MATRIX RELOADED
Marcus Magalhães (*)
A estréia no fim de maio do segundo episódio de (bom) filme de ação de sucesso comercial não é assunto de relevo a merecer chamada de capa e várias páginas da Veja já no início do mês. Não se trata de notícia propriamente dita, mas sim de informação acerca da agenda de estréias cinematográficas e divulgação do filme. A matéria é tratada com foros de notícia, inclusive com "furos de reportagem": ficamos sabendo, duas semanas antes da estréia, que a última cena acaba no meio, "surpreendendo" o espectador. Talvez haja outros "furos" na matéria, mas fui obrigado a abandonar a leitura nesse ponto, com receio de se esgotarem as surpresas do thriller. Prefiro não ler esse tipo de reportagem, até porque a revista em papel consegue contar o filme, mas não reproduz os "excelentes efeitos especiais" produzidos pela Warner, como divulgado no próprio texto.
A Editora Abril também dedicou espaço na revista VIP ? cobertura mais apropriada ? publicação mais dirigida ao lazer e com bom senso editorial de se abster dos "furos de reportagem", preferindo não antecipar o filme. Além disso, dedicou a capa da Superinteressante ao filme. Esta revista parece não descrever a cena final, digo parece pois também fui obrigado a interromper a leitura na parte em que o texto descreve o enredo do filme. A matéria discorre acerca dos pormenores da trama e antecipa detalhes dos "aperfeiçoamentos" desenvolvidos pela Matrix, a entidade vilã, que deveriam ser apresentados durante o filme, para lutar contra os heróis.
Não sou jornalista. Sinceramente, como leigo, não consigo compreender o valor agregado por esse tipo de matéria. Não reconheço como "bom jornalismo" ou "furo de reportagem" a capacidade da Editora Abril de ser convidada pela Warner para assistir à pré-estréia e depois contar o filme aos leitores. Não vislumbro paralelo ? como leigo, insisto ? com a capacidade jornalística em revelar fatos da vida real ou antecipar notícias de interesse público. Como espectador fico simplesmente frustrado quando me contam o filme; como consumidor, lesado em pagar por esse desserviço.
(*) Advogado em Brasília