TALIBÃ AMERICANO
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está investigando se funcionários do governo vazaram informações para a imprensa sobre o caso de John Walker Lindh, americano que lutou com a milícia talibã. O juiz T.S. Ellis III, que selou documentos com detalhes da captura de Lindh sob a alegação do governo de que eles poderiam instruir terroristas, pediu que fosse apurado um possível vazamento após a publicação de artigo na Newsweek citando e-mails internos do departamento.
As informações confidenciais dizem respeito a um assunto central do processo: se o depoimento de Lindh sobre a experiência com o Talibã, cedido quando ainda estava sob custódia americana, pode ou não ser usado contra ele. Para a defesa, as declarações devem ser descartadas porque ele não foi imediatamente levado a um magistrado, como exige a lei criminal federal. A promotoria rebate dizendo que esta argumentação ignora a diferença entre uma prisão civil e a detenção de um soldado inimigo pelo militares. Informa a AP [15/7/02] que, devido a pedidos do Congresso, o Departamento de Justiça mantém diversas investigações sobre o vazamento de informações para a imprensa, apurando os danos causados à luta contra o terrorismo.
Segundo Esther Schrader [Los Angeles Times, 16/7], o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, já se manifestou a respeito, em memorando a altos funcionários militares e civis do Pentágono. No documento ? escrito após o New York Times ter revelado planos confidenciais de invasão do Iraque, o que enfureceu o secretário ?, Rumsfeld alega que o vazamento coloca vidas em risco. Ele anexou relatório da CIA, preparado a seu pedido, afirmando que os militantes da al-Qaida “aprenderam muito sobre a capacidade da inteligência anti-terrorista pela mídia americana e estrangeira”.
Risco de processo
Apesar do protesto de organizações como Fox, ABC, CBS, New York Times e Washington Post, um juiz federal decidiu que Robert Pelton, repórter freelance da CNN, pode ser intimado a depor no processo de John Walker Lindh. Pelton o entrevistou em dezembro numa prisão afegã e, segundo a defesa, teria agido como agente do governo americano para obter informações, o que tanto ele quanto o governo negam.
O juiz rejeitou a alegação dos advogados do freelancer de que a Primeira Emenda lhe daria o privilégio de não testemunhar por ser jornalista. Para ele, Pelton poderá relatar a condição de Lindh quando foi entrevistado. Informações de Matthew Barakat [AP, 12/7/02] e Deborah Charles [Reuters, 12/7].