Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Mais perto do computador

TV INTERATIVA

O volume de informações na telinha aumentará nos próximos dois meses, quando serão lançadas novas versões do CNN Headline News e do ESPNews. A partir de 6 de agosto, o programa da CNN incluirá notícias financeiras, manchetes e mapa climático, deixando apenas metade da tela para o âncora. Já em 7 de setembro, o programa de notícias esportivas deixará o velho formato linear de fornecer resultados de jogos, adotando uma faixa maior que incluirá atualizações de jogos e itens noticiosos.

As mudanças, na opinião de Lynn Elber [The Associated Press, 18/7/01], são efeito da transformação dos telespectadores na era do computador. Cada vez mais, emissoras de TV aberta ou paga estão ficando parecidas com uma tela de computador. "O problema da TV é sua linearidade", afirmou Larry Gerbrandt, analista da indústria.

As mudanças no CNN Headline News, de acordo com Teya Ryan, vice-presidente executiva do canal, é um reconhecimento de que computadores afetaram hábitos de consumo. Com uma variedade de notícias na tela, telespectadores podem focar sua atenção imediatamente no que quiserem ? tipo de imediatismo até então restrito à mídia online.

Os novos dispositivos são precursores embrionários da verdadeira interatividade entre TV e computador, na qual telespectadores poderão clicar no ícone que fornece a notícia que convier. O equivalente brasileiro que mais se aproxima desse novo formato está na Band News, canal a cabo de notícias 24h lançado neste ano pela Bandeirantes.

Como a mudança afetará os principais anunciantes é uma questão a ser estudada. A ESPNews continuará transmitindo a faixa com notícias durante os comerciais e o CNN Headline News está estudando tal prática.

INGLATERRA

Charles Allen, executivo-chefe da Granada Media, desencadeou uma série de críticas na Inglaterra quando enviou carta ao primeiro-ministro britânico Tony Blair avisando que sua companhia perderia para os concorrentes estrangeiros se o governo não aumentasse logo as restrições sobre propriedade de mídia.

Gerry Murphy, executivo-chefe da Carlton Communications, que com a Granada detém a ITV, maior TV comercial da Inglaterra, considerou os comentários de Allen histéricos e desnecessariamente assustadores. Já Christopher Bland, presidente da BBC, aconselhou-o a ficar calado.

A montagem do circo, de acordo com Suzanne Kapner [The New York Times, 16/7/01], parece estar ligada a Survivor, o reality show que inspirou o brasileiro No Limite e é transmitido pela ITV. Por trás do discurso passional, os problemas das emissoras britânicas com novos concorrentes de TV a cabo e via satélite são menores do que a dura realidade da queda do faturamento publicitário. Ao mesmo tempo, rivais europeus começaram a consolidar fusões que podem deixar a TV britânica em desvantagem ainda maior.

Os problemas da indústria televisiva na Inglaterra são estruturais. A primeira TV comercial apareceu em 1954, quando a ITV conseguiu licença para transmissão em 15 regiões do país. A grande parte das licenças acabou nas mãos da Granada e da Carlton, mas as regras do governo garantem o fim da concentração.

Ao escrever sua carta a Blair ? que vazou para a mídia ? Allen pressionava o governo a restringir mais o acesso às licenças. A lógica, segundo analistas, é que uma companhia pode dirigir a ITV mais eficientemente do que duas. Hoje em dia, eficiência é ingrediente especialmente importante no funcionamento de uma emissora devido ao número decrescente da audiência, espalhada agora pela TV paga.

    
    
                     

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