TIM LOPES (1951-2002)
[5 de junho de 2002]
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e os 31 sindicatos filiados acompanham apreensivos as investigações em torno do desaparecimento do jornalista Tim Lopes, da Rede Globo de Televisão, que foi visto pela última vez na noite de domingo passado, quando trabalhava na elaboração de uma reportagem. Apesar de os indícios até aqui divulgados sobre o desaparecimento gerarem um clima de intranquilidade, seguimos com nossos pensamentos torcendo para que Tim Lopes seja encontrado são e salvo, em plenas condições de retomar o seu trabalho e voltar à convivência com os familiares e amigos.
Esperamos que o episódio desperte finalmente todas as esferas do poder público (federal, estadual e municipal) para a necessidade de agir de uma vez por todas, com objetividade e determinação, dentro das respectivas áreas de competência, contra o surgimento e expansão do crime organizado, especialmente o narcotráfico, em todo o Brasil, capaz de montar uma estrutura que rivaliza e até se sobrepõe ao aparelho do estado, subjugando a população na periferia das cidades aos seus interesses e às suas regras. A sociedade está cansada desta situação e as autoridades constituídas têm a responsabilidade de resolver este desafio.
A deterioração das condições sociais está chegando a tal ponto que, além de ameaçar e até tirar a vida de muitos brasileiros, vítimas de uma guerra cada vez mais visível, coloca em risco também os jornalistas e outros profissionais de comunicação, responsáveis por manter a sociedade sintonizada com os acontecimentos do dia-a-dia em sua comunidade, no país e no mundo. O dever de informar e o direito de ser informado, preconizados pela Constituição, estão sendo seriamente violentados. Brasília, 5 de junho de 2002. A Diretoria.