Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Mensagem cassada

CARTAS

DOSSIÊ PERFÍDIA

Censor Alberto Dines, a mensagem abaixo, que lhe enviei em 1º de fevereiro deixa de valer. Ela fica só na memória, embora fugaz e etérea, de como nós podemos nos enganar com pessoas que parecem ser dignas e honradas. Você, Sr. Dines, não merece o entusiasmo nem o respeito que lhe devotei. Você é um jornalista-biombo, falso Catão, hipócrita e farisáico.

From: Ruy Nogueira

To: obsimp@ig.com.br

Sent: Thursday, February 01, 2001 12:51 AM

Subject: Mensagem ao Alberto Dines

Decente, digno, correto e corajoso seu artigo sobre “Memórias das Trevas”. É bom saber que mais um grande jornalista tem coragem de dizer a verdade sobre o soba baiano. Abraços

,

Ruy Nogueira, publicitário

Nota do OI: Embora na obrigação
de acatar as manifestações de nossos leitores, o
Observatório
tem por norma não publicar ofensas pessoais nem cartas que fogem ao
seu escopo. A exceção aberta para as ofensas contidas na mensagem
acima confirma essa regra – ao revés, mas confirma. No sábado,
10 de fevereiro, troquei três e-mails com o leitor na tentativa de demovê-lo
da manutenção dos insultos, sugerindo retirar a última
frase de sua mensagem. Ele resistiu, argumentando que a eliminação
do trecho ofensivo caracterizaria ato de "censura" da parte do
OI.
Não cabe aqui reproduzir nosso diálogo – respeitoso, registre-se.
No limite, assenti publicar a carta, sem o corte, agora com o intuito precípuo
de demonstrar aos leitores o nível de brutalidade que pode suscitar uma
análise preconceituosa do caso relatado no
DOSSIÊ
PERFÍDIA
, publicado nesta edição. (Luiz
Egypto
)

 

Como humilde jornalista que nutre expressiva admiração pelo trabalho responsável e ético que vem sendo desempenhado pela equipe do Observatório da Imprensa, gostaria de dar minha sugestão: não se furtem a denunciar o lamentável episódio do programa que não foi ao ar. Creio que, além da terrível perda, não falar mais sobre o assunto significa transigir com a censura e omitir de milhões de telespectadores, que não têm acesso à internet (tampouco ao Observatório da Imprensa pela rede), qual o estágio por que passa a democracia brasileira. Por favor, como jornalista, telespectadora e, principalmente, cidadã que observa uma imprensa, em sua maioria, curvada aos favores e às graças de políticos "pouco" éticos, peço que não deixem de denunciar os verdadeiros motivos que os obrigaram a reprisar um antigo programa em 6/2. A população desse país precisa ter consciência crítica sobre o que acontece a sua volta. Somos responsáveis também nesse sentido, acredito.

Cecilia Figueiredo

 

Aplausos, e mais aplausos e muitos mais aplausos ainda seria pouco para reverenciar a atitude de Alberto Dines. Nada mais digno do que, prezando o bom e imparcial jornalismo, assumir a grande responsabilidade da não-exibição de um programa e vir a público, de forma clara e sincera, justificar o acontecido. São exemplos como esse que nos fazem crer no jornalismo e no nosso futuro como comunicadores, e não como escravos do poder.

Alexandra Avelar, estudante do 4º
ano de Jornalismo, Curitiba

 

Neste episódio em que tentam associar o nome de Alberto Dines a um ato de censura, lembra-me um professor de Português que, na época do pré-vestibular, dizia algo assim:

– Agora que vocês aprenderam todas as regras, notem uma única exceção: se encontrarem nos textos de Machado de Assis algo que contradiga essas normas, sigam o Mestre. Ele está sempre certo. Mutatis mutandis, Alberto Dines, Claudio Abramo, Evandro Carlos de Andrade, Mino Carta e poucos outros estão acima de quaisquer discussões. Isto, para ficar nas alturas filosóficas.

Descendo ao Planalto Central: um programa de debates para o qual foram convidados não importa quantos, e apenas um aceitou, está morto e enterrado pelos que não aceitaram. E eles devem ter boas razões – que podem ou não querer expor ao distinto público, ou choldra…

Vitor Sznejder, jornalista, professor
da Fundação Getúlio Vargas

 

Aproveito para enviar-lhes um texto [ver remissão abaixo] que havia feito para o site onde trabalho, e que, por motivos os quais vocês bem conhecem, tive de tirar do ar em dois dias, por orientação do advogado da empresa – quero deixar bem claro que os meus superiores me deram carta branca para veiculá-lo. Enfim, coisas do Brasil! Do mundo, provavelmente. Mais uma vez, parabéns pelo belo trabalho de vocês.

Carlos Eduardo Caetano

 

Finalmente o Observatório descobriu o seu limite: ACM.

Pyerre Dias da Costa

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