SÉRVIA
Exposição itinerante de fotografias patrocinada pela organização não-governamental americana Freedom House está causando a ira de nacionalistas na Sérvia. As imagens de Ron Haviv, que saíram em publicações como Newsweek e Time, retratam o violento processo de cisão da Iugoslávia nos anos 1990. Na cidade de Cacak, um dos organizadores foi espancado. Em Kragujevac, seguidores do líder Radovan Karadzic, suspeito de genocídio, impediram que a exposição fosse aberta. Em Novi Sad, pessoas protestaram na inauguração, gritando bordões nacionalistas. A polícia teve de ser chamada para evitar maior confusão.
A principal queixa dos sérvios é que as fotos só mostram um lado da guerra. "Onde estão as fotografias dos bombardeios da OTAN?", perguntou um visitante em folha para comentários fornecida pela organização da exposição, referindo-se aos ataques aéreos coordenados pelos EUA em 1999 para combater a repressão sérvia em Kosovo. "Onde vocês estavam quando seu país travou guerra no Vietnã, na Coréia e no Iraque? Seu país matou milhões em nome da democracia", dizia outra escritura.
Ativistas de direitos humanos afirmam que a recepção hostil demonstra a dificuldade que os sérvios têm em aceitar os crimes de guerra praticados durante o governo de Slobodan Milosevic, que está sendo julgado em Haia. Muitos rejeitam que suas forças sejam responsáveis por diversas atrocidades.
Segundo Fredrik Dahl [Reuters, 20/9/02], a exposição mostra, entre outras coisas, muçulmanos esfomeados presos em campo sérvio. Uma das imagens mais chocantes é a de um paramilitar sob o comando do temido comandante Zeljko Raznatovic prestes a chutar o corpo de uma muçulmana fuzilada na cidade bósnia de Bijeljina, em 1992.