VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS
Já são nove os jornalistas detidos nas últimas semanas no Irã, em local desconhecido, devido à publicação de manifestos estudantis. A prisão mais recente foi de Ali Akrami. Parentes e advogados não têm notícias dos jornalistas desde a prisão.
Em comunicado oficial, a ONG Repórteres Sem Fronteira [2/7] advertiu as autoridades sobre a campanha orquestrada por funcionários da Justiça na imprensa conservadora, segundo a qual todos os estudantes e jornalistas detidos são tratados de “mohareb” (indivíduos que lutam contra Deus, crime passível de condenação à morte). [O poder do líder religioso supremo vem sendo cada vez mais questionado por estudantes e intelectuais reformistas, que promoveram protestos em várias cidades nas últimas semanas.]
A ONG voltou a pedir a libertação dos jornalistas presos no país ? 17 no total. As detenções das últimas semanas deram ao Irã o título de maior prisão de jornalistas do Oriente Médio.
Akrami trabalhava para o diário reformista Nedat Eslahat, fechado por tempo indeterminado pelas autoridades. Sua mulher afirma que não o vê desde 16/6. Saïd Mortazavi, procurador do Estado, disse recentemente que os jornalistas estão presos em Evin; os advogados de defesa, no entanto, visitaram a prisão e não encontraram seus clientes, nem a menção de seus nomes nas fichas internas.
Nesse ínterim, Mohsen Sazgara, editor do sítio Alliran e do diário reformista Jameh, também fechado, continua em greve de fome, iniciada quando de sua prisão, em 15/6.
Censura avança sobre a web
O Irã, com tecnologia avançada importada dos EUA, está bloqueando sítios que contenham material pornográfico e textos de oposição ao governo. Segundo Farhad Sepahram, funcionário do Ministério das Telecomunicações, mais de 140 sítios que promovem sexo, dissidência contra o regime islâmico e até dança foram fechados no último mês. De acordo com a AP [1o/7], a maioria dos sítios bloqueados pertence a grupos de oposição. Entre os proibidos está um programa em persa da Voz da América e Radiofarda, programa de rádio financiado pelos EUA, também em persa.
O analista Saeed Leylaz diz que a atual crise busca subestimar ou limitar o impacto de sítios da oposição sobre o povo iraniano. “É mentira cabeluda que estejam bloqueando sítios com material pornográfico. É simplesmente impossível bloquear centenas de milhares de páginas sobre sexo”, afirma Leylaz.
Para ele, a atitude autoritária do governo é uma tentativa de impedir que reformistas acessem fóruns de jovens. Os linha-dura estão cada vez mais preocupados com o acesso dos iranianos a informações de fora do Irã.