A VOZ DOS OUVIDORES
THE WASHINGTON POST
Pela primeira vez Michael Getler, ombudsman do Washington Post, um dos principais jornais dos Estados Unidos, resolveu desfiar reclamações em sua coluna.
Em 1o de abril, disse que a previsão do tempo, que costuma ocupar dois terços da última página do caderno da região metropolitana do jornal, de repente virou meia página, em 27 de março. Foram retiradas regiões como Nova York, Alaska, Baía de Hudson e outras 24 regiões que os leitores consideram importantes, uma vez que o Washington Post se diz um jornal nacional, e não local.
Além disso, as letras estão menores. Leitores vaiaram. "Desastre absoluto", dizia um dos muitos e-mails que Getler recebeu. O furor também foi causado porque o Post não explicou o porquê das mudanças. Depois de reclamações, descreveram a modificação como "um formato mais compacto para economizar espaço" e "uma forma mais acessível". Leitores não acreditaram. Está claro que os motivos são os de sempre: abrir espaço para anúncios.
Getler também comenta do artigo de capa do caderno metropolitano do dia 24 de março, que aborda a história de um pregador que pediu desculpas por usar um termo chulo ao se referir a lésbicas. O repórter incluiu o termo ofensivo. Houve uma discussão sobre a publicação do termo e os editores-chefes decidiram retirar a expressão da reportagem. Alguns leitores reclamaram dizendo que, ao retirar o termo, retiraram também o coração do artigo. Getler dá razão aos leitores. "A linguagem era a razão da reportagem. Era relevante. Sem isso, não houve contexto, não houve como exercitar o julgamento", disse.
Em 23 de março, a principal reportagem do caderno "Style" contou como Parris Glendening, governador de Maryland, e sua mulher Frances Hughes Glendening estão seguindo seus caminhos separados, após 24 anos de casamento. Mas ao final, segundo Getler, o Post encharca a reportagem de fofocas e rumores sobre uma mulher solteira na equipe do governador. Não havia necessidade.
Por último, os leitores têm reclamado a Getler, desde que assumiu o posto de ombudsman, que o Post e a mídia liberal têm ignorado o caso de Jesse Dirkhising, uma garota de 13 anos assassinada e estuprada no estado de Arkansas, em 1999, por um casal de homossexuais. O ombudsman afirma que o jornal aguarda novidades para fazer uma reportagem maior, a qual deveria noticiar a condenação oficial dos acusados.
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