TURMA DA MÔNICA
Essa matéria intitulada "Quadrinhos também é imprensa" é, no mínimo, ridícula. A Turma da Mônica é uma história para crianças, muito bem concebida, ao passo que Peanuts é para adultos, e faz parte dos quadrinhos intelectuais dos anos 50, ao contrário do que disse o autor. Todos os comentários do autor foram medíocres e dignos de vaias, tendo em vista que ele não se prestou a um mínimo de pesquisas para escrever tão decadente texto.
Nós, desenhistas e estudiosos de quadrinhos, nos sentimos profundamente ofendidos, mesmo que já tenhamos deixado de ler A Turma da Mônica há muito tempo… é uma história para crianças, e uma das melhores. Mande esse jornalistazinho ler algo de Álvaro de Moya, Sonya Luyten ou JP Martins, entendidos e estudiosos de quadrinhos de alto nível, antes de escrever asneiras.
O Spacca tem razão. O Cláudio "pisou na bola" com um texto absolutamente preconceituoso e impreciso. É fácil fazer uma análise dos quadrinhos por uma perspectiva esnobe e colonizada. Tomara que os filhos dele não sejam como ele, que teve oportunidade, como poucos nesse país, de se alfabetizar em inglês e conhecer o "grande universo" cultural americano para poder, depois, escrever um monte de m… sobre um dos maiores artistas do Brasil.
Acho que, se é para falar de quadrinhos, deveriam confiar a tarefa a algum jornalista especializado. Os recentes artigos do Cláudio Weber Abramo são absurdos e sem propósito. O Spacca fez uma critica muito procedente à primeira matéria, também publicada no Observatório. Nela, Spacca aponta os "erros de apuração" do Abramo que, contrariando os princípios do bom jornalismo, "chutou" tudo… afirmou bobagens como que o Mauricio de Souza foi funcionário da Abril etc. etc. Não convém repetir tudo aqui, já que a resposta do Spacca corrige os absurdos do artigo.
O que me espanta é que um jornalista competente como o Abramo insista em dissertar sobre um assunto que ele, pelo visto, desconhece completamente. Melhor seria gastar seu tempo escrevendo sobre outros assuntos dos quais tenha mais conhecimentos.
Não vem ao caso agora discutir a "legitimidade ideológica" do Maurício de Souza, o que está sendo contestado é a "autoridade" de certas pessoas para escrever sobre um tema que, se não dominam, nem se importaram em pesquisar. Seria o mesmo que, numa comparação porca, alguém que não entenda de futebol escreva um artigo e misture Pelé com Garrincha… e ainda ache que está tudo bem.
O outro artigo seguinte, o da "história instantânea", é mais estranho ainda. Caiam na real, vocês do Observatório: proíbam o Abramo de escrever sobre quadrinhos, ele é bom em outras coisas, canalizem o talento dele para algo mais da alçada dele.
Porque esses dois artigos só causaram espanto, perplexidade e risos irônicos na categoria dos desenhistas de quadrinhos. Nem revolta causaram. Foi tipo assim um bêbado estar falando bobagens na rua e as pessoas passarem e olharem de soslaio.
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