CASO TIM LOPES
Mariana de Lima (*)
Sem correntes. Sem nós. Sem mordaças. Sem cabrestos. Será que isso ainda é uma utopia da imprensa? Será que ainda é possível condenar quem expõe a verdade diariamente em papéis, telas de televisão ou em monitores de computador? Aos poucos, muitos profissionais, apaixonados pela informação, se decepcionam com o cenário jornalístico do Brasil. Armas novas são criadas para emudecer emissores de notícias. Ruídos de alta tecnologia e de alto valor também.
Talvez o poder e o dinheiro estejam em alta como artifícios do silêncio da imprensa. Você escreveu isso aí? Não, não. Apaga tudo. Eu não quero. Isso não pode aparecer. Ou talvez uma arma de fogo mesmo. Lembra daquele moço? Aquele que investigou, que noticiou, que trouxe a verdade à tona, que denunciou, mas que, acima de tudo, viveu na pele o cotidiano inimaginável de muitos brasileiros. Lembrou? Morreu. Últimas informações contam que ele foi baleado, torturado e assassinado.
E os casos vão muito além. Você é jornalista, é redator, é repórter? Pois é, meu amigo. A partir de agora será vigiado para não cometer nenhum erro quando veicula uma notícia em seu jornal, TV ou site. É o profissional das leis que o acompanhará. Você denunciava? Esqueça. Não vai mais precisar suar a camisa, pisar no barro, conseguir a informação, divulgar à população e muito menos ver resultados nesse trabalho. Interesse público? Essa expressão é a primeira que sairá do seu dicionário.
Interesse? Essa palavra vai ser ainda mais presente no seu dia-a-dia, e muito mais do que já está. Acostume-me, caro jornalista. Roubar é praticar filantropia. Assassinar é matar em legítima defesa. Corromper é ato similar ao que fazia o bom e velho Robin Hood. Aproveite seus últimos minutos: faça jornalismo.
Será que isso tudo é verdade? É liberdade? E de imprensa? Pratique e veja. Mas vai rápido, pois esta é a última edição.
(*) Estudante de Jornalismo