ELEIÇÕES 2002
"Analisando o analista", copyright Folha de S. Paulo, 16/05/02
"A análise de fatos complexos permite toda sorte de subjetivismo. A própria análise do ?risco Brasil? é exemplo disso. Quando o mercado está para cima, ressaltam-se apenas os pontos positivos; para baixo, os negativos. O país continua o mesmo, mas a maneira de o analista olhar varia de acordo com seus interesses.
Na área política ocorre o mesmo. Há analistas com fino senso prospectivo, que acertam quase sempre, e outros que erram sistematicamente. Só que, como jornal do dia seguinte serve para embrulhar carne, não há diferenciação entre ambos.
Sobre esse estilo, recebi análise divertida de Luiz Guilherme Piva, sob o título ?Manual de Análise Política – Eleições 2002?.
Diz ele:
?1) Espante-se com os números das pesquisas de intenções de voto. Com todas. Mesmo que elas saiam uma após outra, às vezes no mesmo dia. Esqueça a metodologia, as margens de erro, as listagens e as comparações. (…)
2) Depois enumere os fatos e aspectos mais importantes (escolha quatro ou cinco, quaisquer que sejam) do quadro político, ainda que não demonstre nenhuma relação entre eles, e mesmo que eles sejam de impacto muito desigual.
3) Registrada uma desavença qualquer entre membros do PSDB e do PFL e/ou do PMDB, corra e seja o primeiro a escrever sobre a ruína da aliança que elegeu e sustentou FHC. (…) Havendo em seguida a reconciliação, ou ficando evidente que era apenas um bate-boca que não atrapalhou nenhuma votação governista no Congresso, (…) afirme que o governo liberou emendas para sua base se manter unida.
4) Sobre os índices elevados de Lula nas pesquisas, há dois caminhos: o primeiro, dizer que eles representam o descrédito total da população quanto a FHC, que está sendo rejeitado; o segundo, dizer que toda eleição é assim e que Lula está destinado a perder. (…)
5) Sobre os índices de José Serra, escreva que eles são ridículos. Se ele subir, diga que a subida demorou. Se ele, com índices altos, ali se mantiver por um período, diga que ele empacou. (…) Se ele vencer as eleições, glorifique-se com o vaticínio de que Lula estava destinado a perder. Se ele perder, capitalize o que dissera no início, quando ele tinha ridículos percentuais nas pesquisas, sobre as dificuldades que ele teria para crescer.
6) Dê importância sempre às declarações de ACM. Está certo, ele foi ameaçado de cassação no Senado, renunciou, perdeu importância no governo, sua bancada parlamentar está muito fraca, está escanteado no seu partido, tentou bancar a manutenção de Roseana e perdeu, tentou a aliança com Ciro Gomes e perdeu (…), está numa situação muito ruim, mas escreva que ?ACM é ACM?.
7) Duvide sempre de que o PMDB fechará com Serra, apesar de essa aliança estar em curso há dois anos, de a ala oposicionista do partido estar à míngua, de Itamar Franco estar sem opção política e de a cúpula do partido passar os dias e as noites com Serra e FHC. Diga que é jogo de cena. (…) Se mais e mais se confirmar a aliança, fale do fisiologismo do PMDB, das benesses do governo federal, da falta de escrúpulos dos pol&iacuiacute;ticos ou, por fim, da volatilidade do quadro.
8) Creia sempre nas notinhas dos jornais. Em todas. De qualquer jornal. Amplie-as e reproduza-as. Elas renderão análises e conclusões fantásticas. (…) Revele que houve reunião entre um candidato (não precisa dizer o nome) e Roberto Marinho (pode-se também usar ?reunião na mansão do Cosme Velho?). Fale de caixa dois. Faça notas desacreditando o ?noticiário superficial? e revolvendo as ?verdades ocultas?. E termine com reticências…?
A Aneel explica
A propósito da coluna de ontem, José Mário Abdo, da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), esclarece que a agência não autorizava o repasse imediato do efeito da variação cambial sobre a energia de Itaipu porque a lei não autorizava. Tanto assim que foi necessária uma medida provisória para se ter a autorização. Logo, a agência atuou de acordo com a lei, e não de forma voluntariosa, como sustentou a coluna."
"?Por um Brasil melhor: Lula?, diz cartum", copyright Folha de S. Paulo, 14/05/02
"O jornal ?The New York Times? publicou em sua edição de domingo um cartum favorável ao candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva. De autoria de Ted Rall, o desenho coloca um dos personagens com uma camiseta com os dizeres ?For a Better Brazil: Luiz Inacio Lula da Silva? (Por um Brasil melhor: Luiz Inácio Lula da Silva, em inglês).
?É inevitável: como os EUA se reservam o direito de escolher os líderes de outros países, eleitores americanos serão chamados a escolher entre candidatos estrangeiros?, começa a série de quatro quadros. Então, o autor ironiza a influência que o governo americano tenta exercer nas eleições de outros países.
São citados presidentes, candidatos ou políticos do Iraque, França, Cuba, Afeganistão, Nicarágua, Argentina, Serra Leoa, Brasil e Madagáscar (veja reprodução ao lado).
O desenho aparece na seção ?Views? do caderno ?Week in Review? do diário nova-iorquino, que reúne os melhores cartuns da semana na avaliação do jornal. Já havia saído no dia anterior no site oficial do cartunista, www.rall.com, um dia depois de o diário econômico conservador ?The Wall Street Journal? ter publicado forte artigo anti-Lula em sua página de opinião.
Ted Rall, 38, é um dos mais inventivos cartunistas políticos em atividade na imprensa norte-americana. Tem seu trabalho distribuído para 75 jornais e desenha também para as revistas ?Time? e ?Fortune?.
?Viúvas do terror?
Em março, meteu-se em uma polêmica com o próprio ?The New York Times?. Então, o serviço online do jornal retirou do ar um desenho que satirizava as viúvas das vítimas do ataque terrorista de 11 de setembro.
Em seis quadros, o trabalho falava das ?viúvas do terror? e duvidava de suas reais intenções e sentimentos, sugerindo que elas só estavam atrás do dinheiro destinado aos familiares das vítimas e da fama decorrente de programas de entrevistas na TV."
"Band quer primeiro debate eleitoral até junho", copyright Folha de S. Paulo, 16/05/02
"O primeiro debate deste ano com os quatro principais candidatos à Presidência da República poderá ocorrer nos dias 3 ou 10 de junho, com promoção e transmissão da Band. Outra possibilidade é o dia 26 de maio, um domingo, mas nesse caso não seria exatamente um debate, e sim uma série de entrevistas individuais com Lula, José Serra, Anthony Garotinho e Ciro Gomes.
Até o início da tarde de ontem, Fernando Mitre, diretor de jornalismo, ainda articulava o encontro entre os presidenciáveis. Segundo o jornalista, dois candidatos já fecharam. Outros dois estariam com problemas em suas agendas.
Se ocorrer no dia 26, o encontro dos presidenciáveis marcará a volta do ?Canal Livre?, programa de entrevistas bastante conceituado no início dos anos 80. A data de 3 de junho poderá ser descartada porque coincide com a estréia do Brasil na Copa do Mundo.
Além das agendas dos candidatos, há um outro problema. Não há consenso entre os advogados consultados pela Band se debates eleitorais antes de 6 de julho (quando estará liberada a propaganda dos candidatos) não poderiam ser interpretados como infração à legislação eleitoral. A rigor, debates já estão permitidos, mas, até 6 de julho, não podem configurar propaganda eleitoral.
A Band irá fazer debates também com candidatos a governadores. A Globo já articula encontros e a Record estuda o assunto.
OUTRO CANAL
Gás
A estratégia da Globo de exibir o ?Casseta & Planeta, Urgente? (37 pontos) antes da estréia de ?Big Brother Brasil 2?, sem o impulso de ?O Clone? (54), derrubou o ibope do ?reality show?. O programa deu média de 29 pontos, 20 a menos do que a estréia da primeira edição. Só não foi uma tragédia porque a audiência foi 9 pontos superior à média da faixa das 23h.
Acaju
Supla apareceu fantasiado de Silvio Santos nas gravações de três edições do ?Show do Milhão? com ex-competidores de ?Casa dos Artistas 2?. Na bancada dos universitários, usava terno claro, peruca em tom castanho, microfone pendurado no pescoço e anéis. Silvio Santos não gostou e não fez brincadeira com a situação.
Emprego
Ex-?Casa dos Artistas 2?, Cinthia Benini fechou ontem de manhã contrato de um ano com o SBT, como apresentadora e atriz. Irá participar de novelas, mas seu programa ainda é dúvida.
Céu
Depois do Globocop e do Águia Dourada, vem aí o Falcão Azul. Assim foi batizado o helicóptero que a Rede TV! comprou. Anteontem, a emissora contratou o comandante Hamilton Alves da Rocha, que havia perdido para a Record na semana passada.
Bola
A Fox negocia com operadoras lançar em agosto o canal Pan American Sports, que comprou direitos esportivos do falido PSN."
TV NIZAN
"Nizan ganha canal de televisão em SP", copyright Folha de S. Paulo, 16/05/02
"O publicitário Nizan Guanaes, responsável pela campanha do senador José Serra (PSDB-SP) à Presidência da República, obteve do governo federal autorização para operar uma retransmissora de TV na faixa de UHF em Santo André, cidade na região do ABC, na Grande São Paulo.
No ano passado, em outubro, Nizan e um sócio -João Augusto Marques Valente- haviam comprado uma geradora de TV no sul da Bahia: a TV Sul Bahia.
Com a geradora, Nizan precisaria de uma retransmissora para transmitir os sinais dos programas gerados pela TV Sul Bahia, que fica na cidade de Teixeira de Freitas (BA). A autorização concedida pelo governo permite a ele transmitir, via satélite, os sinais de sua geradora na Bahia para Santo André -e, no ABC, retransmitir a programação localmente pelo canal 40 (UHF).
Nizan Guanaes
O publicitário Nizan Guanaes disse à Folha que não era segredo que tentava obter um canal de TV. ?Eu tentei alugar um tempo na TV Bandeirantes, no Canal 21 de São Paulo. Mas não consegui. Entrei com o pedido no ministério em fevereiro deste ano.?
Segundo Nizan, é importante notar que se trata de uma TV em UHF, ?e não um canal de TV aberta; é um tipo de TV muito mais restrito?. Seus planos são começar a preparar a programação em 2003. ?Com a confusão toda do trabalho na campanha, vou deixar para o ano que vem.?
Sobre o fato ter acertado há alguns dias sua participação na campanha de José Serra, e logo depois ter recebido o canal do governo, Nizan declarou que os dois fatos não têm relação entre si. E afirmou: ?Não poderia haver hora mais inconveniente [para a liberação]. Quando comecei a pleitear eu estava fazendo a campanha de Roseana Sarney. Sou totalmente independente. É um projeto profissional?."