Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Último Segundo

DANÇA DAS CADEIRAS

"Mario Sergio Conti confirma demissão em e-mail a editores", copyright Último Segundo. (www.ultimosegundo.com.br), 30/08/01

"O jornalista Mario Sergio Conti enviou na tarde desta quinta-feira uma mensagem aos editores do ?Jornal do Brasil? comunicando sua demissão do cargo.

Até as 19h30 nenhuma comunicação formal tinha sido feita à Redação pela direção da empresa.

Conti e os principais dirigentes do jornalismo da empresa estiveram em reunião prolongada desde as 15h, aproximadamente, e não atenderam o Último Segundo.

O Último Segundo não conseguiu localizar o jornalista Augusto Nunes no Rio Grande do Sul, onde acompanha um evento literário.

Este é o e-mail enviado por Conti à Redação:

?Colegas,

?Demiti-me do jornal e estou empenhado em fazer com que a transição de meu cargo seja feita com serenidade. Peço que recebam o futuro diretor de redação como me receberam: de braços abertos e com profissionalismo.

?Continuem, por favor, a desempenhar suas funções com a garra, o rigor e a alegria que tanto admiro em vocês todos. Foram poucos meses de trabalho em comum. Mas intensos e luminosos.

?Com afeto,?

assina: Mario Sergio Conti"

 

"Conti deixa a direção do Jornal do Brasil, após apenas 4 meses", copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 31/08/01

"O jornalista Mario Sergio Conti pediu demissão do Jornal do Brasil, depois de passar apenas quatro meses no cargo de diretor de redação. Ex-diretor de redação da revista Veja, Conti fora contratado pelo empresário carioca Nelson Tanure, novo dono do JB, para conduzir a reformulação editorial do jornal.

?Estou empenhado em uma transição pacífica e não darei declaração a respeito?, disse Conti à Agência Estado, preferindo omitir o motivo de encerrar prematuramente a sua relação com o novo JB. Seu contrato tem uma cláusula que prevê uma indenização na casa do milhão de reais, caso seja dispensado do jornal sem justa causa.

O JB ainda não anunciou o substituto de Conti. O mais provável é que ele seja o jornalista Augusto Nunes, contratado recentemente para o cargo de vice-presidente do Conselho Editorial do jornal. Nunes dirigiu, até o início de agosto, a revista Época, e já trabalhou para quase todos os orgãos de imprensa do país."

 

DANÇA DAS CADEIRAS

"Mais do mesmo", copyright Coleguinhas, uni-vos, 3/09/01

"Algumas pessoas ficaram chocadas com o pedido de demissão de Mário Sérgio Conti da direção de redação do JB semana passada. Bem, inicialmente chocado fiquei eu com esta reação, vinda de gente que está há quase 20 anos rodando bolsinha por estas redações de Deus. Afinal, como é que jornalistas veteranos ainda podem ficar bestas com o grau de calhordice que permeia o setor de comunicação no Brasil? Ainda mais no caso do JB, cujo novo dono é um notório aventureiro, sempre em busca de alguma jogada que lhe dê algum lucro fácil (e não necessariamente financeiro)?

Nunca tive – e creio que nenhum jornalista com senso crítico e um pouco de memória teve – ilusões sobre as intenções de Nélson Tanure ao comprar o JB. Bastava lembrar que ele fazia parte daquele timaço que se reuniu na Era Collor e do qual faziam parte ainda Paulo Octávio, Luiz Estevão e Wagner Canhedo para entender o que ele deseja. É óbvio que Tanure não estava adquirindo o vetusto Jornal do Brasil com o objetivo de servir ao país oferecendo um jornalismo de qualidade, independente e criativo. A idéia era a de ter uma arma de razoável calibre a fim de oferecer serviços a caciques da política nacional na batalha que se desenrolará este ano e, mais fortemente, no próximo.

E, cá entre nós, ele está, ao que parece, atingindo seus objetivos. Depois de ter sido pegado em flagrante pela concorrência negociando o preço com Jader Barbalho, Tanure foi mais discreto e, ao que se sabe, acertou com Orestes Quércia uma joint venture. O governador que conseguiu quebrar São Paulo estava mesmo à procura de uma base de comunicação maior do que a que mantém em Campinas, tendo flertado com a Internet no Panorama Brasil (que pensou em tornar impresso) e cogitado do velho Diário Comércio e Industria, de tantas dívidas. Não há dúvida que, para um projeto de curto de prazo, o JB vem a calhar melhor do que aquelas opções, com a vantagem de se tudo der certo (seja lá o que for isso para Quércia), poder virar investimento de longo prazo mesmo.

Neste quadro, um jornalista que se preza não poderia ficar com cara de velório com o que aconteceu na semana passada, como ocorreu. É sempre chato, claro, ser chamado para um lugar, às vezes deixando bons e mais estáveis empregos, para ver o barco adernar perigosamente de repente. Mas, caramba!, não dá pra ninguém dizer que foi surpreendido por esta situação, como o FH foi pego pela crise energética, mesmo nos casos dos meninos e meninas cooptados por Mário Sérgio. Afinal, eles/elas são ou não espertos?

O futuro? Bem, há este boato de 60 demissões na redação para se obter uma economia de R$ 2 milhões mensais em gastos trabalhistas, por conta do fato de o jornal estar dando este prejuízo a Tanure (ele não precisa do lucro financeiro, mas prejuízo também não quer tomar). Francamente, acho difícil alguém demitir 60 pessoas numa redação como a do JB, ainda mais de uma hora para outra. O que me parece mais plausível é que as 60 vítimas sejam da empresa inteira, com a redação sendo atingida numa proporção um pouco maior do que os outros setores por conta de seus salários maiores. Ainda assim, há que se observar que quanto mais pessoas saírem por livre vontade, menor será o número absoluto dos demitidos.

Essas questões, porém, ficarão para quando for sagrado o novo diretor de redação, a ser escolhido por Augusto Nunes. O nome deste diretor, acredito, também indicará se houve mesmo ou não o acordo com Quércia e o futuro do projeto do JB. Qualquer que sejam eles (o nome e o futuro do projeto), porém, você já sabe: o JB é um barco inseguro. Quem embarcar nele, deve, pois, botar vestir o colete salva-vidas e rezar algumas ave-marias por conta.

Picadinho

Cláusula – No contrato de Mário Sérgio Conti havia uma cláusula, por ele mesmo alardeada, impedindo que os salários da redação atrasassem. Será ela mantida no contrato de um futuro diretor?

Variante – Mais ou menos na mesma linha: MSC dizia que quem saíra do jornal depois de sua chegada estava recebendo os direitos trabalhistas direitinho. Infelizmente, não é verdade..

Ele de novo – Lembra aquele assessor do Tanure cujos telefonemas grampeados deram munição à Veja para detonar o Caso Boechat? Ao que consta, ele andava dizendo poucas e nada boas sobre Mário Sérgio. Este também não tem uma opinião muito lisonjeira sobre o assessor.

Descoberta – A semana começa com os dois jornais do Rio sem diretor de redação efetivo. Vão acabar descobrindo que não precisam…

Nova briga – Vem aí nova briga feia entre os tentáculos do Império na TV paga e a concorrência."

    
    
                     

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