INTERNET
"As raízes freudianas da internet", copyright O Estado de S. Paulo, 25/08/03
"Não sei quanto a você, mas eu quando chego ao serviço vou logo ligando o computador para ler os e-mails. Passo o dia em frente da tela. Acho que estou ficando meio cego. Só escrevo em corpo 18 – é um mau sinal, convenhamos. Lembro-me de que quando comprei meu primeiro computador, em meados dos anos 80, escrevia em corpo 12.
O pior é que, se bobear, ligo o computador quando chego em casa à noite, também – e também para ver os e-mails.
A minha filha Maria, de 12 anos, não conhece nem imagina um mundo sem e-mail. Ela se lembra vagamente de uma distante época de trevas quando não existia o Messenger, esse programa de envio de mensagens instantâneas. Mas é só.
Mais de uma vez já tentei contar para ela a história de como eu vi nascer a internet. Mas ela fica entediada e começa a me perguntar se eu andava dez quilômetros a pé na neve até a escola, também. As crianças desenvolvem a capacidade para o sarcasmo muito cedo nos dias de hoje. Vai ver que é o Messenger.
A história é curta e curiosa. No início dos anos 80, morava em uma república de estudantes, próxima à universidade de Stanford, na Califórnia, com um economista hegeliano e três mulheres que praticavam física de alta energia.
Enquanto o hegeliano e eu passávamos os dias em casa lendo e escrevendo longos tratados em pequenas máquinas Olivetti, as meninas, como as chamávamos, iam para o acelerador de partículas, uma maquinaria monstruosa conhecida como Slac, onde observavam o comportamento fundamental de matéria, ou algo assim.
Em um dos nossos jantares na república, as meninas sugeriram que déssemos um pulo até o Slac para conhecer o novo sistema de comunicação entre computadores. Era divertido, garantiram. Fora feito para permitir o envio de dados entre cientistas do Slac e outros, localizados em outro acelerador próximo a Chicago, no meio-oeste americano. Mas, segundo elas diziam, os cientistas usavam o sistema para paquerar, mandar bilhetes de amor, essas coisas.
Jeff, o hegeliano, e eu declinamos o convite. E ainda fizemos piadas sobre os cientistas que precisavam de computadores para conseguir namorar.
Não chegamos nem a desconfiar que estávamos recebendo um convite para conhecer o futuro. A internet começou ali mesmo, no ?escritório? das meninas. Essa foi uma das suas fases preliminares, ao menos. Depois do jantar, voltamos, Jeff e eu, para as Olivettis e o estudo de nossas teorias sociais.
Lembro-me dessa história quase todo dia de manhã ao abrir meu e-mail, não sem uma ponta de vergonha. Como é que fui tão obtuso?
De lá para cá, pouco mudou, na verdade. A internet deixou de ser uma conexão entre dois centros de pesquisa em física e passou a ligar milhões (bilhões?) de pessoas no mundo todo. Mas sua principal utilidade parece ser a de veicular cantadas, piadinhas e Spam, brasileiramente apelidado de e-malas.
Acho que já citei aqui a frase do professor Antônio Pedro Tota: ?O papel aceita tudo e a internet é ainda pior.? Confesso um certo fascínio com o fato de que esse fantástico desenvolvimento tecnológico tenha servido sobretudo para enviar bobagem. O que é que isso nos diz sobre o sentido da nossa existência nesta Terra? O ser humano gosta mesmo é de bobagem?
Não é irônico, por exemplo, que toda essa tecnologia seja utilizada para me mandar, diariamente, anúncios de produtos para aumentar o tamanho do pênis?
Desconheço como entrei nesse mailing. Nunca manifestei a necessidade de um produto desses. Mas chega todo dia para mim um e-mail, em inglês, anunciando um creme ou pílula ou não sei o quê com essa exótica finalidade. No último anúncio, a empresa se gabava de ter vendido já mais de 1 milhão de tratamentos. Tudo pela internet.
Dá o que pensar. Fizeram a internet para isso? Certas coisas não mudam nunca. No fim, Freud é que tinha razão. Só pensamos naquilo."
"Ataque de vírus obriga New York Times a desligar todos os micros", copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 22/08/03
"Todos os computadores da sede do jornal The New York Times foram desligados nesta sexta-feira, aparentemente depois de o sistema ter sido atingido por um vírus.
O porta-voz da empresa que publica o New York Times, Toby Ysnik, afirmou que a redação iria garantir a publicação do jornal no sábado, possivelmente usando sistemas de reserva.
Usnik disse não saber a causa do problema, que teria afetado os computadores da sede por volta das 13 horas.
Os sistemas de computadores de várias empresas americanas vêm sendo alvo de vírus nos últimos dias, entre elas a rede de ferrovias CSX.
Alguns analistas acreditam que esta sucessão de ataques de vírus, iniciada há mais de 10 dias, pode ser a maior da história recente da internet. E deve piorar.
O Sobig.F, considerado o campeão em termos de rapidez de proliferação, estaria preparado para desencadear uma segunda fase de ataque, depois de ter se instalado nos computadores."
"Infecção do SoBig.F começou em site pornô do Arizona, diz FBI", copyright Último Segundo (www.ultimosegundo.com.br), 24/08/03
"Os criadores do SoBig.F usaram uma tática inteligente para disseminar o vírus: ele foi associado a uma foto pornográfica postada em um newsgroup de um site de Phoenix (Arizona, nos EUA). Quando o usuário clicava na imagem, baixava também o arquivo infectado, que distribuía o vírus para todos os nomes da lista de endereços de e-mail do internauta, informa o jornal britânico ?The Guardian?.
O FBI rastreou a origem do SoBig, mas não conseguiu identificar seu criador (que utilizou um cartão de crédito roubado e invadiu um computador de outro estado para realizar a ação).
O Sobig.F foi criado nos EUA, onde o vírus é mais ativo, segundo a empresa de antivírus Sophos. A MessageLabs Inc. informou que identificou mais de 1 milhão de cópias da variante ?F? do ?Sobig? em 24 horas. O vírus chega por e-mail e está causando problemas em redes de empresas, universidades e instituições em todo o mundo. O vírus afeta todas as versões do sistema operacional Windows, mas está programado para desativar a si mesmo no próximo dia 10 de setembro.
O recorde anterior é atribuído ao vírus ?Klez?, com cerca de 250 mil cópias localizadas em 24 horas no início deste ano, disse Mark Sunner, diretor de tecnologia da MessageLabs.
Já houve disseminações mais velozes pela Internet, mas essas circularam por funções de conexão a redes contidas nos sistemas operacionais Windows.
Em janeiro, por exemplo, o vírus ?Slammer? contaminou 75 mil computadores em apenas dez minutos, com o número de máquinas infectadas duplicando-se a cada 8,5 segundos, de acordo com pesquisadores da Universidade da Califórnia e outras instituições.
Vírus como o ?Sobig? podem atingir o mesmo computador várias vezes, impossibilitando a comparação do número de infecções. O ?Sobig? não causa danos em arquivos nem prejudica o funcionamento dos computadores, mas aumenta dramaticamente o tráfego de informações pela Internet, derrubando os servidores dos sistemas de e-mail.
A versão ?F? do ?Sobig? começou a se espalhar na terça-feira, poucos dias depois de o vírus ?Blaster? ter causado o caos em sistemas de computadores de todo o mundo por se aproveitar de uma falha nas versões XP e 2000 do Windows."