AFEGANISTÃO
Desde que escreveu artigo acusando o ministro da Educação afegão de dedicar apenas duas horas semanais ao cargo, o editor Zahoor Afghan tem recebido telefonemas ameaçadores. "Nós matamos centenas de pessoas. Podemos matar você também", diz a voz. Na época da publicação, Afghan foi detido, mas liberado horas depois.
Todd Pitman [AP, 7/5/03] conta que este tipo de situação é enfrentada por muitos jornalistas no Afeganistão atualmente, apesar da aparente liberdade na era pós-Talibã e do surgimento de diversos jornais e emissoras de rádio. A maioria das publicações é controlada ou financiada por facções e partidos políticos; poucos veículos podem ser chamados de independentes. Os antigos líderes militares ainda têm grande poder ? alguns estão no governo ? e desafiá-los pode significar prisão, espancamentos e ameaças de morte.
"Oficialmente, dizem que temos o direito de nos expressar. Mas a verdade é que nenhum jornalista aqui é realmente livre", conta outro repórter de Cabul, Sayed Mahdawi. Mahdawi tem sido ameaçado desde que publicou um texto pedindo por um governo secular, dois meses atrás. O ministro da Informação Makhdom Raheen reconhece que o problema existe. Disse tentar ajudar os jornalistas, oferecendo proteção policial, mas afirma que seu poder é limitado.
Segundo a ONG Human Rights Watch, repórteres estão sendo ameaçados em nome da Shura-e-Nazar, grupo armado ligado ao ministro da Defesa Mohammed Fahim. Em março, o repórter da Radio Liberty Ahmed Shah Behzad foi espancado e expulso da província de Herat após fazer perguntas que um ministro considerou ofensivas. Behzad deixou o país.