TELEJORNAL & HUMOR
"Humor pode afetar a notícia?", copyright O Estado de S. Paulo, 18/11/01
"Márcio Canuto dá um abraço espalhafatoso no colega Brito Jr., ao chegar aos estúdios do SPTV 1.? Edição, na Globo de São Paulo. São 121 quilos de gestos largos, puxavões de bochecha e gargalhadas rasgadas, que fazem cócegas em quem passa. Brito ri antes de engatar animado papo sobre o programa do dia anterior.
Há mais de três anos, um entusiasmo genuíno une Canuto e Brito Jr. pelo que fazem. Juntos, dão molho ao noticiário ancorado com competência por Chico Pinheiro. O tempero da dupla é feito de humor e improviso, o que dá à informação um ar nada ortodoxo. Brito já cantou rap, tocou saxofone e foi exorcizado por Zé do Caixão. Canuto posou de smoking em buracos, vestiu fantasias de escolas de samba e até agarrou um prefeito enquanto pulava sobre uma ponte ameaçada de desabamento.
O estilo dos dois coleciona admiradores e histórias divertidas, mas também uma proximidade por vezes incômoda com o sensacionalismo. ?Vivemos sob um fio em que a informação trisca o sensacional sem ser apelativa?, diz Canuto. ?O desafio é transformar assuntos do cotidiano numa boa história. Daí o espaço para o humor que o povo faz, as histórias que ele conta. Não abusamos das pessoas em nome de um show.?
Brito Jr. afirma que se policia para não ultrapassar limites. ?Há uma linha tênue entre o show e a notícia, que, quando nos aproximamos demais, se arrebenta?, admite. ?Tentamos mostrar que é possível dosar temas leves e denúncias; e abordar casos graves de forma descontraída.?
Para Brito, o humor pode ser arma da informação. ?Como falar para a população inteira sobre fatos que interessam a um bairro, uma rua só, sem que se perca o interesse?? Mas nada é infalível, avalia. ?Caço um leão ao dia e às vezes não consigo matar o bicho.?
Limites – Há duas semanas, sentiu tais limites na pele. Ao cobrir o lançamento do museu de Zé do Caixão, Brito diz que se atrapalhou ao encenar o próprio exorcismo. ?Chegamos em cima do laço e José Mojica Marins (Zé do Caixão) não estava. O lugar era envidraçado, para meter medo à noite, mas muito sem graça de dia. Fizemos a cena na Casa do Terror, ao lado, com um monte de gente fantasiada?, lembra. ?Levei tanto susto na produção do material que esqueci as informações. Não pus toda notícia no ar, quanto custa a entrada, onde fica, quantos anos de carreira tem o Mojica.? Apesar do orgulho de virar ?diretor? de Zé do Caixão, a reportagem não o satisfez. ?Foi polêmico.?
Casos assim são discutidos e correções de rota, feitas após cada edição do SPTV, pelo diretor de Jornalismo Amaury Soares. ?Apostar em informalidade e improviso é bom, mas com atenção permanente para que não vire obsessão?, diz. ?O SPTV é parceiro da comunidade para buscar soluções, não para explorar desgraças. Por isso, não pode ser considerado sensacionalista?, continua. ?Irreverência num repórter não é obrigação, naturalidade sim, seja ele sério ou não. A condição é que o repórter seja o mais parecido com quem nos vê. Chico Pinheiro amarra tudo.?
A identificação com a comunidade dá a Canuto e Brito Jr. posições de peso no projeto de Soares. ?O papel de Canuto é percorrer os caminhos do paulistano que precisa usar o serviço público?, avalia Soares. ?Já Brito Jr. traz os comportamentos, os modismos que surgem e desaparecem.?
Despojamento e naturalidade credenciaram Canuto e Brito Jr. Muitas coincidências aproximam a carreira dos dois. Começaram na TV no início dos anos 80. No rádio, aprenderam a atuar ao vivo. Ambos mudaram de rumo com o SPTV.
Trajetórias – Canuto largou 32 anos nas Organizações Arnon de Mello, em Maceió, com vida estruturada e dois filhos, Mariana e Pedro, de 16 e 20 anos. Era tão querido em Alagoas que sua despedida em 1998 foi num estádio lotado, com jogo de CSA e CRB, interrompido para ele descer de helicóptero no gramado. Brito era o repórter típico, sisudo e engravatado, que sonhava ser correspondente ou ?estar em rede nacional?. ?Fiquei fascinado pelo projeto?, diz Canuto. ?O que fazemos é página nova no jornalismo?, completa Brito.
Começaram cedo. Hoje aos 55 anos, Canuto tinha 17 quando atuou no jornal O Semeador, da Arquidiocese de Maceió. ?Ganhara uma permanente (carteira de jornalista, que garantia entrada em estádios) e, para justificá-la, comecei a escrever?, lembra. Brito estreou em 1979, no rádio, aos 16 anos. Em 1980 estava na RBS de Porto Alegre, afiliada da Globo.
O ano de 81 foi vital para ambos. Brito Jr. era narrador de futebol. Certa vez, narrava uma partida em Caxias do Sul (RS), que só terminou 15 minutos após o início de um filme exibido pela matriz no Rio. Como a sincronia entre RBS e Globo não era perfeita e a afiliada não exibiria filmes pela metade, Brito improvisou. ?Fiquei 1 hora e meia falando sem parar, até conectar a programação.?
Canuto viveu algo parecido. Na TV Gazeta, apresentava noticiário esportivo entre a novela das 7 (gravada e enviada às afiliadas) e o Jornal Nacional (ao vivo). ?As lacunas de programação mudavam de tamanho todo dia, podiam ser 50 segundos ou 15 minutos. Se eu preparava texto demais, tinha de cortá-lo ao vivo; se tinha de menos, enrolava descaradamente.? O teste de fogo foi a primeira matéria, em 81. Logo no JN, sobre jogo de Brasil e Irlanda. ?Hoje, se pedem que repasse o texto antes de ir no ar, pergunto ?que texto?? Sei a primeira frase e a segunda, depois as coisas vão se sucedendo.?
Eles acreditam que improvisar forjou seus estilos. Canuto ganhou fama na Copa de 86, ao deitar no asfalto da Avenida Presidente Vargas, no Rio, para mostrar que o País parava para ver a seleção. Há dois meses, soube que uma rua de Carapicuíba tinha dois nomes (Califórnia e Kansas), quatro números ?5?, três números ?17?. ?Quando definiram que o nome seria Califórnia, levei meu passaporte para carimbar?, ri.
Diferentemente do colega, o estilo de Brito se moldou com o tempo. Começou a escapar do formato ?professoral? das reportagens em 1996, no SBT. De volta à Globo, buscou novos ângulos para abordar notícias. ?Só começo matéria com uma imagem forte ou algo diferente?, diz. Não foi surpresa quando a rede o escalou para narrar o carnaval. ?Cobri tanto as escolas que tinha mais a dizer que os narradores habituais.?
Para ambos, muito preconceito está por trás das críticas. ?As pessoas confundem proximidade do povo com apelação. Antes de fazer reportagens, ouço as pessoas na rua, vejo quem tem histórias. Narrá-las é nosso trabalho?, diz Canuto. ?Na TV, há espaço para o bom e mau jornalismo, para Aqui Agora e SPTV. A escolha é do público?, diz Brito. ?Na minha época, havia a expressão amassa-barro, um preconceito com quem cobria buracos ou pequenos problemas da comunidade. Estamos desafiando essa mentalidade.?"
TV PAGA
"Sony desponta como líder de ibope em TV paga", copyright O Estado de S. Paulo, 16/11/01
"Mesmo perdendo para o Warner a nova temporada de seu maior sucesso, o seriado Friends, o canal Sony despontou como líder de audiência em TV paga, segundo medição média do Ibope de agosto a outubro.
Fontes do mercado publicitário dizem que na pesquisa, o Sony aparece como líder no horário nobre, das 19 horas à meia-noite, mantendo em média 0,59 pontos de audiência. Em segundo lugar vem o Cartoon Network, marcando 0,43 pontos de média. Em terceiro, o Fox, com O,29.
O canal de notícias que aparece melhor posicionado na pesquisa é o GloboNews, que está em sétimo lugar, marcando 0,2 pontos.
O Sony lidera em audiência na média geral, que compreende a programação 24 horas ao dia, marcando 0,41 pontos de média. O Cartoon fica novamente em segundo e o Discovery, em terceiro. A reprise de várias temporadas de Friends é um dos maiores responsáveis pela boa média do Sony na última medição.
Na primeira medição de TV paga, divulgada pelo Ibope em abril, os canais que tiveram maior audiência foram: em primeiro lugar TNT, Cartoon em segundo, AXN em terceiro, e Discovery em quarto. O Sony apareceu como o quinto canal mais visto na média geral do dia.
O target selecionado para a pesquisa é composto por homens e mulheres entre 18 e 34 anos, telespectadores da TV paga, de classes A e B, residentesem Sao Paulo e no Rio de Janeiro.
SÍTIO DO PICAPAU AMARELO
"Famosos participarão do ?Sítio?", copyright O Estado de S. Paulo, 14/11/01
"Emília e sua turma receberão convidados ilustres no Sítio do Picapau Amarelo. A Globo resolveu investir em participações de astros no infantil, a partir da semana que vem. Um dos primeiros a chegar ao Sítio é Ney Latorraca, que fará o personagem Barão de Munchausen. Latorraca atuará na festa de Dona Benta, armada por Emília, Narizinho e Pedrinho a partir de segunda-feira. A comemoração contará com a presença de tipos do Reino da Fantasia. Entre eles estarão Branca de Neve, vivida por Regiane Alves, e Cinderela, personagem de Thaís Fersoza. Marcio Keiling ataca de Aladin e Marcelo Faria será Ali Baba. A participação mais que especial fica por conta do casseta Bussunda, o Gênio da Lâmpada.
A intenção da emissora é rechear o Sítio com novos convidados, sempre que a história o permitir. A emissora também estuda exibir, no período de férias, uma reprise do Sítio à tarde, a pedido de pais e crianças. A reprise pode ir ao ar logo após o Vídeo Show ou antes de Malhação.
Cotas – Mas não é só o elenco do infantil que deve ganhar reforço. O sucesso de audiência do Sítio está despertando anunciantes. Corre nos bastidores que a emissora já pensa em abrir espaço para mais patrocinadores na atração.
Em princípio, a Globo pôs apenas uma única cota de patrocínio do Sítio à venda, que foi abocanhada pela Grendene por cerca de R$ 1 milhão. O contrato com a marca, fechado em outubro, tem três meses de duração."