CENA ABERTA
“História da história”, copyright Época, 17/11/03
“Tem cheiro de novidade na televisão. Estréia na noite desta terça-feira 18, na TV Globo, Cena Aberta. Num formato diferente de tudo o que já se viu na telinha, o programa vai, ao mesmo tempo, mostrar uma história da literatura brasileira e seu processo de produção para a televisão. Uma mistura de dramaturgia e documentário que une atores e gente comum. ?É mais fácil entender vendo do que explicando?, brinca Jorge Furtado, diretor gaúcho e um dos idealizadores do projeto, junto com a atriz Regina Casé e o diretor de núcleo Guel Arraes. A princípio serão cinco episódios. O primeiro é A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, que conta a história de uma jovem nordestina que vem para o Rio de Janeiro.
Regina Casé, que em Cena Aberta é atriz, apresentadora, entrevistadora e diretora da história que é contada dentro do programa, se diz à vontade nas múltiplas funções, visto que em seus recentes trabalhos, como Brasil Legal, por exemplo, teve sempre contato com o povo. É ela quem, de forma bem-humorada, realiza os testes que permitem a participação de cidadãos comuns nas histórias e os prepara para o papel de atores. ?Improviso o tempo todo, é maravilhoso?, diz Regina.
Cinco clássicos da literatura estarão em Cena Aberta
Além de A Hora da Estrela, já foram gravados Negro Bonifácio, de Simões Lopes Neto – rodado em Canela, no Rio Grande do Sul, tendo como protagonistas Lázaro Ramos e Carolina Dieckmann -, e As Três Palavras Divinas, baseado no conto do escritor russo Leon Tolstói – desta vez com Regina Casé e Luís Carlos Vasconcelos encabeçando o elenco. Em ambas as histórias, o restante dos atores será de pessoas comuns, escolhidas na própria comunidade em que o episódio é gravado. ?Não há nada parecido na TV?, diz Furtado. A idéia que mais se aproxima do formato de Cena Aberta é o longa-metragem americano Ricardo III, com Al Pacino, que também mistura a peça teatral com os bastidores de sua produção.
A mistura de documentário e ficção é a cara do gaúcho Jorge Furtado, que faz isso há mais de dez anos no cinema, desde que ficou conhecido pelo premiadíssimo curta-metragem Ilha das Flores (1989). Recentemente, levou à telona O Homem Que Copiava, um dos melhores filmes do ano, e na TV fez roteiros para Caramuru – A Invenção do Brasil e Cidade dos Homens. ?Sempre achei que a pesquisa feita nos bastidores para algumas produções era tão boa que deveria ir para a frente das câmeras também. É o que acontece em Cena Aberta?, diz.”
“?Cena Aberta? tenta levar ficção à vida real”, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/03
“Para conseguir o papel de Macabéa, a protagonista do conto ?A Hora da Estrela?, de Clarice Lispector, duas atrizes amadoras disputaram a personagem com duas faxineiras e três donas-de-casa, todas nordestinas. No final, a história foi contada com as sete Macabéas: os diálogos encenados nos testes para o papel entraram na edição da peça, que vai ao ar nesta terça-feira na Globo, após o ?Casseta & Planeta?.
?Nosso objetivo é devolver a história ao seu contato da vida real que a originou. Para ?A Hora da Estrela?, pegamos meninas que de alguma maneira têm histórias parecidas com a da Macabéa original?, explica o cineasta Jorge Furtado, um dos realizadores de ?Cena Aberta?, especial da Globo em cinco episódios que tem início nesta semana.
?Cena? é produzido em parceria com a Casa de Cinema de Porto Alegre, da qual Furtado é um dos sócios. A idéia é encenar textos de grandes autores e, numa mistura de ficção com documentário, mostrar como é a produção dessas histórias para a televisão, a escolha dos atores, os ensaios, a direção etc.
?Queríamos contar a história e documentar a maneira como se faz, todo o trabalho que fica escondido na hora de ir ao ar. Porque às vezes é tão ou mais interessante do que a própria história?, explica Furtado, que assina o programa com Guel Arraes, diretor de núcleo da Globo, e Regina Casé, que faz as vezes de atriz, diretora e apresentadora.
?Mas não é um making of. O documentário só entra quando ele serve para a realização da ficção?, afirma Furtado, que se diz satisfeito com o novo trabalho na televisão. ?Acho que a TV sempre precisa de coisas diferentes, ela pode ter projetos de qualidade. Eu gosto muito de fazer televisão?, diz o cineasta, que recentemente fez o longa ?O Homem que Copiava?. ?São 150 milhões de brasileiros que vêem TV, a maioria não vai ao cinema. É elitista eu só querer produzir para os meus amigos, para a minha classe.?
Para filmar as cinco histórias -há ainda ?Negro Bonifácio?, de Simões Lopes Neto, ?As Três Palavras Divinas?, de Leon Tolstói, ?Pigmalião?, de Bernard Shaw, e ?Folhetim?, baseado em ?A Ópera de Sabão?, de Marcos Rey, a equipe escolheu locações com as mesmas características das descritas nas histórias e ainda ?atores? cujas histórias pessoais tivessem ligação com as da ficção.
O conto de Tolstói, por exemplo, foi filmado em uma comunidade católica no Rio Grande do Sul. Com exceção de Regina Casé e Luiz Carlos Vasconcelos, todos os outros participantes eram moradores da cidade.
?Houve atores que já estavam contratados para certo papel, e a gente ligou de lá avisando que não precisava mais ir?, conta Guel Arraes. Furtado explica: ?Quando entraram as pessoas de verdade, mudamos tudo. Porque vimos que não dava para escolher alguém que não tivesse a ver com a história?.”
MARÍLIA CARNEIRO / PERFIL
“Figurinista conta gênese de criações”, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/03
“A idéia era fazer algo parecido com o penteado de Ingrid Bergman em ?Por quem os Sinos Dobram?. E a figurinista cortou bem curto o cabelo de Vera Fischer, na época (1981) protagonista da novela das oito, ?Brilhante?. ?De repente a Vera, uma deusa, não ficou bonita com o cabelo, o pescoço dela era meio parrudo, ficou desguarnecido. Comecei a procurar algo para disfarçar e coloquei uma bandana no pescoço dela?, conta Marília Carneiro, a responsável pelo visual das atrizes na novela. ?Virou moda nacional.?
Histórias como essa recheiam ?Marília Carneiro – No Camarim das Oito? (ed. Aeroplano e Senac Rio, com lançamento em 9/12), livro da jornalista Carla Mühlhaus que conta a trajetória da figurinista que há 30 anos veste mocinhos e vilões das novelas da Globo.
Partiu dela, por exemplo, a idéia das famosas meias coloridas de lurex usadas pela personagem de Sonia Braga em ?Dancin? Days? (78), que viraram febre. ?Copiei de uma capa de disco. Levei um susto, porque andava na rua e via crianças, gente mais velha, todo mundo de meias de lurex. Eu pensava: ?Vocês são malucas, isso não é para usar de verdade?, conta Carneiro, 63, que recebeu a reportagem da Folha no camarim das atrizes da novela das oito.
A estréia na Globo foi em ?Ossos do Barão?, em 73, na época exibida às 22h. A idéia partiu de Dina Sfat, que iria protagonizar a novela e sugeriu ao diretor Daniel Filho o nome de Carneiro, que era dona de uma loja de roupas.
?Daniel me ligou, e quase caí dura. Ele me perguntou quanto eu queria ganhar e, quando eu disse, ele respondeu: ?Você ficou louca? Está pensando que é a Elizabeth Taylor??.? Dias depois, veio novo telefonema do diretor, dessa vez aceitando a proposta.
Desde então, já são 13 novelas, seis minisséries e nove seriados na Globo, além das produções para cinema e teatro. Atualmente, frequenta o camarim de Marília Carneiro gente tão distinta quanto a sofisticada Maria Clara Diniz (Malu Mader), com seus terninhos brancos, e a indefinida Laura (Cláudia Abreu), com seus (novamente eles) lencinhos no pescoço. As criações estão na novela ?Celebridade?.”
REDE TV!
“Rede TV! terá programa infantil em 2004”, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/03
A Rede TV! está negociando a compra de programas exibidos pelo canal pago Discovery Kids, voltado para crianças de até seis anos, com conteúdo basicamente educativo. A emissora brasileira quer estrear sua faixa de programação infantil, em princípio entre 7h e 9h, em 2004. Acredita que a parceria com o grupo Discovery poderá trazer bom faturamento e prestígio. No pacote, está o desenho animado ?Save-Ums?, um grupo de heróis que ajuda criaturas em perigo e que passa noções de responsabilidade social.
A Rede TV! negocia também com o grupo a compra de conteúdos para o público adulto, principalmente documentários sobre animais.
Pódio
Dados oficiais do Ibope confirmam: as novelas ?Mulheres Apaixonadas? e ?O Clone? terminaram empatadas no ranking das maiores audiências da Globo desde 1997. Ambas tiveram 48 pontos na medição nacional do Ibope. Na Grande São Paulo, ?O Clone? fechou com 47 pontos, contra 46,6 de ?Mulheres Apaixonadas?.
Correria
O ?Show do Milhão Cartões Bradesco? que o SBT exibe hoje, às 14h50, será gravado hoje mesmo. Silvio Santos estava nos EUA.
Axé
Ao lado da cantora Luciana Mello, Astrid Fontenelle grava hoje, em Salvador, o primeiro ?Ensaios de Verão?, série de shows que a Band exibirá nas noites de sábados em janeiro e fevereiro próximos.”