CASA DOS ARTISTAS
"?Casa dos Artistas? expõe voyeurismo", copyright O Estado de S. Paulo, 18/11/01
"Pode ser que o escarcéu da mídia em torno de Casa dos Artistas seja mesmo desproporcional à qualidade – aliás, nenhuma – do programa do SBT. Mas não há dúvida que Casa dos Artistas mexe com o público, os executivos das empresas, as redações de jornais e revistas. O SBT bem que tenta arrancar preciosos pontos de audiência da poderosa Globo em todos os horários. As batalhas entre Gugu e Faustão são histéricas. Enquanto isso, Casa dos Artistas já fez história. Derrotou três vezes o imbatível Fantástico, há 29 anos no ar.
Multiplique 52 domingos por ano, durante 29 anos. Acrescente os domingos de anos bissextos. Dá um número considerável. A Globo sempre poderá dizer que perder em três domingos, apenas, é irrisório. É mesmo, mas não é só isso. A fórmula de variedades do Fantástico sofre mudanças aqui e ali para se adaptar às novas exigências do público, mas no fundo permanece a mesma. Parafraseando Tancredi no clássico O Leopardo, de Luchino Visconti, o Fantástico só muda para permanecer o mesmo. E aí o SBT começa a ganhar pontos.
Não se iluda: a Globo pode fingir que três domingos não importam nada, mas está nervosa. A acusação de plágio, a tentativa de tirar Casa dos Artistas do ar por meio de uma liminar, tudo isso pode indicar o nervosismo da número 1 diante de uma novidade ameaçadora.
Foi uma semana particularmente intensa no Afeganistão, houve o tudo ou nada do Brasil disputando a vaga na Copa. Digamos que assuntos não faltaram na semana e, mesmo assim, entre uma notícia e outra sobre os bombardeios a caminho de Kandahar ou as estratégias de Felipão para cravar a 30.? vaga na Copa, havia sempre espaço para comentar a volta de Alexandre Frota ao programa e, na segunda, a saída de Marcos Mastronelli, efetivada na noite anterior. Marcos saiu porque era grosso e os colegas de confinamento armaram contra ele. Tudo isso pode ter um fundo de verdade, mas o ator e modelo (sic) garante que a produção do Casa dos Artistas sabe que ele não ficaria até o fim da série iniciada em 28 de outubro. Desde o início, ele já fizera saber que teria de sair lá pela terceira ou quarta semana, bem antes de completar os 45 dias de duração da atração.
Saiu Marcos e entrou Alexandre. Bem, se saiu o grosso entrou no lugar o troglodita e as coisas, mais uma vez, mudaram para continuar as mesmas. A fórmula do programa, com origem no holandês Big Brother – cujos direitos a Globo possui -, tem tudo a ver com No Limite, também da Globo. Um grupo é encerrado entre quatro paredes.Os escolhidos não são exatamente a fina flor do show biz. Há mais gente decadente do que seria aceitável e, Supla, entre um número e outro do cara pinel, ainda canta! Pode haver tortura maior? O público adora ver essa gente se matando (metaforicamente falando). No final, votado pelos telespectadores e pelos colegas, sobrará só um vencedor com direito a R$ 300 mil.
Na primeira semana o Casa obteve 20 pontos de audiência e depois chegou aos 26, roubando público da Globo, que exibe no horário a novela O Clone (que também não é lá essas coisas). O que o êxito do programa confirma é o voyeurismo do público, que transforma em sucesso lavagem de roupa suja em qualquer TV do mundo. Não é um fenômeno brasileiro e, para entendê-lo, uma boa fonte de consulta pode ser Vida, o Filme, ensaio do norte-americano Neal Gabler que discute a cultura de massas a partir do culto às celebridades, que, segundo o autor, virou a ideologia dominante no fim do milênio. As pessoas, hoje, fazem tudo pelos seus 15 minutos de fama. Em dúvida sobre a possibilidade de ter direito aos seus 15 minutos, o telespectador se diverte com o aviltante espetáculo proporcionado por quem já está no ar."
"Pelo buraco da fechadura", copyright Veja, 21/11/01
"Quando pediram ao comediante americano Jerry Seinfeld para definir um popularíssimo seriado de TV que levava seu nome, nos anos 90, ele saiu-se com esta: ?É um programa sobre nada?. Coisa semelhante se poderia dizer de Casa dos Artistas, que o SBT vem exibindo desde 28 de outubro. Inspirado numa criação holandesa chamada Big Brother, que originalmente foi ao ar em 1999, ele registra o cotidiano de um grupo de atores e modelos trancafiados numa casa em São Paulo. Ao contrário do que ocorre em outros programas do gênero reality show, como No Limite, da Rede Globo, os participantes não têm de enfrentar um ambiente natural hostil e comer coisas nojentas, nem são obrigados a disputar provas de resistência física. Só precisam estar lá, 24 horas por dia em frente às câmaras, e conviver uns com os outros. A cada domingo, um deles é eliminado, num processo que combina votação secreta dos participantes e a opinião do público. O último a sair terá passado cinqüenta dias na casa. Em troca, embolsará um prêmio de 300 000 reais (fora o cachê que lhe foi pago para tomar parte na atração).
Pouco de interessante aconteceu até agora. No máximo, puderam ser vistas certas rusguinhas entre os protagonistas, lágrimas derramadas por causa da saudade de namorados e cônjuges e algumas carícias afoitas debaixo das cobertas. Ainda assim, o programa é um enorme sucesso. Exibido no horário nobre, ele provocou uma reviravolta nos padrões de audiência da TV brasileira (veja quadro). Vinte milhões de pessoas tornaram-se espectadores assíduos de Casa dos Artistas. O programa está batendo o Fantástico da Rede Globo aos domingos, coisa que nunca acontecera com a atração global desde sua criação, há 28 anos. Outra coisa: as pessoas que acompanham Casa dos Artistas não são em sua maioria integrantes das faixas de baixa renda que sustentam a audiência dos programas populares da televisão. São telespectadores com um nível de renda e informação semelhante ao dos que seguem as novelas da Globo.
Há duas maneiras de interpretar esse fenômeno. A primeira é dizer que o programa põe em evidência o que existe de pior na natureza humana. Seus ingredientes seriam o voyeurismo do público e a cabeça oca dos artistas que estão presos na gaiola montada por Silvio Santos. A outra maneira é tirar a palavra ?pior? da frase acima e levar em conta o que existe de curioso e intrigante na idéia central de Casa dos Artistas.
O comportamento de pequenos grupos confinados é um tema sério de estudo, com implicações em diversos campos. Desde a década de 70, instituições de pesquisa vêm montando seus próprios ?zoológicos humanos?, para fazer investigações psicológicas sobre o assunto. ?Temos hoje equipes isoladas na Antártida e na Austrália?, conta a americana Deborah Harm, uma das responsáveis por um laboratório de psicologia da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. Nessa função, ela monitora de perto as atitudes de suas ?cobaias?. Tudo para ajudar a planejar missões de longa duração, como uma viagem ao planeta Marte, que obrigaria os astronautas a conviver no ambiente exíguo de uma nave por cerca de três anos. Pode parecer forçado comparar um projeto científico a um show de televisão. Mas, quando bolou o programa Big Brother, o produtor holandês John de Mol tinha na cabeça justamente uma grande experiência levada a cabo nos Estados Unidos. ?Tive a idéia depois de ler uma reportagem sobre aqueles malucos que se trancaram num jardim, para fingir que moravam em outro planeta?, lembra ele. De Mol se refere ao projeto Biosfera 2, um imenso domo de 17.000 metros quadrados, construído no deserto do Arizona, onde um grupo de oito cientistas viveria fechado por dois anos, entre 1991 e 1993.
Outro exemplo de contato entre espetáculo e ciência é o programa The Human Zoo, uma série em três capítulos produzida pela TV inglesa e transmitida em abril pelo canal Discovery nos Estados Unidos. Durante uma semana, doze pessoas ficaram isoladas num alojamento no interior da Inglaterra. Elas sabiam que estavam sendo filmadas, mas desconheciam o objetivo exato dos testes a que eram submetidas – verificar até que ponto a sociabilidade e a capacidade de afeição podem ser afetadas por condições externas adversas. Os psicólogos encarregados de acompanhar o grupo prepararam uma série de situações a ser vividas pelas ?cobaias?. Primeiro, criaram um ambiente de paz e amor entre os participantes. Em seguida, dividiram-nos em dois times e mandaram que eles realizassem tarefas juntos. Algumas delas envolviam riscos físicos, como uma escalada no meio da mata. Detalhe: quem participava de uma equipe não podia demonstrar nenhuma solidariedade para com os adversários, mesmo que os visse em apuros. Quem o fizesse sofria punições e sua única chance de perdão era realizar uma torpeza. Em pouco tempo, até os mais pacíficos passaram a se comportar como carrascos nazistas. ?Os reality shows instituíram formas de observar o comportamento humano que não devem ser desprezadas pela psicologia?, diz um dos idealizadores do The Human Zoo, o pesquisador americano Philip Zimbardo, da Universidade de Stanford. Ele é um pioneiro nesse ramo de estudo. Em 1971, ganhou fama por manter 24 alunos enfurnados numa jaula, no porão de sua universidade.
Com um custo de 150 milhões de dólares, o projeto Biosfera 2 acabou fracassando em sua meta científica, que era manter os habitantes da redoma completamente isolados do exterior. Uma das principais causas disso foram os problemas de relacionamento surgidos entre as quatro mulheres e os quatro homens que tomavam parte do experimento. Para lidar com o stress, por exemplo, um dos cientistas deu um jeito de contrabandear do ?mundo real? um suprimento de pílulas para dormir. As relações entre eles se deterioraram progressivamente. No final, o ataque de fúria de dois pesquisadores resultou na destruição de vários equipamentos. E houve até uma acusação grave de assédio sexual dentro da redoma. Dos treinamentos com astronautas da Nasa aos experimentos do The Human Zoo, nota-se que alguns padrões de comportamento tendem a se repetir, numa ordem mais ou menos constante. Passado o período inicial de congraçamento, as diferenças culturais e de formação começam a produzir estragos na união do grupo. Ocorre, então, a divisão em facções, como se vê na disputa entre homens e mulheres de Casa dos Artistas. À medida que o stress do isolamento eleva a ansiedade, não é raro haver conflitos de liderança e até escaramuças físicas.
Casa dos Artistas, evidentemente, está longe de ser uma experiência radical, mesmo no plano do entretenimento. As regras são bastante maleáveis – tanto que o ator Alexandre Frota, um dos mais conhecidos da turma, saiu e voltou. Ainda assim, seus participantes começam a sofrer com a experiência. Dias atrás, o modelo Mateus Carrieri fez no ar um desabafo. ?Nunca dei tanto valor à minha liberdade. É péssimo ter de viver obedecendo a um monte de regras?, disse ele. Carrieri não falou só por falar. O modelo já exibe alguns sinais evidentes de stress. Na terça-feira passada, teve uma crise nervosa e chorou. Precisou ser atendido pela psicóloga contratada pela produção do programa. Débora, esse é o nome da profissional, faz diariamente um plantão de três horas na Casa dos Artistas. Fica na sala onde foram instalados os vídeos que monitoram os movimentos de atores e modelos. Ela permanece alerta para tudo o que está acontecendo, mas só interfere em último caso. Além de Carrieri, Alexandre Frota e o roqueiro Supla, filho da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, já usaram seus serviços. Esses momentos de crise não foram mostrados aos espectadores. Mas o público tem tido farta oportunidade de conferir a formação de complôs para eliminar este ou aquele adversário. As estratégias individuais para permanecer no programa também são identificáveis. Há os explicitamente calculistas, como a modelo Núbia Ólive ou Alexandre Frota, e aqueles que fingem querer ficar à margem dos conchavos. A troca de farpas anda se acirrando nos últimos dias. ?O Frota é o melhor exemplo de que o homem descende do macaco?, disse a cantora Patricia Coelho, tentando dar ao comentário um tom de brincadeira. Como todas as pessoas que estão no jogo têm alguma experiência diante das câmaras, elas fazem tipo, sim. Mas ninguém consegue interpretar em tempo integral e, muitas vezes, os participantes baixam a guarda, esquecendo-se de que estão sendo filmados. Boa parte do material que não vai ao ar é composta de cenas que beiram o escatológico e nas quais há uso abundante de palavrões.
Do lado do público, pode-se dizer que o apetite voyeurístico é mesmo um dos ingredientes principais do interesse despertado por Casa dos Artistas. Mas essa não é uma distorção do capitalismo periférico, do neoliberalismo, da indigência cultural dos brasileiros ou coisa desse tipo. Num país altamente instruído como a França, um programa semelhante, Loft Story, também mesmerizou multidões. Bisbilhotar a vida do outro é algo entranhado na alma humana. A palavra voyeur surgiu no século XIX, para designar os indivíduos que obtêm prazer sexual observando outras pessoas nuas ou em situações de intimidade. O termo foi usado em 1866 na obra Psychopathia Sexualis, um catálogo que descreve as várias formas de fetiche e perversão, de autoria do psiquiatra alemão Richard von Krafft-Ebing. Mas foi seu aluno Sigmund Freud, o pai da psicanálise, quem soube explicar o mecanismo por trás dessa vontade irrefreável de obter prazer vendo o proibido. Freud mostrou que esse impulso faz parte da vida das pessoas comuns – e só em casos extremos assume forma patológica. De acordo com ele, o voyeurismo está ligado a um desejo que surge na primeira infância.
?Estamos falando da curiosidade que leva uma criança a espiar pela fechadura do quarto dos pais, para saber o que acontece lá dentro. Existe até uma expressão freudiana para designar esse processo: é a fantasia da cena primitiva?, explica o psicanalista Renato Mezan. Como dá para perceber, o símbolo de Casa dos Artistas – um buraco de fechadura – é bem apropriado. Mezan acrescenta que, no caso do programa do SBT, as câmaras funcionam como uma extensão dos olhos do espectador. Buscam satisfazer sua curiosidade sexual. De fato, o que parece galvanizar a atenção do público é a possibilidade de presenciar cenas de intimidade amorosa entre os participantes. Acompanha-se o ?nada?, na expectativa de que se possa ver ?tudo?. Não por acaso o SBT selecionou tipos sensuais para integrar o elenco do seu show. São pessoas vulgares na vida real e nos vídeos do SBT. Mas todos são jovens, bonitos e de corpo bem torneado. A expectativa de sexo num grupo assim parece apenas um desdobramento natural da armação.
Casa dos Artistas não é uma jaula desconfortável. Seus protagonistas têm à disposição um jardim com piscina, sala de ginástica, mesa de pingue-pongue e, na semana passada, foram presenteados com um aparelho de videokê. Às vezes, um enfermeiro é requisitado para fazer um curativo. Ele já cuidou da sambista Nana Gouvêa, que queimou a mão cozinhando, e da cantora Patricia Coelho, que teve uma reação alérgica enquanto tentava descolorir o buço. Na quarta-feira passada, eles receberam uma visita especial: a de Silvio Santos. Ele passou quinze minutos conversando com o grupo. Falou sobre a repercussão do programa e ouviu de Núbia Ólive um pedido para que o valor dos prêmios fosse aumentado. ?Eles estão reclamando de barriga cheia?, disse Silvio a VEJA, que acompanhou o dono do SBT nessa visita e pôde conferir os bastidores da atração.
A casa fica no bairro paulistano do Morumbi e é vizinha da mansão do próprio Silvio. Sua área construída é de 800 metros quadrados, dos quais 600 são habitados pelos artistas. O restante do espaço é usado para acomodar a parafernália necessária às gravações. Cem pessoas, que se revezam em turnos de quatro horas, circulam pelos bastidores. Na sala de direção, há setenta aparelhos de vídeo, que exibem as imagens captadas por 33 câmaras. Dessas, 27 são controladas a distância, por joystick. As outras ficam nas mãos de operadores, que trabalham num corredor escuro, de 1 metro de largura e 2 de altura, que fica atrás das paredes dos cômodos da casa e tem aberturas de vidro através das quais é possível filmar. Para os artistas, essas aberturas funcionam como espelhos comuns. Eles não podem ver o que está do outro lado. ?Como todos os operadores são marmanjos, a briga é para ver quem vai ficar no quarto das mulheres?, brinca um produtor. A aparelhagem de áudio também é sofisticada. Todos os artistas andam com um microfone de lapela e há 26 outros espalhados pela casa. Com isso, até cochichos podem ser ouvidos. O cantor Supla e a atriz Bárbara Paz estão envolvidos num chamego e às vezes abaixam a voz para ter um pouco de ?privacidade?. Na semana passada, enquanto os dois dividiam a mesma cama, os microfones captaram um dos elogios sussurrados por Supla: ?Como sua mão é forte!?. Ah, sim, depois os dois acabariam indo um pouquinho adiante, adiante, adiante. Sempre sob uma coberta.
O SBT gastou 5 milhões de reais com Casa dos Artistas – e organizou uma verdadeira operação de guerra para manter segredo sobre sua montagem, realizada entre meados de agosto e meados de outubro. Os envolvidos no projeto eram obrigados a assinar um termo de sigilo. Os pedreiros, jardineiros e decoradores contratados não sabiam o que estavam construindo. ?Eles faziam apostas. Por causa dos espelhos, achavam que era um cassino clandestino ou até um bordel?, lembra Alfonso Aurin, superintendente do SBT. Os doze participantes que começaram as gravações saíram de uma lista com 25 nomes. Contrariando a tendência da maioria dos reality shows que têm feito sucesso pelo mundo afora, o SBT optou por trabalhar com gente que já desfrutava de certa fama, e não com anônimos. Os escolhidos deveriam ser capazes de seduzir um público jovem. Deveriam também ser desinibidos. Esse requisito foi bem atendido: das seis mulheres, quatro já haviam posado nuas (Alessandra Iscatena, Nana Gouvêa, Núbia Ólive e Mari Alexandre). O mesmo se aplica a três dos seis homens (Alexandre Frota, Marcos Mastronelli e Mateus Carrieri).
A estréia de Casa dos Artistas teve o efeito da explosão de uma bomba. Seu conceito, como já dito, é semelhante ao do Big Brother, o que deixou a Rede Globo furiosa. A emissora carioca é dona dos direitos de exibição desse programa no Brasil. Sentindo-se lesada, ela entrou com um processo contra o SBT, alegando plágio. Os advogados de Silvio Santos conseguiram até agora contornar o problema. Nos outros dias da semana, o programa vem roubando espectadores da novela O Clone, justamente no momento em que ela ganhava força entre o público. O bom desempenho da atração já está rendendo frutos mais palpáveis a Silvio Santos. Ele está vendendo rapidamente as inserções publicitárias nos intervalos de Casa dos Artistas, a um valor médio de 90.000 reais cada trinta segundos de propaganda. A realidade é um show ainda melhor quando dá dinheiro."