IMPRENSA PÓS-11/9
"Há forças pelo mundo que não querem gente que diz a verdade no seu meio". A colocação de Paul Steiger, gerente editorial do Wall Street Journal, representa bem a principal preocupação demonstrada pelos presentes ao encontro anual de gerentes editoriais promovido pela Associated Press. Depois de 11/9/01, o jornalismo, principalmente nos Estados Unidos, nunca mais foi o mesmo.
"Tudo no nosso cotidiano mudou. Temos que entender, explicar e colocar isso num contexto. Isso é uma grande responsabilidade. Não há dúvida de que ficou mais difícil obter informação. A diferença é que as pessoas ainda não estão esclarecidas a respeito. Elas acham que é antipatriótico levantar estas questões", ponderou o gerente editorial do New York Times, Gerald Boyd, ao comentar a importância de os jornalistas questionarem o alinhamento dos países com os EUA na luta contra a al-Qaida e a necessidade de os americanos invadirem o Iraque.
Melanie Sill, editora executiva dos jornais The News e Observer de Raleigh, no estado da Carolina do Norte, observou que, mesmo em nível local, o trabalho do repórter tem se tornado mais difícil. Na Flórida, por exemplo, depois da morte do piloto Dale Earnhardt, o Legislativo estadual votou pelo menor acesso da imprensa a fotos de autópsia. Esse tipo postura deveria preocupar a população, mas não é isso que se vê. "A nossa perda de consideração entre as pessoas comuns é um problema", disse Melanie.
Sobre a atuação internacional do jornalismo, foi colocada a preocupação com o fato de os profissionais de imprensa terem se tornado alvos de violência. A morte de Daniel Pearl, do Wall Street Journal, é emblemática.
Jonathan Salante, da AP [23/10/02], reporta que outro ponto debatido foi como aumentar a inclusão de minorias nas redações americanas. É consenso que, nos últimos anos, a situação melhorou, mas ainda está longe de ser ideal. Segundo pesquisa da Associação Americana de Editores de Jornais, de 2000 para 2001 a porcentagem de pessoas pertencentes a minorias trabalhando nas redações cresceu de 11,6% para 12,1%. Em 1978 eram apenas 4%. Por outro lado, grupos étnicos ou religiosos minoritários representam 30% da população dos Estados Unidos. A associação espera que até 2025 proporção equivalente tenha sido alcançada nos jornais.