GOVERNO LULA
“Cuba: nossa imprensa, desinformada!”, copyright Pasquim, 29/09/03
“De todo este périplo que o presidente Lula fez, na semana passada pela Colômbia, Estados Unidos, México e, finalizando no Caribe, em Cuba, uma lição, das tantas que se pode tirar, fica evidenciada: a leitura esquizofrênica por parte da nossa imprensa da visita e o desconhecimento do mundo, da geopolítica e suas inter-relações. O imediatismo e a repetição por parte de articulistas de certos chavões – tipo dos usados por Boris Casoy, em suas lágrimas de ódio com relação a Cuba e a seu dirigente maior, Fidel Castro, ficaram mais do que manifestas, no decorrer dessa última etapa da viagem do nosso presidente, pela cobertura que se via e lia, diretamente de La Habana.
Essa falta de percepção, por parte da maioria dos jornalistas que acompanharam Lula, sobre Cuba e Fidel Castro, é trágica. Todos, com exceção de Tereza Cruvinel – que fez uma correta cobertura -, afirmaram que Fidel Castro estava ?meio constrangido? por participar, no Hotel Nacional de Cuba, em Havana, daquela que seria ?a sua primeira reunião com empresários capitalistas? e ficaram horrorizados de que suas máquinas e aparelhos fosse examinados pela segurança cubana, antes de ingressarem no Palácio da Revolução. Fidel já foi objeto de 637 tentativas de assassinato. Em Washington retiram até os sapatos e tudo é normal…
Não quero tocar nas centenas de reuniões e seminários que Fidel Castro tem realizado e participado, ativamente, com empresários de todas as partes do mundo, especialmente com europeus e norte-americanos, mas, também, com brasileiros, nesses últimos 20 anos. Quero lembrar, apenas dois: (1) – quando por aqui esteve durante a ECO-92, uma reunião, com a fina flor do empresariado nacional, promovida pelo Dr. Roberto Marinho, na TV Globo. Uma primeira abertura para os negócios com a ilha; (2) – quando por aqui também esteve, durante a Cimeira Ibero-Latinoamericana, de 1999, numa reunião patrocinada, com empresários ?barra pesada?, pela FIRJAN, tendo à frente o seu presidente, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira. Foi fruto daquela reunião que a Petrobrás rumou via Cuba. Aliás, nesses últimos 20 anos, Fidel Castro não tem feito outra coisa que não seja reunir-se com empresários.
Outra passagem impressionante da viagem, é que a grande maioria da nossa mídia insistia que, nas reuniões privadas que aconteceram – e foram apenas duas, entre Lula e Fidel -, o presidente brasileiro iria ?aconselhar? o cubano como este deveria conduzir sua política de direitos humanos. Ora, quem estaria recebendo conselhos? Sabe-se que o mais pontual de todos, foi quando Fidel disse, durante as cerimônias de posse de Lula, em janeiro de 2003, no churrasco que lhe foi oferecido na Granja do Torto: ?Lula, não se deixe provocar. Não radicalize jamais. A genialidade de quem exerce o poder é saber, apesar das pressões, manter a independência e o pensamento, acima de tudo, mirando no bem estar da sociedade. Hoje não entenderão. Amanhã, compreenderão?.
Entre nove meses que exerce o poder e os 44 anos de Fidel, se alguém pode dar conselhos a alguém é… Mas, além de tudo isso, o encontro foi de amigos. Foi como Lula disse: ?na posse do Collor onde todas as honras eram para o vencedor, Fidel foi a São Bernardo jantar com o candidato derrotado?. A partir daquele momento, Lula começou a ouvir um pouco mais o seu amigo, não só em Havana, mas durante as onze vezes que o presidente cubano esteve no Brasil. Em todas, Fidel conversava com Lula. São amigos e ponto final.
Quanto ao julgamento do brasileiro de nascimento, Paulo Hidel, mas norte-americano por opção, que está em cana desde janeiro em Havana, pela acusação de traficar seres humanos, via Havana, para a entrada ilegal nos Estados Unidos – os balseiros brasileiros -, o governo cubano poderá perdoá-lo, se o crime não tiver outro tipo de gravidade. Porém, pelo que conheço da justiça revolucionária daquele país, só mesmo num ato ?político? para prestigiar Lula, Cuba o perdoaria. No entanto, como o brasileiro é cidadão norte-americano, é possível que o mesmo possa, para surpresa dos jornalistas brasileiros, ser extraditado para lá e que por lá, o julguem…
Quanto a Lula receber o cardeal de Havana, dom Jaime Ortega, nossa imprensa afirma que ele é uma espécie de mediador entre o regime castrista e a oposição. Ledo engano. Dom Ortega é, um homem alinhado, politicamente, com os Estados Unidos. Até o Papa sabe disso. João Paulo II foi a Cuba apesar da recomendação de não ir, do cardeal. Ortega jamais foi aceito como mediador de qualquer coisa. Quando tem oportunidade, provoca o regime cubano, sabendo, no entanto, que a maioria do povo é adepto da ?santeria? e não do catolicismo, quando não, ateu.
O fato é que a nossa imprensa, em sua maioria, não possui nenhuma informação, nem se dedica a estudar o país, quando viajam, baseando-se sempre, na informação das agencias internacionais, principalmente, norte-americanas que, antes mesmo de Lula deixar os Estrados Unidos, já anunciavam que ele falaria com Fidel sobre presos políticos e direitos humanos. Assim sendo, fica impossível fazer uma avaliação correta da viagem do presidente e do seu êxito.
Nessa turnê, além do prazer pessoal de passar por Cuba, foi discutido, mais do que reservadamente, diria, secretamente, o apoio de Cuba para a consolidação de um Grupo formado também pela China, Índia, África do Sul e Rússia. Para isso a diplomacia cubana utilizaria o seu prestígio histórico com esses países, objetivando fortalecer a liderança do Brasil no G-23 Plus, na OMC, como um primeiro passo para, posteriormente, abonar o nosso país, a candidatar-se ao famoso assento permanente, no Conselho de Segurança, da ONU. Essa foi à estratégia política da passagem por Havana, além de rever, bons amigos.
A viagem de Lula foi, portanto, um retumbante sucesso pessoal do nosso presidente, que o está passando, lenta e gradualmente, para o país. Por outro lado, pela estratégia econômica, o Brasil vai reorganizar e reequipar uma das maiores refinarias do mundo, a de Cienfuegos, em Cuba, com capacidade de refino de mais de cem mil barris por dia. Atualmente, sua produção não alcança os cinco mil. Cienfuegos é uma refinaria para petróleo pesado, desse que importamos do Mar do Norte e, também, da Rússia, alguns milhares de barris por dia. De lá, segue para o refino na Malásia. Refinado, leva algumas semanas para chegar ao Brasil, a um custo muitíssimo superior, do que se fosse refinado em Cienfuegos e entregue no Amazonas, em apenas quatro dias!
Como sempre, Fidel deu a sua ajudazinha, sem alardes… E, tem mais, muito mais, que com o passar dos dias os jornalistas poderão ficar sabendo. É como o próprio exclamou para os jornalistas: ?Fiquei calado o tempo todo, imagine se tivesse falado…?”
“O que se quer é informação”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 26/09/03
“O XIS DA QUESTÃO – Quando um plano de comunicação de governo serve preferencialmente aos objetivos da propaganda dele próprio, e os torna razão de ser das ações comunicativas, imediatamente passa a ser ameaçado o direito à informação. É esse o perigo maior das idéias que o ministro Luiz Gushiken tem sobre como usar R$ 150 milhões em comunicação institucional do governo.
1. Odores inquietantes
Na semana passada, em artigo escrito a 16 de setembro, dois dias depois publicado em Portugal (jornal O Ribatejo, 18-9-2003), sob o título ?Lula não pode fracassar?, e a propósito das exacerbadas expectativas que a vitória e o governo Lula criaram no Brasil, escrevi:
?(…) depois da esperança que abriu em sorrisos a fisionomia do povo brasileiro, um fracasso de Lula pode levar o país ao caos. (…) Será mais difícil construir o sucesso no governo do que foi conquistar a arrasadora vitória eleitoral. Nas encruzilhadas do Brasil de hoje, qualquer tarefa de governo contém o risco da frustração. (…) O próprio jogo da democracia, feito de conflitos e acordos que exigem negociações e concessões, retarda, quando não deforma, as soluções prometidas na campanha eleitoral. E porque, para a composição favorável na relação de forças dos confrontos políticos, muitas são as concessões a fazer e as acomodações a aceitar, Lula e o seu governo começam a investir em filosofias e esquemas compensatórios de comunicação propagandística, com ganas perigosamente exageradas. E, nas ganas, odores de propensões ditatoriais, com táticas e truques de uso ou controle dos esquemas jornalísticos. São odores ainda discretos, mas com intensidade suficiente para lembrar velhas teorias e práticas de comunicação do regime militar, no auge do seu poder repressivo.?
Os odores a que me referia incluíam ingredientes como os rumores (logo confirmados) da nomeação de Duda Mendonça para funções de comando indireto das verbas reservadas para algo a que o ministro Luiz Gushiken chama de ?comunicação publicitária?. Mas deixemos de lado a até agora muito mal explicada nomeação de Duda Mendonça para administrar ou ajudar a administrar (o que dá no mesmo) a dinheirama, 150 milhões de reais, em que a sua própria agência é parte interessada. Disso já se ocuparam os jornais e Carlos Heitor Cony, este na Folha desta quinta-feira, 23 de setembro (vale a pena ler).
Nessa história, o que mais me assusta e deixa perplexo são os conceitos que o ministro tem sobre comunicação do governo, incluindo-se, aí, as formas de como, por quê e para quê usá-la. Sei, entretanto, que ao lado dos conceitos do ministro, e interagindo pedagogicamente com eles, desenvolve-se, na própria Secom, um esforço para valorizar e aperfeiçoar a informação jornalística e os seus fluxos.
2. Idéias perigosas
O ministro Luiz Gushiken é um dos homens mais influentes do governo, e não apenas pela amizade e lealdade que o ligam ao presidente. Ele tem atribuições de enorme abrangência – que lhe dão poder de ação e interferência na comunicação de todos os ministérios e autarquias do governo federal, com comando sobre quase 2.500 profissionais contratados, a maioria deles, jornalistas. Agregue-se a isso o poder específico de gerenciador de verbas de alto calibre, cujo uso se destina, direta ou indiretamente, a influenciar os ajuizamentos dos cidadãos brasileiros sobre o governo e o país.
De um governante com tal poder, interessa saber que idéias o orientam. E, justiça seja feita: pressionado por perguntas que o escândalo da nomeação de Duda Mendonça motivaram, o ministro Luiz Gushiken tem dito o que pensa, em entrevistas ou por meio de notas oficiais.
Nos jornais de domingo passado, mais especificamente n?O Estado de S. Paulo, há uma boa síntese das idéias do ministro, apresentadas durante um seminário sobre comunicação do governo. Na edição do texto, o jornal fez um destaque com o resumo, em forma de decálogo, das idéias de Gushiken sobre o que deve ser e fazer a comunicação do governo. Ei-las:
1) Estimular o patriotismo; 2) Motivar ações solidárias; 3) Criar hábitos produtivos e saudáveis; 4) Difundir a imagem do Brasil para o próprio Brasil e para o exterior; 5) Mostrar o caráter de governo de equipe; 6) Difundir pensamentos elevados; 7) Passar a idéia de que o governo está arrumando a casa; 8) Mostrar que o social é o objetivo central do governo; 9) Levar ao exterior a idéia de que o Brasil busca a inclusão social; 10) Insistir na necessidade das reformas tributária e da Previdência.
As intenções podem ser as melhores, acredito mesmo que o sejam. Mas o eixo ordenador desse roteiro é todo ele propagandístico, de ambições ufanísticas. Tem a lógica da lavagem cerebral. E quando um plano de comunicação do governo serve preferencialmente aos objetivos da propaganda de si mesmo, e os torna razão de ser das ações comunicativas, o direito à informação passa a estar imediatamente ameaçado.
Esse é o perigo maior embutido nas idéias do ministro.
3. É preciso mudar
Felizmente, cresce na Secom a discussão de fundo sobre conceitos que devem dar base à estratégia e às ações comunicativas do governo. Sinais disso podem ser identificados na entrevista concedida à Folha de S. Paulo por Bernardo Kucinsky, assessor especial do ministro Luiz Gushiken. Embora jornalista com histórico brilhante, é na qualidade de teórico e estudioso que Kucinsky atua na Secom. Nessa condição, esteve recentemente aos Estados Unidos, para observar e estudar os sistema de comunicação do governo americano, em especial na Casa Branca e no Departamento de Estado. Já havia feito o mesmo tipo de estudo na Inglaterra. Agora, na volta de Washington, em crítica mais do que implícita ao modelo brasileiro, diz Kucinsky que lá, nos Estados Unidos, ?eles nem sabem o que é propaganda institucional?. O governo americano, como os europeus, relaciona-se com a opinião pública por intermédio dos meios de comunicação, tendo jornalistas como interlocutores, em entrevistas diárias, nas quais os governantes se submetem aos questionamentos da imprensa.
É preciso rever o que está sendo pensado e feito em Brasília. Gastar 150 milhões de reais em propaganda institucional que serve, prioritariamente, a um projeto partidário de poder, e de olho nas próximas eleições, é uma coisa abominável – e não serve de desculpa o fato de isso sempre ter sido assim, nos governos anteriores. Lula foi eleito para mudar e moralizar as formas de governar.
Já que o dinheiro existe, e tem de ser gasto, que o gastem em informes educativos, ajudando a população a conhecer melhor, para enfrentar, os seus problemas de saúde, educação, moradia, transporte, segurança, emprego, capacitação profissional, cidadania etc. E que, com esse dinheiro, se produzam e socializem conteúdos que capacitem os cidadãos para as lutas por seus direitos fundamentais, tão vilipendiados pelas ações e omissões dos próprios serviços governamentais. Assim, pelo menos o dinheiro seria usado a serviço dos objetivos da Nação, que supostamente devem ser também os do governo.
Embora se trate de prática generalizada e antiga no Brasil, não tem sentido essa gastança de dinheiro público em propaganda. Seja ela rotulada de institucional, partidária ou pessoal, trata-se de perigosa forma de controlar a mídia e a informação, em proveito de quem está no poder.
Nas relações com a mídia, para as interações com a sociedade, o que o governo tem de fazer é atuar como fonte confiável de informações, esclarecimentos e saberes de interesse público, prestando contas e serviços sem o argumento (explícito ou oculto) dos cifrões.
Notas de Rodapé
* Na crônica de quinta-feira (Folha de S. Paulo, 25 de setembro), Carlos Heitor Cony comenta a nomeação de Duda Mendonça evocando lembranças dos discursos de Goebbels. Mesmo sem o exagero de lembrar Goebbels, seria conveniente que, nas discussões de fundo na Secom, alguém alertasse o ministro Luiz Gushiken para a semelhança de suas idéias sobre comunicação com as propostas do plano de comunicação da antiga Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República, nos tempos mais repressivos do regime militar. A AERP também tinha poderes muito amplos, irrigados a cifrões.
* Um dos objetivos gerais da AERP, talvez o mais importante, era o de adotar ?uma política global de comunicação que permita a integração do povo com o governo?. No documento que deu base ao programa estava escrito: Na estruturação da campanha de promoção institucional, a AERP deve levar em consideração (…) que o cidadão (…) tem a obrigação de procurar compreender e ajudar a ação governamental; que, do prisma patriótico, convém estimular interesse ativo na teoria do Governo e em todas as suas operações; que se estimule o cumprimento de obrigações individuais para com o governo – impostos, manutenção da ordem, trabalho produtivo.
* Depoimentos de jornalistas que fazem cobertura política em Brasília me trazem a queixa de que, em algumas assessorias de comunicação de ministérios e autarquias, o relacionamento entre imprensa e governo é prejudicado pela inexperiência de boa parte do pessoal contratado. A queixa se refere, especialmente, a profissionais vindos de outros centros e assessorias menores, com dificuldades de adaptação às complicações e ao ritmo do jornalismo político em Brasília.
* Ao mesmo tempo, há jornalistas que reconhecem os esforços da Secom para democratizar o acesso à informação, tentando acabar com aquilo a que Bernardo Kucinsky, na entrevista à Folha, chama de ?informação por vazamento?, em favor de alguns jornalistas. ?Tem que ser para todos, não para um?, diz Kucinsky.”
“Governo se comunica mal, avalia Secom”, copyright Folha de S. Paulo, 25/09/03
“Depois de uma visita de cinco dias a Washington, destinada a conhecer os mecanismos de comunicação do governo dos Estados Unidos com a opinião pública e seu relacionamento com a imprensa, o jornalista Bernardo Kucinski, assessor especial do ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), afirmou que ?o padrão de comunicação do governo brasileiro é ruim? e que é preciso ?pôr ordem na casa?.
Kucinski disse que sua visita reforçou o que ele já sabia -que é preciso institucionalizar o relacionamento do governo com a mídia. Isso significa transmitir informações para todos os veículos por meio de entrevistas diárias em vez de privilegiar um ou outro jornalista com vazamento de informação. ?O nosso padrão aqui é um vazamento que se faz a alguns jornalistas, em geral a um. Foi transportado para a comunicação do governo um padrão que é o da comunicação de um político. O político usa jornalistas, mas o governo não pode fazer isso. O governo é uma instituição, assim como a mídia é uma instituição. Ele tem de passar a informação para a mídia de forma institucional e não de forma privilegiada?, afirmou.
Kucinski, que já tinha ido conhecer o sistema britânico, disse que vinha fazendo essa crítica: ?Sempre me opus a isso. No meu primeiro dia aqui, eu detectei esse padrão, que está errado. É preciso ter ritos, se possível diários, e tem que ser isônomo. Tem de ser para todos, não para um?, disse.
?Ordem na casa?
Ao defender que haja ?ordem na casa?, Kucinski entende que é preciso em primeiro lugar unificar o comando da comunicação, como ocorre nos EUA, ou pelo menos criar uma coordenação única. No Brasil, existe a Secom, a SID (Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência) e uma estrutura separada para o porta-voz do presidente da República.
Rodrigo Baena, um dos assessores do porta-voz do presidente, André Singer, acompanhou Kucinski na sua viagem aos EUA, que foi parcialmente custeada pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil (a embaixada se responsabilizou pela estadia).
Eles conheceram o funcionamento do trabalho diário da equipe de comunicação da Casa Branca e do Departamento de Estado, principalmente. Ele destacou o profissionalismo com que ocorrem as entrevistas diárias -a disciplina na transmissão de informações precisas e o fato de o governo se submeter ao questionamento da imprensa.
O que move essa essa estrutura, segundo ele, é a ?accountability? (obrigação de prestar contas), que não existe no Brasil, segundo Kucinski. Em relação a isso, ele não faz uma crítica específica ao governo Lula, afirmando que esse é um traço da cultura brasileira: as pessoas em geral não se sentem na obrigação de prestar contas.
Uma grande diferença dos EUA em relação ao Brasil, segundo Kucinski, é que o governo se comunica com a opinião pública por intermédio dos meios de comunicação e não por meio de propaganda. ?Eles nem sabem o que é propaganda institucional?, disse. Neste ano, o Orçamento da União destina R$ 150 milhões para propaganda institucional -divulgação de atos e campanhas.
Kucinski disse que acorda todos os dias às 5h30 para ler os principais jornais e preparar uma análise do noticiário para o presidente.”