Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Maurício Dias

GLOBO EM CRISE

“Vênus Endividada”, copyright Carta Capital, 6/11/02

“Em dezembro passado, o boato sobre a crise na Globo já corria por todos os cantos da mais poderosa corporação privada brasileira. Nos escritórios administrativos, nas salas acarpetadas dos diretores, no prédio platinado do Jardim Botânico e, claro, nas pradarias do 1,3 milhão de metros quadrados de área, onde foi plantado o monumental estúdio chamado de Projac, no bairro de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, inaugurado em 1995 ao custo de um vistoso investimento de US$ 200 milhões, inquietavam-se funcionários e artistas daquele Olimpo verde-amarelo.

Generosa nos contratos e nas mordomias que oferece a muitos de seus empregados, a TV Globo tornou-se, nos últimos anos, a expressão de sucesso do império da família Marinho, levantado no início do século XX pelos esforços de Irineu Marinho, pai de Roberto, que se aproxima agora do invejável centenário de vida.

Crise na Globo sempre pareceu fantasia dos invejosos ou intriga dos adversários. Por isso, poucos telespectadores ofereceram mais do que uma boa gargalhada quando, num domingo preguiçoso, véspera de Natal, o irreverente apresentador Faustão levou a história para as telas:

– A Globo está fazendo economia. Estamos usando o papel higiênico dos dois lados.

Faustão talvez não soubesse que os Marinho já buscavam a saída para escapar do colapso financeiro iminente, provocado principalmente por uma dívida externa de US$ 2,6 bilhões, dos quais US$ 2,2 bilhões – 84% do total – em moeda estrangeira, segundo balanço publicado em 31 de março de 2002. A TV Globo é garantidora de uma parte das dívidas financeiras da Globopar.

No dia 28, um dia após as eleições presidenciais que consagraram a vitória de Lula, um comunicado assinado pelo diretor-financeiro da empresa, Ronnie Marinho, anunciou que a Globo Comunicações e Participações (Globopar), holding do grupo, decidiu suspender o pagamento das dívidas por, pelo menos, 90 dias, enquanto reavalia os seus negócios.

?No contexto desse processo de reavaliação – registrou a nota oficial -, a Globopar e algumas de suas empresas controladas estão procedendo a uma revisão de seus planos de negócios, com ênfase na melhora de geração de caixa.? O comunicado apontava os vilões da derrocada: a desvalorização do real e a deterioração das condições econômicas do Brasil.

A propósito, a emissora dedicou cerca de 30 minutos do Jornal Nacional, em dois blocos, a uma entrevista exclusiva do presidente Fernando Henrique Cardoso, depois de uma semana inteira dedicada ao sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva. No JN, em performance patética, FHC pôde falar dos feitos de sua gestão, criticar o futuro governo Lula e comemorar seu espírito de ?democrata? e ?estadista? nesses tempos de transição.

A conversa com os credores já estava em andamento quando a suspensão unilateral do pagamento das dívidas – default para alguns e calote para outros – foi oficializada no comunicado.

Montou-se uma forte estrutura de assessoria: a Goldman Sachs & Co. e a Houlihan Lokey Howard & Zukin Capital assessoram no processo de reavaliação e na atração de investidores; a Debevoise & Plimpton e a Barbosa, Mussnich e Aragão darão suporte jurídico; e o Unibanco atuará no mercado brasileiro.

Nos últimos seis meses, segundo o comunicado, ?membros da família Marinho investiram mais de US$ 170 milhões na empresa e em suas controladas?. Mas o buraco crescia com a contínua desvalorização do real e a falta de retorno dos investimentos feitos, principalmente na Net, a televisão por assinatura.

?Todo mundo já esperava que a Globo fosse agir dessa maneira. Mas, por mais que você se prepare, é sempre um choque?, comentou um executivo de banco estrangeiro que, logo após o fechamento do mercado financeiro, por volta das 18 horas, recebeu o comunicado da Globopar.

?Fatídico 28 de outubro?, lamenta. A dívida sujeita à moratória é de US$ 1,5 bilhão, dos quais US$ 900 milhões em bônus emitidos no exterior. Parte da dívida é garantida pela Rádio Globo Capital, a TV Globo do Recife e a TV Globo de São Paulo.

Os bancos, maiores credores da Globopar, têm mesmo muito o que lamentar. Citibank, JP Morgan, Unibanco e Bradesco, fascinados pela pujança das Organizações Globo, não hesitaram em abrir os cofres quando a família Marinho precisou. Freqüentemente as instituições financeiras se gabaram de ter as Organizações Globo como clientes, abrilhantando suas carteiras de crédito.

Hoje a situação é bem diferente. Após o anúncio da moratória, a agência de classificação Standard & Poor?s imediatamente rebaixou a nota da Globopar de ?B? para ?CC?. Traduzido do financês, isso significa que a holding da família Marinho passou a ser ?altamente vulnerável à inadimplência?. ?Se novos atrasos nos pagamentos ocorrerem, seremos obrigados a rever a nota para baixo?, diz a analista Milena Zaniboni, da S&P. Na escala da agência de rating, os próximos passos são as notas ?C? e ?D?, esta a última da escala, que designa uma empresa em situação de ?pedido de falência, na qual os pagamentos da dívida estão comprometidos?.

O anúncio oficial da suspensão do pagamento das dívidas no dia seguinte ao da derrota do candidato tucano José Serra nas eleições presidenciais intriga o mercado. Não havia exigência para a data. O próximo compromisso da dívida – US$ 53,8 milhões em eurobônus – estava marcado somente para 12 de novembro.

Se o mercado está intrigado com isso, o mundo político especula sobre a presença do vitorioso Lula no Jornal Nacional, durante uma hora e quinze minutos. Lula dominou a telinha quatro horas depois do comunicado. Ganhou um espaço pouco usual, principalmente por ter sido dedicado a um personagem nem sempre bem tratado na telinha da Globo em tempos passados. Aliás, de hábito muito maltratado. Sem contar a manipulação do famoso debate final com Fernando Collor em 1989.

Lula ainda teria sua vida e glória relatada no Globo Repórter da sexta-feira 1?. No Jornal Nacional da quinta-feira 31, lembre-se novamente, foi a vez de ser agraciado em entrevista o atual presidente Fernando Henrique Cardoso, por mais de 30 minutos dedicados à bazófia.

É previsível supor que o humor dos sócios dos Marinho na Net mudou para pior. Foram avisados na véspera da suspensão dos pagamentos. Engoliram a informação com o prazer de quem se vê forçado a deglutir um batráquio sem barba.

Isso porque tinham feito um monumental esforço de engenharia, realizado com incrível custo político pelo ingresso do BNDES, presidido por Eleazar de Carvalho, no Protocolo de Recapitalização de US$ 1 bilhão. Tiveram de ganhar a batalha política no Congresso, onde despontavam resistência ao fato de que uma agência do governo – o BNDES -, além de garantir a subscrição de debêntures, aportaria cerca de R$ 360 milhões.

Ninguém deseja maus augúrios para a empresa. Ela tem problemas, mas é possível que não entre em processo de definhamento como aconteceu, por exemplo, com o império dos Diários Associados, montado nos anos 50 por Assis Chateaubriand. E que agora também definha.

Já se avalia o preço que será pago. A Globo tem ativos valiosíssimos, como lembra um atento homem de mercado: ?Quanto vale controlar a emissora que forma a opinião pública no Brasil??, pergunta ele. Há, no entanto, uma convicção crescente de que os Marinho ?terão de entregar os anéis para manter os dedos?, nas duas hipóteses consideradas capazes de livrar a corporação da crise.

O socorro à maior alavanca da indústria cultural e de entretenimento do País pode vir do governo ou – o que talvez venha a ser a pior opção para os donos – do mercado. Nesse último caso, significará que os Marinho terão de ceder parte substancial do controle do grupo. Esse controle, mantido com mão de ferro, é considerado o fator de desestabilização das decisões tomadas ao longo deste ano e que expuseram os temores manifestados, no ar, no Domingão do Faustão.

Houve um tempo em que a rede de TV a cabo, além de seus próprios problemas, foi biombo para todos os erros do grupo. Foi rearrumada e até mudou de nome. Chamava-se Globo Cabo e ganhou batismo jurídico de Net Serviços.

Há quem leia a mudança como uma preparação para a venda. Nas mãos de terceiros soaria estranho que uma empresa, tirada da árvore regada pelos Marinho, continuasse a ter o nome de Globo. Não há outra explicação para mudar a razão jurídica de uma empresa, em processo burocrático de custo elevado. Existem informações de que a família Marinho resistiu à hipótese. Interessados havia: o grupo Cisneros, da Venezuela, Murdoch, dos Estados Unidos, e, no Brasil, a Telemar de Carlos Jereissati.

A Net, hoje se vê, foi projetada para um Brasil que não chegou a existir. Um Brasil que o Plano Real anunciou, mas não construiu. Que, supostamente, teria um núcleo de 10 milhões de interessados na TV a cabo. Na euforia dos primeiros anos e da nova economia, a ação da Net foi blue chip na Bolsa de Valores por muito tempo. Mas o número de assinantes, que, no pico, chegou a 1,5 milhão (cerca de 15% da meta prevista) tem agora apenas 1,2 milhão. Com isso, embora domine em torno de 80% do mercado das televisões fechadas, a rede de cabeamento está ociosa. Outro problema: apostou-se exageradamente na banda larga, com investimentos, ainda sem retorno, no lançamento do Vírtua.

O plano era torná-la uma empresa mais similar à telefonia do que a uma emissora de televisão. Por isso, também não houve interesse em pedalar a TV por assinatura. O forte seria o desempenho da empresa como telefônica, driblando o preço do pedágio da licitação. Nesse sentido, foram feitos novos investimentos e congelaram as assinaturas.

Os sócios dos Marinho torceram o nariz. Além disso, surgiu uma contradição comercial nos negócios. Para alcançar a meta de 10 milhões de assinaturas para a Net era preciso popularizar os planos. Mas isso implicaria morder um pedaço do bolo que a Globo controla.

A Net compra a programação em dólares e vende em reais. A média do custo da programação das emissoras a cabo no mundo é de 22% do orçamento. Na Net é superior a 34%, devido à disparada do dólar tecnicamente chamada de overshooting cambial.

Mas foi na Net que os Marinho tiveram de começar a ceder posição. Eles tinham 70% do controle, que diminuiu muito a partir do Protocolo de Recapitalização no início do ano, quando o BNDES, o Bradesco e a RBS ampliaram suas ações para quase 40%. O sócio estrangeiro – a Microsoft – recusou aportar capital e perdeu espaço.

?A reengenharia transformou a Net de problema em solução. A recapitalização foi avalizada pelos acionistas e credores, malgrado o custo político da operação?, diz um expert que acompanhou de perto a modelagem financeira que contou com US$ 100 milhões do IFC, o braço financeiro do Banco Mundial.

O trabalho foi executado por Luiz Antônio Viana, profissional consagrado pelo mercado que, entre outras missões, reestruturou o Grupo Pão de Açúcar. O protocolo, com a suspensão do pagamento, volta à estaca zero e levanta suspeita dos credores que já tinham se comprometido a reescalonar a dívida de curto prazo com vencimentos em 2002 e 2003.

Viana, tirado da presidência da BR Distribuidora, fez dobradinha com outro executivo tucano, Henri Philippe Reichstul, antes à frente da Petrobrás. O passe dos dois foi comprado a peso de ouro. Seriam eles os pilares de uma gestão profissional do grupo.

Reichstul preparou a abertura de capital da Globopar, que viraria Globo S.A. A mudança implicou soterrar a gestão autocrática. Mas Reichstul não conseguiu arrumar a casa para, em seguida, chamar os sócios estrangeiros.

O plano parecia perfeito. Seria preciso que os Marinho delegassem poderes. Pareciam dispostos. Em princípio, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto abriram mão da estrutura que mantinham. Fatiaram o grupo: Roberto com a televisão, João com o jornal O Globo e José com a rede de emissoras de rádio. Integrariam um Comitê Gestor. Mas a situação não durou muito.

Reichstul esbarrou na resistência corporativa da Globo. Chocou-se com a poderosa Marluce Dias da Silva e, mais que isto, foi desautorizado diversas vezes por Roberto Irineu. Reestruturar a empresa implicaria provocar sangria, assim como fazer omelete implica quebrar ovos. Um pequeno exemplo que entrou no plano de Reichstul foi a lista de atores que recebem sem trabalhar. Ficou intocável.

A televisão, menina dos olhos do grupo – e que, nos tempos de apogeu, usou e abusou da imagem de Vênus Platinada -, mantém números saudáveis no faturamento – lucro de US$ 150 milhões no último semestre – e nos índices de audiência. O patamar de audiência já não é tão massacrante como antes. Há sinais, aqui e ali, de derrotas na faixa dos programas populares.

Vez por outra, a curva de audiência ainda empina na direção do absoluto. Isso alimenta ilusões e mantém o devaneio do monopólio e a aparência de uma saúde que já não existe. A Globo enterrou, por exemplo, US$ 200 milhões na compra dos direitos de transmissão dos jogos de futebol da Copa do Mundo que passou e da que será jogada em 2006. Repassou goela abaixo das afiliadas algumas cotas e, mesmo assim, amargou um prejuízo calculado em US$ 30 milhões.

Essa história virou potin do mercado. O prejuízo da Globo foi maior do que o preço de US$ 22 milhões que o México pagou para transmitir os jogos. As respostas se perdem nos labirintos da especulação de um mercado alimentado por muitos boatos.

O mais recente deles refere-se a uma suposta saga envolvendo os Marinho. O patriarca Roberto assumiu a empresa reduzindo o papel dos irmãos Rogério e Ricardo. Agora, depois de detonar os planos de profissionalização na gestão do grupo, Roberto Irineu assumiu a presidência da holding Globopar – que implicou desativar os planos da Globo S.A. – e passou a dar a última palavra nos negócios do grupo. É, assim, o responsável final pelas decisões. A anterior divisão do poder entre os irmãos (rádio, jornal e TV) não existe mais.

A TV Globo carrega a Globopar nas costas. Sozinha, responde por 44% das receitas e é líder em geração de caixa. Nos tempos de vacas gordas, as receitas publicitárias entravam e eram suficientes para bancar não só áreas deficitárias da holding como também alguns luxos da televisão. ?A administração financeira da TV sempre foi péssima. Eles administravam uma televisão, não uma empresa?, diz uma fonte do setor.

Os contratos da área artística são o principal alvo de críticas. Durante os cinco anos de duração, atores, apresentadores e novelistas se comprometiam a trabalhar com exclusividade para a Globo. ?Houve uma inversão de valores. Os atores deveriam pagar para trabalhar na Globo, e não o contrário?, diz.

Além disso, eram indexados à inflação. Esse componente foi o principal responsável pelo aumento das despesas operacionais da televisão. Entre o primeiro trimestre de 2001 e 2002 a inflação subiu 9,4% e as despesas operacionais, 9,1%.

Suas dívidas em dólar multiplicaram-se em todas as áreas. Na de mídia impressa, o papel e a tinta são importados. Na televisão, filmes e equipamentos vêm do exterior. Na outra ponta, a geração de caixa era prejudicada. Na Editora Globo, por exemplo, a geração caiu 36,7% entre os primeiros trimestres de 2001 e 2002, com as promoções para conquistar assinantes para as revistas Época e Quem.

Enquanto a família Marinho amargou prejuízo com a Copa do Mundo, colheu alguns sucessos notáveis na televisão. A novela O Clone tornou-se um hit absoluto de audiência entre a comunidade hispânica radicada nos Estados Unidos, onde El Clon é líder de audiência. A edição do Big Brother Brasil 2 também foi um sucesso, contrariando a expectativa dos críticos, que consideravam que o produto já tinha se esgotado. O BBB 2 alcançou a segunda melhor audiência na Globo, à frente do Jornal Nacional durante o primeiro trimestre.

Há seis meses, a polêmica operação de R$ 1 bilhão capitaneada pelo BNDES parecia capaz de sanar boa parte dos problemas financeiros da Net. Não foi o que mostraram os capítulos seguintes da novela. Hoje, analistas ouvidos por CartaCapital acreditam que o buraco da Globopar pode engolir a Net.

A CRISE ANUNCIADA

A sinopse dos principais capítulos do dramalhão corporativo

Balanço publicado em 31 de março de 2002: as Organizações Globo declaram dívida de US$ 2,63 bilhões. Desse total, US$ 2,2 bilhões – cerca de 84% – em moeda estrangeira. O grupo teve um prejuízo de US$ 547,5 milhões em 2001, atribuído a perdas financeiras e à forte retração no mercado publicitário.

Em fevereiro, diante de uma proposta que o mercado considerou milionária, Henri Philippe Reichstul, depois de deixar a presidência da Petrobrás, é chamado para estruturar a GloboPar ?com amplos poderes dados pelos acionistas?, registrou o comunicado oficial da corporação.

Em março, Ronnie Vaz Moreira assume as funções de diretor-executivo da Globo S.A.

A família Marinho começa a se desfazer de empresas com a finalidade de capitalizar a Globo Cabo. Entre outras medidas, desfaz-se de parte das ações e reduz a participação na Sky TV. Posteriormente, venderia três retransmissoras no interior de São Paulo: TV Aliança (Sorocaba); TV Modelo (Bauru) e TV Progresso (São José do Rio Preto).

As receitas líquidas pro forma caem 12,5% entre 2000 e 2001. Ou seja, de US$ 1,2 bilhão para US$ 1,05 bilhão.

Em 19 de junho é criada a Globo S.A., que passaria a operar como braço financeiro do grupo controlado pela família Marinho.

A TV Globo, detentora exclusiva dos direitos de transmissão da Copa, tem um prejuízo de aproximadamente US$ 30 milhões por não conseguir revender, por cerca de US$ 60 milhões, a transmissão para outras emissoras.

A agência de classificação de risco Standard & Poor?s rebaixa de ?B+? para ?B? os ratings de crédito corporativo da Globopar e da TV Globo. Milena Zaniboni, analista da agência, declara que ?com uma situação de liquidez menor, a Globo pode ter problemas para refinanciar o vencimento de curto prazo, ainda mais em período de volatilidade por causa das eleições?.

O grupo anuncia um plano de capitalização da Globo Cabo (Net) de R$ 1 bilhão. O BNDES se comprometeu – em decisão polêmica – com R$ 284 milhões.

Em setembro, o grupo Marinho comunica que postergou a efetivação da Globo S.A. e, simultaneamente, a saída de Reichstul: ?O atual diretor-financeiro Ronnie Moreira assume como presidente da Globopar. Reichstul continuará nas organizações Globo como membro do Conselho de Administração?. A permanência de Reichstul, no entanto, não se confirmou. (colaborou Lucia Kassai)”

“Crise ameaça o ?Manhattan Connection?”, copyright Folha de S. Paulo, 1/11/02

“Mais antiga produção nacional da TV paga brasileira ainda no ar, o programa ?Manhattan Connection?, do canal GNT, está ameaçado pela crise que atinge a holding Globopar. Quase totalmente produzido em Nova York, com custos em dólar, a mesa-redonda que foi sucesso de crítica nos anos 90 pode sair do ar ou, na melhor das hipóteses, migrar para outro canal. Se sobreviver, o ?Manhattan?, que reúne Lucas Mendes, Arnaldo Jabor, Caio Blinder e Lúcia Guimarães, completará dez anos em março de 2003.

Forçado a reduzir custos de produção, o canal GNT, da Globosat, está renegociando os valores que paga à produtora TBN-NY, de Lucas Mendes. Mendes, no entanto, diz que já houve uma redução de valores na última renovação de contrato, em maio. E que não tem mais como reduzir seus custos, que são em dólar, como o aluguel de estúdio da Reuters.

?A crise da Globo é séria. O rumor de que o ?Manhattan? pode acabar existe, mas a idéia é salvá-lo com outro patrocinador [atualmente, são três: American Airlines, Fiat e Bergerson]. Tudo pode acontecer. Minha última esperança é que apareça outro canal interessado?, diz Lucas Mendes.

Já há um precedente no GNT: em agosto, o canal extinguiu o ?Revista Europa? por causa dos custos em dólar. Por meio de sua assessoria, o canal GNT apenas confirmou a renegociação e que ainda não houve impasse.”

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“Apesar da crise, TV Globo cresce em 2002”, copyright Folha de S. Paulo, 31/10/02

“A TV Globo deve registrar em 2002 os melhores resultados de audiência e de faturamento dos últimos seis anos. De janeiro a setembro deste ano, a média nacional de audiência da rede subiu 9,5%. No mesmo período, a receita com publicidade cresceu 11%.

Os números contrastam com a situação do grupo Globo. Na última segunda, a holding Globopar anunciou o reescalonamento de sua dívida. A TV Globo é avalista da maior parte da dívida da Globopar e também passa por processo de redução de despesas.

?Apesar de um ano difícil para o mercado publicitário, fechamos o primeiro semestre com 13% de crescimento nominal e projetamos 11% para o período de janeiro a setembro?, diz Octávio Florisbal, diretor-geral interino.

Nos números do Ibope, a Globo alcançou de janeiro a setembro média nacional diária (das 7h às 24h) de 23 pontos, dois a mais que no mesmo período de 2001. Sua participação no total de televisores ligados aumentou de 51% para 54%. A Globo ganhou um ponto com o aumento do número de TVs ligadas (de 41% para 42%) e tirou outro da Record (que caiu de 4 para 3). O SBT, assim como as demais redes, manteve o mesmo resultado de 2001: 9 pontos.

Na Grande São Paulo, a média diária da Globo cresceu de 19 para 21 pontos. O SBT caiu de 11 para 10 e a Record, de 5 para 4. O resultado da Globo se deve a ?O Clone?, Copa e ?reality shows?.”