Thursday, 07 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Mestrado com ênfase profissional

COLUMBIA UNIVERSITY

Iluska Coutinho (*)

Boa capacidade de redação, interesse nos fundamentos do jornalismo, agilidade ao escrever e digitar textos em inglês, conclusão de um bacharelado em cursos que valorizem o conhecimento multidisciplinar e ter condições para pagar 48 mil dólares ? cerca de 132 mil reais. Esses são os requisitos básicos para se tornar um aluno do mestrado profissional da Columbia University, em Nova Iorque. Além disso, é preciso enfrentar um processo seletivo que costuma ter em média 1.000 candidatos para as 220 vagas.

Fundada em 1912, por Joseph Pulitzer, a instituição é uma das referências mundiais no ensino de jornalismo; aqui, em nível de pós-graduação. Apesar disso, a ênfase da formação é nas disciplinas conhecidas no Brasil como técnicas: reportagem, redação e edição.

Em um país em que o diploma de jornalismo não é pré-requisito para o exercício da profissão, a formação na área pode ser obtida em cursos especializados de curta duração ou em mestrados profissionais como o da Columbia. Além disso, para quem pretende buscar um emprego na área acadêmica esse tipo de diploma é uma exigência.

Com relação ao tempo de duração, o curso é oferecido em duas versões: dez meses (tempo integral) ou dois anos (meio expediente). Além disso, o aluno pode optar por uma das áreas de concentração do mestrado, saindo da Columbia um profissional mais especializado em Jornais impressos (newspaper jornalism); Jornalismo audiovisual (broadcast journalism); Revistas (magazine journalism) ou Novas Mídias (new media).

Currículo direcionado

Com poucos créditos em comum, em geral de matérias de formação cultural ou teórica, os alunos do mestrado profissional da Columbia têm uma formação direcionada para a mídia em que pretendem trabalhar, sendo capazes de desempenhar diferentes funções, por exemplo, em emissoras de televisão. Esse direcionamento, por outro lado, retira-lhes a espécie de "polivalência" que hoje marca, ou deveria marcar, os cursos de graduação em Comunicação/Jornalismo no Brasil.

Outra diferença fundamental é o impacto das disciplinas eletivas, ou optativas, no currículo. Aqui elas têm o mesmo peso dos seminários e workshops, estes obrigatórios, embora seja do aluno a opção por dois temas disponíveis. Assim, apesar da entrada anual de um grande número de estudantes, as salas costumam não ultrapassar 20 pessoas.

No primeiro semestre, de outono, os estudantes têm como disciplinas Reportagem e redação (aplicada à mídia escolhida); Ferramentas do jornalismo moderno; Jornalismo, lei e sociedade; Estudos críticos em jornalismo; Projeto de mestrado e um dos seminários de Reportagem e redação especializada. As disciplinas obrigatórias são oferecidas em diferentes opções de horário, calendário e professor. No caso do seminário, os estudantes contam com 23 opções ? como Reportagem internacional, Jornalismo opinativo, Técnicas de investigação, Impacto social da mídia, só para citar algumas.

Para concluir o curso o aluno precisa somar um mínimo de 30 créditos, incluindo o projeto de mestrado, que é uma reportagem ou trabalho de fôlego em rádio, TV, impresso ou novas mídias. Vale ainda dizer que o mestrado profissional, mesmo na Columbia University, não é o passaporte para o Ph.D (doutorado) em jornalismo. Para isso é preciso obter pelos menos os créditos do Master of Science in Communication, um curso com maior profundidade teórica, em vez de treinamento profissional. Mas isso é outra conversa, para outra edição.

(*) Jornalista, mestre em Comunicação (UnB) e doutoranda (Umesp); professora da Faesa/ES e pesquisadora associada na Columbia University, com bolsa Capes

    
    
                 

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