MONITOR DA IMPRENSA
ASPAS
ARGENTINA
Ariel Palacios
"Mídia reage contra a cobrança do IVA imposta por ministro", copyright O Estado de S. Paulo, 1/05/01
?Um ataque contra a democracia e a liberdade de expressão.?
Com essas palavras, a maioria dos meios de comunicação argentinos reagiu à suspensão da isenção do Imposto de Valor Agregado (IVA) à mídia, decretada na sexta-feira pelo ministro da Economia, Domingo Cavallo. A partir de hoje, os jornais, revistas e TV a cabo passarão a pagar 21% de IVA.
A Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas (ADEPA) alertou o presidente Fernando De la Rúa de que seu governo ?poderá começar um processo de extinção do pluralismo informativo? na Argentina. Segundo a ADEPA, dezenas de empresas jornalísticas – que já enfrentam graves dificuldades de sobrevivência por causa da recessão que abala a economia do país há quase três anos, o que causou uma queda drástica na publicidade – terão de fechar suas portas por causa desse imposto. ?A liberdade de imprensa acaba quando as fontes de receita dos jornais são atingidos?, afirmou a associação.
Para a Federação Internacional de Imprensa Diária, que reúne publicações de 38 países, o imposto de Cavallo ?é uma séria ameaça contra a liberdade de imprensa, já que o poder dos impostos é uma forma indireta de controlar a imprensa?.
O presidente da Sociedade Inter-americana de Imprensa (SIP), Danilo Arbilla, diz que esse imposto ?não possui fundamento algum?. Arbilla recordou que De la Rúa, durante a campanha eleitoral em 1999, havia prometido não aplicar o IVA à mídia. Segundo ele, ?é uma medida anormal, já que poucos países taxam os meios impressos com impostos no preço da capa?.
Arbilla alertou para o fechamento de diversos meios de comunicação em breve, e disse que isso ?é uma restrição ao direito de informação, um direito básico da democracia?. Vários analistas acham que Cavallo poderá recuar nessa medida, como já fez no sábado com a suspensão do IVA para espetáculos."
HOLYWOOD
Sérgio Dávila
"Greve no cinema pode dar 22 ?Titanic? de prejuízo", copyright Folha de S. Paulo, 1/05/01
"São pelo menos 22 ?Titanic?. Se os sindicatos dos roteiristas dos EUA entrarem em greve à meia-noite de hoje, seguidos no dia 30 de junho pelos dos atores, a economia da Califórnia sozinha pode perder até US$ 4,4 bilhões em rendas e 81.900 empregos.
A informação é de Richard J. Riordan, prefeito de Los Angeles, cidade-centro da região no Estado que reúne a maior concentração de estúdios cinematográficos do país. Baseia-se em estudo do instituto de pesquisas Milken e Sebago, que trabalhou com três cenários (sem trocadilho).
O primeiro prevê uma paralisação de dois meses só de roteiristas e não-adesão de atores; o segundo, três meses para roteiristas e um mês para atores; e o terceiro, a hipótese mais temida e que daria o prejuízo citado acima, greve de cinco meses para os roteiristas e três meses para atores.
?Estou preocupado com o pequeno trabalhador, o técnico das indústrias-satélites que vai ficar desempregado?, disse Riordan. Não é o que pensa John McGuire, diretor-executivo do Sindicato dos Atores (leia abaixo).
O contrato trabalhista atual que regula as relações dos escritores com os estúdios e emissoras de TV termina hoje sem que nenhuma das partes tenha chegado a um acordo. O mesmo ocorre no final de junho com os atores.
As penas para o associado (e 90% dos empregados nas duas categorias são associados) que desobedecer a uma greve vão de multas em dinheiro à expulsão dos quadros, o que significa desemprego virtual para o punido.
Estão em cena o Sindicato dos Roteiristas, que reúne 11.500 associados, o Sindicato dos Atores de Cinema (98 mil afiliados) e a Federação de Artistas de Rádio e Televisão (37 mil). A disputa é com a Aliança da Indústria Cinematográfica e dos Produtores de TV.
O ponto principal é o que se chama de ganhos residuais. Segundo o contrato anterior, cada vez que um filme ou programa é reprisado todos os envolvidos na produção levam uma porcentagem -de atores a roteiristas, passando por diretores e técnicos.
Os atores e escritores querem aumentar a porcentagem em geral, que varia de caso a caso, e os estúdios querem mantê-la no atual patamar. Argumentam que hoje em dia a bilheteria de uma estréia responde por apenas 30% do total arrecadado pela obra.
O resto vem exatamente da parte sobre a qual os residuais incidem: exibição na TV, no cabo, em hotéis e aviões, pay-per-view, venda de vídeos e VHS, além da venda para exibição no exterior.
Em 1999, os estúdios de Hollywood pagaram US$ 177,8 milhões em residuais para escritores e US$ 293,6 milhões para os atores. Segundo os sindicatos, um novo acordo teria um custo extra de US$ 20 milhões, US$ 30 milhões segundo os estúdios.
Um ator como Tom Hanks, por exemplo, recebeu um cachê de US$ 20 milhões para trabalhar em ?Náufrago?, lançado no final de 2000. Até agora, no entanto, recebeu outros US$ 20 milhões só pelos residuais envolvendo o filme.
Enquanto isso, os espectadores começam a sentir os efeitos da greve que ainda não aconteceu na qualidade do que consomem. Para terminar a maioria dos filmes de 2001 até hoje, os estúdios rodaram produções a toque de caixa, com acabamento descuidado.
Um total de 1.066 ?dias-produção? foi registrado pela indústria em março, contra 664 no mesmo mês do ano passado. Um ?dia-produção? é o dia gasto por um estúdio numa locação.
Na TV, o efeito é sentido em outra área. Temendo uma súbita falta de roteiristas e atores na praça, as emissoras concentraram todos os esforços em ?reality-shows?, programas como ?No Limite?.
Por exibir ?gente comum? e ser tratados como jornalísticos, não passam pela alçada dos sindicatos em litígio. Liderados por ?Survivor?, há pelo menos 20 no ar."
ÁFRICA
Roberto Bascchera
"Internet começa a ser usada na África como arma contra ditadura", copyright O Estado de S. Paulo, 4/05/01
"A África tem na Internet uma nova e importante forma de luta contra os regimes autoritários que resistem no continente. Essa é a visão dos participantes da Conferência de Windhoek, promovida pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), que termina hoje na capital da Namíbia.
Com os meios de comunicação em geral sob rígido controle do Estado em vários países, a rede mundial de computadores é considerada uma das principais formas de livre circulação de informações.
?O governo não pode controlar o que circula pela Internet como faz com rádios, TVs, jornais, telefones e até fax. As informações e os e-mails são livres?, afirma o jornalista Mwamba wa ba Mulamba, secretário da organização não-governamental Jornalistas em Perigo, da República do Congo.
Instalada na África entre 1995 e 1997, a rede mundial de computadores ainda é desconhecida para a imensa maioria dos habitantes do continente. Segundo o professor da Universidade de Columbia Leonard Sussman, 3,1 milhões de pessoas têm acesso à Web nos 59 países africanos pesquisados, ante 154 milhões nos Estados Unidos, 113 milhões na Europa, 105 milhões na Ásia e 16,45 milhões na América Latina.
O baixo índice de utilização de computadores na África tem explicação. Além da precária infra-estrutura de comunicações, de transportes e das grandes distâncias, os preços dos computadores e, principalmente do acesso, são proibitivos, muitas vezes por imposição dos governos. No Congo, por exemplo, há apenas dois provedores, que cobram do usuário US$ 300 por mês."
BIGGS VOLTA PARA CASA
Ultimo Segundo / Reuters
"Ronald Biggs volta à prisão e tablóides criticam ?The Sun?", copyright Ultimo Segundo / Reuters, 7/05/01
"A chegada de Ronald Biggs a Londres criou uma grande polêmica sobre o ?jornalismo do talão de cheque?. Biggs também foi muito criticado pela família do maquinista que foi ferido no assalto, que disse que Biggs não deve ser tratado como um criminoso folclórico.
O ?The Sun?, que bancou a conta do retorno do britânico, trouxe a história da volta dele em suas primeiras sete páginas. A manchete em letras garrafais, dizia: ?Nós o pegamos?.
Outros jornais questionaram se havia motivo para os contribuintes do país pagarem pelo tratamento médico de Biggs.
O diário ?The Daily Mail? estimou os custos da prisão, do tratamento e da batalha legal em torno de Biggs em US$ 144 mil por ano.
O tablóide ?The Star? divulgou o resultado de uma pesquisa feita pelo telefone – 74% dos que participaram disseram que Biggs deveria voltar para a cadeia.
Parentes do maquinista Jack Mills disseram que Biggs não deveria receber dinheiro por causa do crime. ?Biggs deveria apodrecer na cadeia e isso deveria ser o ponto final na história?, disse o filho do maquinista ao jornal ?Daily Mirror?.
A comissão britânica que investiga reclamações contra os jornais disse estar investigando se o ?The Sun? quebrou uma regra que proíbe pagamentos a criminosos ou a seus comparsas.
Jornais rivais dizem que o tablóide pagou 44 mil libras ao filho de Biggs – Michael – e ao companheiro de Biggs no assalto, Bruce Reynolds, por ajudar a trazer Biggs de volta para Londres. Reynolds cumpriu 10 anos de prisão de uma pena de 28 anos pelo assalto ao trem.
Um porta-voz do ?The Sun? disse à rádio BBC que o jornal estava agindo em interesse público ao ?retornar para a justiça britânica um criminoso condenado, sem qualquer custo para o contribuinte britânico?.
Monitor da Imprensa ? texto anterior