REVISTA DO LE MONDE
Leneide Duarte-Plon, de Paris
A campanha publicitária de lançamento da revista Le Monde2, que passou a circular no último fim de semana (data de capa 18-19 de janeiro) dentro do jornal Le Monde, dizia que a revista "vai mudar o sentido do fim de semana" de seus leitores. Pelo menos, é o que pretende.
A revista já existia independente do jornal, era vendida mensalmente com uma tiragem de 130 mil exemplares, e agora passa a ser parte integrante da edição do Le Monde week-end. O nome da revista é o mesmo mas o espírito e a diagramação mudam um pouco: fica mais leve e dinâmica. Le Monde2 é feita por uma equipe de 40 jornalistas.
"Se o Le Monde é, na França como no estrangeiro, o diário de referência, é graças à criatividade da sua redação. Hoje, mais que nunca, a imprensa escrita deve investir na qualidade do conteúdo, avalia Jean-Marie Colombani, o todo poderoso diretor-geral do Grupo Le Monde.
A revista Le Monde2 é o mais forte apelo do jornal para aumentar as vendas do fim de semana, quando tem uma tiragem de 600 mil exemplares. A revista é a grande novidade mas o jornal tem outros apelos para o sábado e o domingo do seu leitorado: o suplemento Dinheiro, a seleção de artigos do New York Times em inglês, que já circula há mais de um ano, e um novo suplemento de classificados ? que o jornal nunca teve ? em tamanho tablóide chamado Les vitrines du week-end, no qual se anunciam carros e motos, barcos, apartamentos e casas, móveis e acessórios. Por 2,50 euros (cerca de 8 reais), o leitor leva para casa no sábado leitura para todos os gostos. O Le Monde diário custa 1,20 euro (cerca de 4 reais).
O primeiro número de Le Monde2, de 106 páginas, tem na rubrica "Portfolio" uma grande reportagem sobre o fotojornalista René Burri, homenageado com uma exposição em Paris, na Maison Européene de la Photographie, com o lançamento de um livro e com um documentário.
A capa da revista é a escritora Arundhati Roy, cujo perfil de nove páginas é a matéria principal. A autora do livro O Deus das pequenas coisas, chamada de "Combatente", uma espécie de Passionária" da altermundialização, figura-símbolo do IV Fórum Social Mundial, que este ano marcou encontro com os militantes em Mumbai, na sua Índia natal, é uma pedra no sapato dos poderosos ? seja George Walker Bush ou o governo de seu país. Seus artigos políticos são publicados em jornais do mundo inteiro, entre eles The Guardian e Le Monde.
Nunca aos domingos
Na rubrica "Les archives du Monde" (Os arquivos do Monde), a grande reportagem intitulada "De Lawrence a bin Laden, a Arábia dos Saud" resume em 15 páginas a história do reino saudita, primeiro produtor mundial de petróleo, aliado dos americanos, país natal de bin Laden e de 15 dos 19 kamikazes do 11 de Setembro, e país da cidade mais sagrada do Islã, Meca. O reino saudita também é a terra de origem do wahhabismo (corrente fundamentalista do islamismo),
Le Monde é o segundo jornal mais lido no mundo pelos formadores de opinião ? que, além disso, o consideram o mais influente depois do Financial Times.
Coincidência ou não, na mesma semana em que o Monde lançava sua edição de fim de semana enriquecida de novos suplementos e da revista, o jornal Le Figaro seu principal concorrente, investia numa promoção inédita na França: durante dez semanas, o maior jornal francês de direita oferece, por mais 3 euros, um DVD com a edição de fim de semana, que já inclui há muitos anos a revista Figaro Magazine.
Na França, os grandes jornais não circulam aos domingos ? dia em que vai para as bancas um jornal semanal chamado Journal du Dimanche.