Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mordaça oriental

CHINA

Autoridades chinesas forçaram a saída dos principais editores do jornal semanal mais importante do país, Southern Weekend. A medida deve-se a uma reportagem opinativa do jornal, semi-independente. Southern Weekend é um semanário nacionalmente popular do Partido Comunista de Guangjou, cidade ao sul da China. É pioneiro na crescente cobertura de corrupção, violência policial e crimes políticos, evitando ao máximo questionar o governo comunista ou reportar escândalos delicados em Pequim.

O que mais ofendeu o Departamento de Propaganda do Partido Comunista foi um comentário de 19 de abril, sobre um criminoso notório. Segundo Erik Eckholm [The New York Times, 7/6/01], o comentário, que dava a entender que o péssimo tratamento nas prisões ajudou a criar o assassino, foi criticado por pintar um quadro muito negro da polícia e da sociedade.

Em encontro em meados de maio, funcionários do governo de diversas províncias atacaram autoridades locais por permitir que o jornal explorasse crimes políticos em outras regiões. Autoridades de Henan, por exemplo, reclamaram de um artigo do Southern Weekend sobre a proliferação da Aids na província por transfusão de sangue, assunto sempre omitido. Os responsáveis, Qian Gang, editor-chefe, e Chang Ping, editor da primeira página, foram demitidos do jornal no final de maio.

Enquanto todos os jornais chineses são controlados pelo Partido Comunista, subsídios decrescentes e aumento de custos levaram muitos a procurar faturamento privado, passando a apresentar conteúdo mais vigoroso e a escrever sobre escândalos.

AMÉRICA LATINA

O presidente do Chile, Ricardo Lagos, assinou nova lei de imprensa, que anula grande parte da vergonhosa Lei do Estado de Segurança, que tornava crime insultar funcionários públicos de elite, mesmo se se tratasse de informação verdadeira.

Uma grande falha é que a lei protege apenas jornalistas com diploma ou outro reconhecimento oficial, de acordo com o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), em Nova York. "Estamos abismados com a tentativa dessa nova lei de criar uma distinção legal entre jornalistas que podem proteger suas fontes e os que não podem", disse Ann K. Cooper, diretora-executiva do CPJ.

Apesar do "meio-triunfo" chileno, maio foi um mês excepcionalmente violento, de acordo com Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 5/6/01].

Na Colômbia, Edgar Tavera Gaona, repórter de rádio de 38 anos, foi encontrado morto no dia 18, aparentemente assassinado. Quatro jornalistas do diário El Tiempo, de Bogotá, Orlando Gamboa, Martha Elvira Soto, Sergio Ocampo e Carlos Pulgarin, foram ameaçados de morte entre 17 e 20 de maio se não saíssem do país em um mês. Além disso, um carro-bomba foi desarmado nas redondezas do La Voz, jornal do Partido Comunista, no dia 21.

ALEMANHA

A Bertelsmann, grupo de mídia alemão, planeja cortar gastos, de acordo com Thomas Clark, Sven Clausen e James Harding [Financial Times, 4/6/01]. Em memorando interno incitando à "revolução cultural", o executivo-chefe Thomas Middelhoff disse que quer melhorar as margens de lucro, uma vez que está preparando a empresa, privada, para adentrar a vida pública. "Nosso objetivo é aumentar as vendas no mínimo 10% nos próximos três anos."

O pedido acompanha a análise minuciosa da performance financeira da Bertelsmann. Diversos setores da empresa estão em preocupante declínio. A ambição de Middelhoff em revolucionar o grupo ocorre porque o fundador da companhia, Reinhard Mohn, quer mudar os rumos. À frente da oferta pública inicial, Middelhoff está aparentemente limpando o portfolio dos bens da Bertelsmann e vendendo operações secundárias e deficitárias e holdings menores.

    
    
                     

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