CHINA
Poderia ser mais um relato rotineiro sobre um terrível desastre na China. Um importante jornal de Xangai, The Wenhui Daily, relatou que uma mina na província de Guangxi foi inundada em julho. Setenta corpos teriam sido recuperados, e 200 estavam desaparecidos.
Outro jornal, o Tianfu Morning News, de Sichuan, informou que 200 homens ficaram presos na mina Nandan depois que a água armazenada na mina inundou os túneis. Mais de duas semanas após a inundação, os fatos permanecem incertos. As autoridades locais insistem em negar que houve mortos, enquanto os jornais chineses dão relatos contraditórios, que asseguram haver centenas deles.
A Nova China, agência de notícias do governo, nada declarou a respeito do desastre. Mas o sítio do People?s Daily, do Partido Comunista, noticiou o depoimento de um sobrevivente da tragédia, que disse que de 200 a 400 mineradores estavam desaparecidos, e acusou as autoridades locais de acobertar o caso. Jornalistas afirmaram a Reuters que temem por sua segurança: "Tivemos casos semelhantes antes, quando repórteres foram espancados enquanto investigavam acidentes com minas nesta área", contou um deles.
Quando as notícias são sobre líderes comunistas ou eventos de relações exteriores, o departamento de propaganda consegue orquestrar a mídia nacional com sucesso, analisa Erik Eckholm [The New York Times, 4/8/01]. Mas em casos de desastres ou escândalos locais, os jornalistas chineses, "muitas vezes explorando o poder da internet, assim como as rivalidades entre províncias", têm produzido reportagens surpreendentes.
O China Daily, principal jornal de língua inglesa do partido, confirma a observação de Eckholm. Demonstrando ceticismo quanto à versão oficial, de que não houve mortes, o artigo citou o depoimento de um morador de Nandan, que afirmou que a televisão local noticiou mais de 300 desaparecidos. A China tem o pior recorde mundial em segurança de minas, com mais de 10 mil mortes por ano, muitas não registradas. Recentemente, uma explosão numa mina de carvão na província de Jiangsu matou 92 trabalhadores.
MEMÓRIAS DE CLINTON
O ex-presidente americano Bill Clinton concordou em vender os direitos de publicação de suas memórias à Alfred A. Knopf Inc. por mais de US$ 10 milhões, informa David D. Kirkpatrick [The New York Times, 7/8/01]. O adiantamento de dinheiro ultrapassa os US$ 8,5 milhões pagos ao papa João Paulo II em 1994, e os US$ 8 milhões a Hillary Clinton (pagos pela Simon & Schuster). Os livros do casal devem ser publicados em 2003.
Ao concordar em pagar um adiantamento tão extraordinário, a editora Knopf está apostando que Clinton continuará a ser lembrado como uma personalidade fascinante da segunda metade do século 20, que cativa leitores nos EUA quanto no exterior. Com a mesma esperança, os executivos da Simon & Schuster venderam os direitos no exterior do livro de Hillary por US$ 3 milhões.
Questionado se o livro trataria de assuntos delicados como Monica Lewinsky ou o caso Whitewater, Robert Barnett, advogado de Clinton, apenas declarou que será um livro "abrangente e sincero sobre sua vida, com ênfase em seus anos na Casa Branca". O ex-presidente planeja escrever o livro sem ajuda de ghost-writers, com direção de Robert Gottlieb, antigo editor-chefe da Knopf e da New Yorker. Gottlieb também editou as memórias de Katharine Graham, o best-seller Uma história pessoal, que ganhou o Pulitzer em 1998.