PROFISSÃO EM CRISE
No ano passado, metade dos formandos em Jornalismo da Universidade de Columbia tinha emprego ao se formar, e um total de 90% foi contratado em agosto. Mas, até julho, apenas 25% dos estudantes ocupavam postos de tempo integral, informou Melanie Huff, coordenadora de empregos do curso.
A mídia americana, que cresceu com a rápida expansão das companhias de internet, está agora dispensando empregos da nova economia. Mais de 100 mil pessoas foram demitidas neste ano nos EUA, segundo o Mediachannel.org.
A última crise, afirma Jackie Sindrich [Reuters, 23/8/01], ocorreu na semana passada, com a Industry Standard [ver matéria nesta edição]. Trata-se da pior crise da indústria da mídia dos últimos 10 anos, de acordo com Edward Atorino, analista da Dresdner Kleinwort Wasserstein. "Em alguns aspectos, como em anúncios de emprego para jornalistas, é a pior crise dos últimos 20 anos", afirma.
Cortes em veículos e empresas de prestígio como The Wall Street Journal, New York Times Co., Dow Jones, CNNfn, CBS Marketwatch, USA Today e Tribune Co., entre outros, deixaram na mão jornalistas que 18 meses atrás tinham estáveis e sólidos empregos.
À luz da recessão, estudantes de Jornalismo estão à espera de contrato, disse Melanie Huff. A coordenadora afirmou que os recém-formados ocupam posições típicas de novatos nas redações, às vezes em jornais diários de pequena circulação, em vez de entrarem imediatamente em publicações de peso. "Não poderão apenas estalar o dedo e ter tudo em suas mãos", disse Melanie.
CASO CHANDRA
Trata-se de um dos maiores factóides da mídia americana, mas não há uma versão nova sequer para o caso do desaparecimento de Chandra Levy. Nem na entrevista de Connie Chung, da ABC, com o deputado Gary Condit, que teve um affair com a estagiária sumida.
Conta Howard Kurtz [The Washington Post, 24/8/01] que Chung perguntava e Condit desviava, recusando-se a reconhecer o envolvimento com Chandra ? o que todo mundo sabe ser verdade. A maioria dos analistas julgou o programa um fiasco para o deputado democrata. Condit já ultrapassou o terceiro mês de blitz da mídia, tendo sido há pouco tempo capa da People e entrevistado da Newsweek. No dia anterior à entrevista da ABC, Judity Bachrach, da Vanity Fair, foi ao programa Larry King Live para contar detalhes da entrevista que fizera com o deputado.
Connie Chung, apresentadora de PrimeTime Thursday, que vai ao ar toda quinta-feira às 22h, foi direto às perguntas mais difíceis: "Você a machucou? Você matou Chandra Levy?" A resposta de Condit, previsivelmente, foi não. O entrevistador insistiu no mesmo ponto por cerca de uma dúzia de caminhos diferentes, e o entrevistado, para todas as perguntas, deu a mesma resposta.
Aparentando frustração, a jornalista decidiu fazer uma leitura do comportamento do deputado: "Você está protegendo sua privacidade e a de sua família às custas de uma mulher que está sumida." Condit permaneceu impassível.
Especialistas acharam a performance do deputado californiano um desastre político. "Foi uma falha total", disse Lanny Davis, na MSNBC. Stan Gildenhorn, estrategista democrata que apareceu na Fox, considerou a entrevista "30 minutos de respostas evasivas". "Se ouvisse mais uma vez que ele é casado há 34 anos, teria tido náuseas", disse.