JUDEUS vs. PALESTINOS
Leneide Duarte
Judeus e árabes da França tentam não transportar o conflito do Oriente Médio que opõe israelenses e palestinos para o noticiário das rádios e televisões comunitárias. Mas é bem verdade que desde a nova Intifada, de setembro de 2000, é difícil manter a objetividade. "O tom em relação aos palestinos ficou mais duro", reconhece Vladimir Spiro, presidente da rádio Judaïques FM, criada em 1981 por militantes da paz. "Infelizmente, desde a segunda Intifada, todas as rádios judias começaram a ser empurradas para uma visão mais à direita dos problemas", constata Roger Assaraf, diretor-geral da Rádio Shalom.
Do lado árabe, a Rádio Oriente decidiu não mais fazer debates ao vivo. Até mesmo o sermão de Meca, que na sexta-feira é divulgado ao vivo, passou a ser feito com uma decalagem (delay) de 10 a 20 segundos. Segundo M. Shalak, o motivo foi uma multa de 25 mil francos que o Tribunal de grandes causas de Paris aplicou na rádio, em junho. No sermão, difundido ao vivo, o religioso pregava "o desaparecimento da face da terra" do povo judeu. Ghislain Allon, PDG da única televisão judaica da França ? a TFJ ?, entra no debate para denunciar o que ele chama de "vitimização do povo palestino pela mídia".
Clément Weill-Raynal, vice-redator-chefe da France 3, analisa o que denomina "desinformação anti-israelense" na mídia em geral e da Agência France Press, em particular. "Essa agência fala de ?colonos judeus extremistas? mas se refere aos terroristas do Jihad ou do Hamas como ?militantes?."
A Rádio Méditerranée, destinada à comunidade árabe originária da África do Norte, já foi denunciada várias vezes por seus excessos, mas ainda não foi condenada, como a Rádio Oriente.
CAI O TABU
L.D.
A imprensa chinesa já pode falar da epidemia de Aids no país. Quem noticia é o jornal Le Monde, informando que o Departamento Central de Propaganda deu o sinal verde para a imprensa tratar do assunto, que era tabu até há poucos meses. Agora, multiplicam-se as reportagens e artigos pedagógicos. Os jornais chineses não podiam noticiar uma epidemia que se agravou com o escândalo da venda de sangue, quando entre 600 mil e 700 mil pessoas foram contaminadas. "As administrações locais incentivaram a venda de sangue com fins puramente lucrativo, sem se preocuparem com a vida de pessoas simples", denunciou o Jornal da Legalidade de Pequim. E o diário acrescenta: "O pior é que o governo local ainda procura esconder a verdade".
O governo chinês se preocupa com a educação do povo, mas como os pais não têm informação suficiente para ensinar os filhos, como se proteger da contaminação pelas relações sexuais, cabe à imprensa, recentemente liberada, informar sobre os riscos. A propaganda oficial puritana (de olho no controle da natalidade) desaconselha os jovens a qualquer tipo de relação oficial antes do fim dos estudos.