NOTAS DE UM LEITOR
Luiz Weis
No pé das matérias dos enviados especiais à África para cobrir o giro do presidente Lula, Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo informavam que os seus repórteres tiveram de viajar de graça nos aviões da comitiva por falta de conexões em vôos comerciais que lhes permitissem seguir o roteiro presidencial. O Globo chegou a dizer que doou a uma instituição humanitária o dinheiro que deixou de gastar com as passagens.
É de espantar que os jornalistas credenciados para acompanhar o presidente em suas viagens não tenham assento, se não no mesmo avião, pelo menos no jato reserva da FAB, que o segue como uma sombra.
As empresas, obviamente, pagariam a conta, como de há muito se faz nos Estados Unidos, quando o reportariado da Casa Branca usa o Air Force One. Seria bom para quem é notícia e para quem dá notícia. Ninguém ficaria constrangido nem precisaria se explicar aos leitores. E quem preferisse os vôos comerciais, boa viagem.
P.S. ? Vôos de imaginação não tiveram os repórteres do Estado, da Folha e do Valor ao abrirem as matérias sobre a promessa de Lula, em Maputo, de que não irá mais reclamar de ninguém.
** Estado: "Depois de ter chamado seus antecessores de covardes, na semana passada…".
** Folha: "Uma semana depois de ter chamado seus antecessores de ?covardes?…".
** Valor: "Menos de uma semana depois de chamar seus antecessores de ?covardes?…".
Para todos os efeitos práticos, literalmente, O Estado de S.Paulo e o Jornal da Tarde deixaram de circular na internet, com a esdrúxula decisão, já comentada neste Observatório [veja remissão abaixo], de trocar a versão HTML com que apareciam na rede pelo intragável formato PDF.
Este leitor se associa a todos quantos, jornalistas ou não, vêm condenando a mudança ? que, cedo ou tarde, fará a empresa arrepender-se de tê-la feito, se não voltar atrás no desatino, restabelecendo o esplêndido sistema jogado no lixo.
E pensar que, enquanto isso, o International Herald Tribune permite que o conteúdo de sua edição eletrônica seja lido como um produto impresso, não mais na vertical, porém da esquerda para a direita, passando-se de uma tela para outra, como que virando a página, com um clique de mouse.