Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Moacir Japiassu

JORNAL DA IMPRENÇA

“Salta uma camisa-de-força!”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 11/4/03

“Depois de ler a entrevista de Eduardo Gianetti da Fonseca em Época, na qual a criatura defende o ataque americano ao Iraque, Janistraquis me perguntou, com uma ponta de singeleza: ?Considerado, está correto uma revista importante gastar páginas e páginas com os chiliques de um economista-filósofo amalucado? Porque o elemento parece mesmo fora de si, não está ?fazendo gênero?, como se diz, né mesmo??. Ao ler a entrevista, fui atingido pelos obuses da dúvida. Eduardo não parece mesmo ter herdado a prudência mineira do seu ?antepassado? (seria avô?) Américo René Gianetti, ilustre prefeito de BH quando ali cheguei nos anos 50; o ?neto? está convencido de que Sadam Hussein é o Hitler do Século XXI, o Iraque e a Alemanha nazista são irmãs e, portanto, a invasão americana se justifica. Diz ele: ?(…) Por mais que tenhamos restrições aos americanos, eles exercem a condição de superpotência militar com razoável autocontrole, sem excessos como certamente teriam cometido a Alemanha nazista e o império soviético. É uma sorte para a humanidade?.

Meu secretário empalideceu de perplexidade: ?É uma sorte estarmos todos nas mãos do ?razoável autocontrole de Bush?, garante esse filófoso mais estressado que o Boechat (leia – aqui – queixa do colunista do JB no Primeiro Caderno); e ele ainda prevê a mesma trolha para a Coréia do Norte… Olhe esta frase aqui: ?É a próxima da lista. Mas um ataque preventivo a ela (Coréia) vai depender de como esta guerra do Iraque terminar?. Perto do Gianetti, Enéas do Prona é um sujeito equilibradíssimo!?. Concordo inteiramente. Da entrevista do ?neto? do ilustre Américo, só aproveitei esta frase: ?O pacifismo pode ser muito ingênuo?. Pode.

Onça-pintada

Atentem para esta contribuição da leitora Cleo Barleta, que o jornal Valor Econômico teve a coragem de publicar: ?(…)Entre as alterações previstas, a esfinge da República que ilustra a frente da cédula deve ceder espaço a uma onça-pintada?. Cleo escreveu: ?Na nota de R$ 50 que conheço não há nenhuma esfinge, mas sim a efígie da República?. É mesmo, Cleo, e meu secretário concorda com você: o autor do texto escreveu pensando que falava do Egito, onde ficam a esfinge, mais as pirâmides de Napoleão. Ou de Paul Johnson? Ou do Elio Gaspari?(Revisite coluna de 6/3).

Puta estresse!

Observem o exemplo da Reuters, que placidamente dormitava no arquivo desta coluna: ?Belgrado – O primeiro-ministro da Sérvia, Zoran Djindjic, foi assassinado na quarta-feira, do lado de fora da sede do governo em Belgrado, afirmou à Reuters um membro do partido dele. ?Ele está morto?, disse o integrante do Partido Democrático?. E mais este, enviado pelo Vito Diniz: ?Gasolina dispara de centavo em centavo?, mancheteou O Dia, do Rio de Janeiro. Disparar, de centavo em centavo, já é, digamos, despotismo estilístico… Meu secretário leu as pérolas, quedou-se pensativo por instantes e finalmente chiou: ?Considerado, esses redatores andam mais estressados do que o Eduardo Gianneti da Fonseca e o Ricardo Boechat juntos!?.

(Aliás, por falar em notas que dormitam no arquivo, esclareço aos colaboradores que serão bem-vindas todas as notícias, ?novas? ou ?velhas?; afinal, o tempo não passa para as besteiras que cometemos. Pode demorar, mas a coluna aproveitará todas!)

Explosivo rega-bofe!

Janistraquis lia o indispensável Observatório da Imprensa, deparou com o nome de um considerado e brilhante amigo, Luiz Weiss, e leu, sob o titulinho Picadeiro: ?Notas de uma manhã de sábado – O Estado de S. Paulo (5/4), em chamada de primeira página, sapecou: ?Em carros entulhados de pertences (…)?. Deu a entender, involuntariamente, que os pertences atulhados nos carros (dos iraquianos em fuga de Bagdá) são um lixo?. Com água na boca, pois o autor falava em sábado, dia de exageros gastronômicos, meu secretário comentou: ?O Weiss deve estar enfiado num tremendo regime alimentar; afinal, entulhada ou atulhada, a chamada do Estadão não nos remete ao lixo da guerra, porém à feijoada da boa paz com todos os seus deliciosos ?pertences?: orelha, língua, pé, rabo, mais uma costelinha, lombo… tudo mergulhado no feijão preto; pra acompanhar, couve à mineira, laranja e caipirinha! É bom saber que os iraquianos apreciam nossas iguarias; terá sido por influência da Rede Globo??. É bem possível.

Sniff…sniff…sniff

Meu secretário, amigo e companheiro de tantas lutas, a principal delas contra a burrice (embora estejamos perdendo por 10 x 0), Janistraquis rejeitou o copo de cachaça Espírito de Minas que lhe ofereci e desabafou: ?Obrigado, considerado, porém deixei de beber; por uma simples brincadeira que fiz com o Boechat, fui por ele chamado de ?entidade?, ?bêbado? e, nas entrelinhas de seu e-mail ao Comunique-se, ainda pediu minha demissão…?. Compreendi.

Errei, sim!

?DELEGADO JÓIA – Titulinho do Jornal do Brasil: Candelária prende mais um suspeito. Janistraquis, que não se lembrava mais do local da chacina (êta país sem memória!), mandou telegrama de congratulações ao delegado Candelária? (outubro/1993).”

 

BOECHAT vs. JANISTRAQUIS

“Boechat comenta coluna de Japiassu”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 8/4/03

“O jornalista Ricardo Boechat traz aos leitores de Comunique-se as suas observações sobre a coluna de Moacir Japiassu, intitulada ?O pesado sono do Boechat?, publicada na última quinta-feira (03/04). O colunista do JB fez questão de deixar claro que não tem a pretensão de estabelecer com Japiassu nenhum tipo de debate sobre o assunto. ?O tema não merece tempo?, encerra Boechat.

Leia abaixo na íntegra o texto de Boechat enviado por e-mail à redação de Comunique-se:

?Texto assinado por Moacir Japiassu no Comunique-se (reproduzido abaixo) comenta notícia que ele teria lido em minha coluna ?datada de 27 de março? no Jornal do Brasil.

A tal nota citava documento que seria entregue a Lula ?assim que o presidente eleito tomar posse?.

?Estarrecido e, ao mesmo tempo, preocupado com o estado de saúde? deste ?festejadíssimo colunista? do JB (Lula, afinal, assumira o governo em janeiro), o cronista manifestou outros temores, imaginando qual seria meu choque ao saber, por exemplo, ?da invasão do Iraque pelos EUA e Inglaterra?. De fato, repórteres desatualizados tendem a sofrer muito.

Mas, que ironia, é Japiassu quem não sabe o que escreve.

Crítico de imprensa – e dos que fazem gracinha! – ignora até o elementar procedimento de checar suas informações.

Vejamos: a nota que o impressionou não foi publicada por mim dia 27 de março de 2003, mas em 17 de novembro de 2002 – bem antes, portanto, da troca de governo (vide coleção do JB, às ordens).

Quem alertou Japiassu para inexistente ?absurdo cronológico? cometido por mim foi um tal ?Janistraquis?, entidade que, ?por volta do meio-dia e antes de tomar a primeira?, o assessora enquanto ele cozinha.

Acho de péssimo gosto dar palpite em relações domésticas, mas Japiassu precisa mudar de ?fonte?, ou Janistraquis parar de beber.

O que pega mal, para ambos os rapazes, é transformar em notícia delírios matutinos de sábado.

Esse é um terreno – surpreende-me que Comunique-se se faça de alheio – menos fértil à imaginação do que supõe a alegre dupla etílico-culinária.

E bota culinária nisso?.

Boechat”