Mais especificamente, a questão que se coloca é se assessoria de imprensa é efetivamente uma atividade jornalística, se os assessores de imprensa fazem efetivamente um trabalho jornalístico.
Fora do Brasil, em vários países, essa atividade não é considerada jornalística e os profissionais que migram das redações para essa área são até obrigados a desligar-se do sindicato de jornalistas. É um entendimento que no Brasil não é aceito pela larga maioria dos profissionais, para os quais assessor de imprensa é, sim, jornalista e que a sua atividade é essencialmente jornalística. Estive no meio corporativo dessa discussão por mais de uma década e acompanhei de perto as várias discussões realizadas nos encontros sindicais do segmento, a luta para mudar a regulamentação profissional dos jornalistas nela incluindo a atividade da assessoria de imprensa (iniciativa que não obteve sucesso) e sou testemunha de como esse é um assunto difícil e delicado.
A questão começou a ser colocada com maior densidade no momento em que se formou um ciclo de migração de profissionais da imprensa para as assessorias, dando a essa atividade um perfil muito diferente daquele que até então predominava, e que era totalmente dominado pela ausência de transparência. Uma herança, digamos assim, da ditadura militar. Com a chegada de profissionais talentosos e reconhecidos pelo mercado, a assessoria de imprensa e a comunicação corporativa se revitalizaram e nunca mais pararam de crescer.
Depois de anos acompanhando de perto toda essa movimentação, a evolução do mercado, os debates, as reflexões e pensamentos de muitos colegas, tenho minha própria definição sobre o assunto, um veridicto muito pessoal e que, portanto, como tal deve ser entendido. Penso o seguinte: o jornalista que está a serviço de uma empresa ou instituição não jornalística, continua sendo jornalista, mas não está efetivamente exercendo o jornalismo. Ele está exercendo uma atividade de comunicação, utilizando-se, para isso, das ferramentas do jornalismo. Ou seja, continua manuseando e hierarquizando informações, continua escrevendo e divulgando, continua apurando notícias, continua fazendo pautas etc., mas a serviço de um determinado interesse, e não a serviço do interesse público, como é, na essência, o jornalismo. Por conseguinte, não se trata de uma atividade jornalística.
Sei que essa afirmação, tal como foi colocada, é simplista e pode gerar uma enxurrada de comentários e críticas abaixo, muitos deles dirigidos à senhora minha mãe, coitada, que já há mais de dois anos viajou antes do combinado para outras paragens (e de lá, certamente me ilumina), mas nem por isso a questão deve deixar de ser colocada e debatida. E esse é um bom fórum.
Quem está em assessoria vive essa eterna crise de identidade, sabedor, ainda que inconscientemente, de que ao passar para o outro lado do balcão passa a ter uma outra identidade profissional, com vários pontos em comum com o jornalismo, é certo, que parece jornalismo, mas que não é jornalismo.
O desafio é fazer essa reflexão sem a paixão do corporativismo, da defesa da reserva de mercado de trabalho, deixando de lado os interesses próprios e particulares. É tentar enxergar a questão à luz da razão e da lógica.
Por muitos anos também eu busquei me armar de todos os argumentos possíveis para defender essa posição e a defendi com veemência, sempre com base em argumentos corporativos, fracionados e com uma visão apenas parcial de todo o universo. Ou seja, olhava as árvores, sem ter uma visão da floresta.
Ao olhar a floresta, ao levar em consideração o interesse público, ao buscar o que é efetivamente o papel da imprensa, certamente os argumentos corporativos passam a ser apenas argumentos corporativos e técnicos, e nada mais.
Falo isso com muita tranquilidade e com toda a serenidade do mundo porque estive e estou ligado até à alma à causa da comunicação corporativa e da assessoria de imprensa, seja atuando diretamente como assessor por mais de 15 anos, comandando uma Comissão de Assessores de Imprensa no Sindicato dos Jornalistas de SP, realizando congressos e seminários de comunicação corporativa etc. E dou o meu testemunho de que não há, no mercado, profissional melhor preparado para assumir essa atividade do que jornalistas, de preferência aqueles forjados na lida das redações.
O mercado de trabalho é hoje praticamente dividido, meio a meio, entre colegas que atuam nas redações e os que estão atuando em agências de comunicação ou na comunicação de organizações públicas e privadas. Não é pouca gente, como se vê. E cada vez mais há a necessidade, em relação aos colegas da área corporativa, de incorporar conhecimentos e técnicas de outras atividades como marketing, relações públicas, administração, economia etc., não para escrever (como seria numa redação), mas sim para orientar de forma eficaz as ações de comunicação.
Temos aí mais uma evidência de que quem migra das redações para a comunicação corporativa assume funções muito além das jornalísticas.
A discussão é longa, extensa e quem sabe extenuante. Mas é preciso avançar. Quem sabe se o assunto ganhar, em algum momento, o interesse das universidades e das entidades e instituições ligadas à comunicação e ao jornalismo, e mesmo da categoria, em seus encontros, simpósios e congressos, poderemos ter mais massa crítica e consistência nessas definições.
É o que eu desejo e espero.”
AGÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO
“Agências de comunicação escapam à crise e contam os dias para 2003”, copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.comb.r), 6/12/2002
“Às vésperas da virada, a indústria de relações públicas faz seu balanço e lista as promessas para o ano novo. O saldo de 2002 é positivo: a maioria das grandes agências de comunicação escapou à crise e projeta crescer. Consolidado, o mercado deve ter receita superior a R$ 100 milhões este ano, a maior de sua história em reais, de acordo com estimativas da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação). Este não é o único motivo que deixa o setor animado. ?O PT será o nosso carro chefe em 2003?, afirma João Rodarte, presidente da Abracom e da CDN, maior empresa do setor.
?O governo petista será importante por duas razões: primeiro, pelo perfil do partido, que se vale bastante das ferramentas de comunicação, e, segundo, pelas mudanças que fará, o que demandará mais comunicação?, diz Rodarte. Não só Rodarte, mas diversos executivos da área aguardam ansiosos o governo Luís Lula da Silva. ?Nós vamos crescer com a economia e os novos rumos do país?, endossa Agostinho Gaspar, da G&A Associados, segunda maior assessoria do país, de acordo com o ranking 2001 divulgado em outubro pela Gazeta Mercantil.
A líder, a CDN, projeta crescer 23% este ano, de um faturamento bruto de R$ 16 milhões para outro de R$ 19 milhões. Apesar de ter atendido um número significativo de contas da esfera política em 2002, o vice-presidente de operações da empresa, Andrew Greenles, descarta relacionar o bom desempenho da companhia a essa clientela. ?A CDN se baseia no atendimento à iniciativa privada?, afirma. Este ano, a agência atendeu a conta do PSDB, o partido nacional, do senador eleito Romeu Tuma, da Prefeitura de Vitória e do governador eleito do Espírito Santo, Paulo Arthung. Entre os clientes privados fixos, estão marcas como McDonald?s, Telefônica, Algar, Globopar, Laboratório Pfizer, Odebrecht e J.P. Morgan. A CDN atende também a ANP, Agência Nacional de Petróleo.
Na terceira posição, vem a InPress, com receita líquida de R$ 11,7 milhões, seguida pela FSB Comunicações, com R$ 9,8 milhões, e pela Máquina de Notícias, com R$ 6,9 milhões. As três, afirma Rodarte, cresceram este ano. O executivo, que mantém diálogo com donos das agências afiliadas à Abracom, conta que o rumo das conversas é sempre positivo. ?O mercado não foi abalado em 2002?, diz. S2 Comunicações e Edelman, respectivamente com receita líquida de R$ 4,4 milhões e R$ 3,8 milhões, aparecem no quinto e sexto lugares.
A G&A é a grande ressalva nessa maré otimista. Diferente da CDN, a empresa de Gaspar deve repetir em 2002 o resultado do ano passado, de R$ 12,7 milhões. O que, para o executivo, é uma vitória. Gaspar faz seus cálculos e estima que, apesar do ano favorável para muitos, o mercado perdeu em dólar. A queda não é tão feia quanto a da publicidade. ?O mercado publicitário está caindo 10%, mas ele pode, porque tem colchão protetor?, diz Gaspar. A G&A teve o freio puxado após 15 anos crescendo entre 15% e 20%. O ritmo, acredita Gaspar, deve ser retomado em 2003. Entre seus principais clientes, estão A. T. Kearney, DirecTV Tetra Pak e Nortel, além de executivos à procura de treinamento para reciclar e ganhar desenvoltura nas relações públicas.
Das maiores, apenas a G&A e a Edelman, que tem 80% do capital na mão de acionistas americanos, ficaram de fora da Abracom. Gaspar explica que não entrou porque já se envolveu com diversas outras entidades setoriais. Mas Rodarte aposta que logo, logo, ele adere à entidade. A associação reúne 70 assessorias de imprensa. Hoje, no país, existem cerca de 1.000 assessorias, a maioria absoluta concentrada no eixo Rio-São Paulo – são 600 em São Paulo e 100 no Rio de Janeiro.
Discordâncias quanto ao desempenho do mercado à parte, as opiniões de Rodarte e Gaspar se intersectam em diversos pontos: quanto à profissionalização do setor, à mudança para melhor na visão que o empresariado tem do trabalho de relações públicas, ao aumento da presença estrangeira no setor e ao governo Lula. Concorda com eles Andrew Greenles, vice-presidente de operações da CDN. A cotada nomeação de Luiz Gushiken para a Secom, a Secretaria de Comunicação Social do governo, anima Greenles. ?Sua indicação comprovaria a tese de que o PT considera a comunicação uma área estratégica?, diz.