VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS
A ONG Repórteres Sem Fronteiras expressou "extrema preocupação" com a prisão de mais cinco jornalistas por autoridades iranianas em meados de julho. "Estamos muito preocupados", disse Robert Ménard, secretário-geral da ONG, "não apenas porque 14 jornalistas foram presos por autoridades iranianas no último mês ? um recorde triste para o país ? mas também porque as cinco novas detenções fazem com que chegue a 22 o número de jornalistas atualmente presos no Irã."
Segundo comunicado oficial do RSF [14/7], em 11 e 12 de julho, Hossein Bastani, Vahid Ostad-Pour e Said Razavi Faghi, todos editores do diário reformista Yass-e No, assim como Chahram Mohamadi-Nia, diretor do semanário Vaght ("O Momento"), foram intimados pelo procurador do Estado de Teerã, Said Mortazavi, antes de serem presos.
Yass-e No publicou, em 10/7, um artigo explicando que os editores tinham preparado uma edição completa das manifestações de 9/7, mas haviam recebido ordens do Ministério da Inteligência para não publicar o texto.
De sua parte, Mohamadi-Nia, acusado de publicar "foto e artigo impuros", foi preso por não poder pagar fiança no valor de 11 mil euros.
O quinto jornalista preso foi Arash Salehi, jornalista independente, detido nas ruas de Teerã.
Além dos jornalistas, foi preso também Issa Saharkhiz, ativista de direitos humanos, devido a acusações sobre um artigo publicado há um ano.
Dois jornais reformistas foram fechados na semana passada: o diário Hambastegi e o semanário Javan. Khatami decretou o fechamento de mais de 90 jornais nos últimos 13 anos, bem como a detenção de dúzias de jornalistas e ativistas, geralmente em julgamento fechado, sem júri ? uma violação da Constituição ?, mas diz não ter poder para impedi-los.
A única alta dos últimos dias no Irã veio com a libertação do jornalista Ensafali Hedayat, no dia 12/7, após 27 dias em cela individual.
De acordo com informações da AP [17/7], Khatami ordenou que seus ministros da Justiça e da Inteligência revejam seus poderes judiciais e securitários sobre jornalistas.
Sobre a recente onda de protestos, as autoridades aconselharam jornalistas a manter distância. Uma ordem oficial divulgada no mês passado alertava jornalistas para o perigo de se aproximar demais do levante.