Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Neil Young e o túnel

Edição de Marinilda Carvalho

Gororoba no Rock in Rio, drama em São Januário, réveillon de fogos mortais, um incêndio na gravação do Xuxa Park, a doença de Mário Covas.

A musa deste verão é a bruxa.

E o leitor que, diz a lenda, está em férias, parece ter dado uma saidinha rápida da praia, encarando o teclado para não deixar NADA em branco!

Confira!

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Clique no trecho sublinhado para ler a íntegra da mensagem

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ROCK IN RIO

Não deu para entender bem se o autor critica ou elogia a presença de Neil Young no Rock in Rio, nem interessa seu (ou meu) gosto pessoal, mas túnel do tempo não é a expressão adequada, já que o músico em questão teve sua melhor produção nos anos 70, flertou com o experimentalismo nos 80 e do final dos anos 80 até hoje investe sua carreira e seu nome em discos marcados por uma proposital e anticomercial sujeira sônica, que não o perfila nem com a baba hippie de James Taylor nem com o acefalismo dos artistas (para) teens. Prova disso é a reverência que as bandas grunge prestaram a seu mestre (Nirvana, Pearl Jam), um dos últimos levantes do rock e que não cuspiam em tudo e em todos, pelo contrario, valorizavam a postura antimídia de Neil Young, que, sabe-se, nunca tocou em eventos com nome de multinacional (Hollywood Rock, Free Jazz etc.). Ingenuidade? Niilismo? Rebeldia sem causa? Um velho que ainda não se orientou na vida? It’s only rock and roll…

Márcio de Almeida Bueno, jornalista e músico

É issæ!!! Rock in Rio é um lixo!!! Ver <http://www.boicoterio.cjb.net> Num é mais rock, é só música comercial, só querem ganhar dinheiro e manipular o povo!!! Até Plebe Rude me decepcionou!!! Só rock ?n roll inglês presta, com algumas exceções, é claro, mas Red Hot por exemplo já se vendeu faz tempo. Segue a lista de artistas que ainda levam o espírito do Rock ‘n Roll na veia e ficaram de fora desse lixo: Radiohead, Pearl Jam, Camisa de Vênus (Marcelo Nova), The Charlatans, Johnny Marr ? The Healers (Ex-Smiths), Morrisey (Ex-Smiths), Rage Against the Machine, O Rappa, Manic Street Preachers (Essa é a melhor), Alanis Morrisete, Live, Bad Religion (se venderam no último CD, mas devem constar), Smashing Pumpkins (nem daria, mas tem q constar).

Raphael Burgui

Realmente, tudo que foi dito por vocês está perfeito. Só não podia deixar passar em branco a tremenda prova de colonialismo cultural de que foi vítima o Sr. Carlinhos Brown. Gostando ou não do som dele, aquela atitude de jogar copos no sujeito (negro, brasileiro, baiano) e depois endeusar Axl Roses da vida (w.a.s.p.), racista americano, banda decadente e tudo mais foi no mínimo uma mostra da nossa total subserviência a essas porcarias que nos empurram goela abaixo… Ademais, dizem que quem muito se abaixa para os outros acaba mostrando o rabo!!! Quanta pobreza cultural, Deus nos livre dessas m… todas, e olha que eu gosto de rock. Mas o pobre do Brown não precisava pagar o pato. E aqueles babacas do Oasis, antipáticos, metidos a grande bosta, pra esses caras se bobear neguinho deita no chão e deixa passar por cima (claro, eles são ingleses, brancos, cheios da grana).

Marco Aurélio Júnior

O meu comentário é que concordo em gênero, número e grau. E ainda acrescento que com a ausência das bandas nacionais, que são as legítimas representantes do rock brasileiro, ficou mais evidente a marmelada. Nunca fui a esse festival, nem nas edições anteriores. Aliás, considero "um programa de índio", como diz o jargão popular. Meus filhos adolescentes também não se interessaram. No máximo pensaram em ir para paquerar no dia teen, mas desistiram por não compartilharem do gosto musical das demais adolescentes.

Adelaide Moura, 42 anos, Leme, Rio

Acho que todo grande evento tem suas marmeladas, mas de conteúdo musical nunca vi. Estou surpresa pela porcaria de Nsync, Britney Spears, Sandy e Junior etc. O que eles estão fazendo no Rock in Rio? Cadê Rita Lee, Raimundos, Charlie Brown etc.? Para compensar teve a volta triunfal do Guns?N Roses. O show foi bárbaro, como nunca foi visto antes. Oasis também detonou, mas Guns… não tem comparação. Deviam deixar de querer puxar o saco de alguns porque o próprio nome do festival é Rock in Rio, e não Porcaria Sonora.

Déborah Saloá M. Sales

Acabei de travar uma discussão ferrenha com um colega de trabalho a respeito do assunto, defendendo o mesmo ponto de vista abordado no texto. Meu colega é da geração "compra, mãe" (mote dos baixinhos da Xuxa), acredita em tudo que vê no Jornal Nacional, na indelével Folha de S. Paulo e na inabalável Veja (provavelmente assine AOL…). Fui dar uma "volta" no iG antes de começar a trabalhar para esfriar a cabeça e… surpresa!!!

Acho que vou imprimir e deixar na mesa dele…

Eu precisava mesmo começar a semana sabendo que nem todos enlouqueceram no Planeta Rock. I know, it’s only rock and roll, but… I like it?

Ana Paula Xavier

Finalmente, alguém de juízo perfeito no meio de comunicação. Esse texto deveria ser matéria de primeira página em todos os jornais concorrentes e matéria especial em telejornais. Simplesmente, fantástico!!!

Ricardo Teixeira Girelli

O Roque em Rio é um negócio (ou melhor, business), uma empulhação para forrar os bolsos de Medina et caterva e preencher as carências afetivo/sociológicas da galera. Perambulei alguns anos pela Europa, entre outras coisas vendendo bugigangas pelos festivais de rock que assolam o verão lá deles. De Roskilde até um lugarejo na Suíça, aí pelos idos dos 80s/90s. Naquela época, me divertia com a galera mais jovem, indignada pela inclusão de Joe Coker em um daqueles eventos. Quero dizer, a picaretagem roqueira há muito rola por aí, todo megaevento é picaretagem. Inclusive Woodstock. Teve disco? Teve filme? Quem levou a grana? That?s entertainment. Entendo a justa indignação de músicos e afins com o Roque em Rio. Porém, creio que vocês estão deixando de prestar um grande serviço ao leitor ao sinalizar a fantasmagoria das atrações sem, no entanto, fazer o contraponto informativo, esclarecer a massa tupiniquim: quem são, afinal, as bandas da hora?

Parafraseando Helena Landau: I’m too old to this shit.

Orlando Nascimento

Estou plenamente de acordo com as colocações, pena que os nossos jovens sejam tão abobalhados.

João Emílio, Paragominas, PA

Aí, vocês falarem assim do Rock in Rio não é nada legal, ele pode ser interesse de alguns, mas o que não é interesse de alguém hoje em dia? Esse interesse deles pelo menos vai alegrar algumas milhares de pessoas. E o interesse de vocês, alegra alguém? Palhaçada, os 3 minutos de silêncio, e daí? A mídia é grande formadora de opinião. Prefiro a mídia dizendo falsamente "faça um mundo melhor" do que dizer abertamente a podridão em que vivemos. Meça as palavras antes de criticar algo, pode magoar pessoas frágeis e alegres com seus motivos e suas razões.

Marcos Bicalho

Fiquei feliz em ler o artigo sobre o Rock in Rio, e saber que não era só eu que pensava deste jeito. Para mim este festival não representa coisa alguma além de um produto comercial. O absurdo maior é o cinismo dos 3 minutos para um mundo melhor. Ora essa, como se ficar ali parado modificasse alguma coisa. Parabéns pela clareza, objetividade e visão da realidade.

Leonardo Duarte Pivari

PEGADINHAS

Concordo plenamente com vossa opinião em relação ao mau gosto destas pegadinhas. Torço para que um dia um destes imbecis tente algo comigo! Vou esbofeteá-lo sem dó nem piedade! Aliás, torço para que as pessoas que sofrem tais pegadinhas se rebelem e encham os caras de porrada! Fiquei muito p. com a pegadinha do Sr. João Kléber, aquela do teste de fidelidade! Aliás, é um cara totalmente sem graça e não sei o que faz na TV! Aquela tal de Charlote Pink deve ser o lado "verdadeiro" dele! Uma coisa que me intriga é a Sra. Sônia Abrão, colunista do Diário Popular! Esta senhora posa de moralista, ética etc. Não vejo em sua coluna, em momento algum, críticas ao Sr. Gugu Dadá e ao Sr. Sílvio Santos por causa de suas estúpidas brincadeiras! Depois de tanto pensar, cheguei a uma conclusão: deve ser medo de não participar do famigerado Troféu Imprensa!

Divanio Costa Lima Soares

INCÊNDIO NO PARQUE

Como é importante o papel da imprensa na formação da opinião pública! No dia seguinte ao incêndio no centro de gravações da Globo, durante o programa da Xuxa, li duas manchetes que chamaram minha atenção: uma do jonal O Dia e outra do jornal Extra. Em ambas havia a menção à bravura da apresentadora do programa, que teria gritado "Salvem as crianças".

A chamada de ambas as notícias induzia o leitor a crer ter havido, por parte da apresentadora, um ato de heroísmo e desprendimento, em busca da salvação de seus fãs. Qual não foi minha surpresa, à noite, ao assistir ao Jornal da Globo e perceber que a primeira reação da personagem-ídolo das crianças foi, assustada com o fogo, correr em direção a um lugar mais seguro.

Ora, compreendo perfeitamente a reação da apresentadora, mas, ao mesmo tempo, espero dos órgãos de comunicação o respeito à verdade dos fatos. Meu comentário não desmerece, em espécie alguma, a grandeza da produção do programa, que prestou todo o auxílio possível às vítimas, fato testemunhado pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude. O que deixo aqui é um protesto contra a atitude mistificadora exercida por órgãos da imprensa, que levam o público a deificar comportamentos de pessoas que, afinal, são humanas e falíveis como qualquer um de nós e, ao engrandecerem comportamentos que não existiram, ofuscam os verdadeiros heróis da história, servindo, assim, de reprodutores da história oficial, tão distante dos fatos quanto os mitos o são da realidade.

Paulo Moreira Bártholo Júnior

Só gostaria de enfatizar duas coisas a respeito do incêndio no estúdio da Globo:

1. A Rede Globo, até onde vi, não mostrou as cenas gravadas do programa. Limitou-se a ceder captions de imagens da gravação para publicação pela imprensa;

2. As Organizações Globo estão se esforçando ao máximo para mais uma vez endeusar a Xuxa, mostrando que ela ajudou na retirada dos feridos ? como se isso fosse algo espetacular. Ora, isso é o mínimo que um ser humano poderia fazer (mas acho que nem foi esse o caso: ela deve ter saído correndo dali e agora eles estão forçando a barra, temendo que a imagem dela seja arranhada com o episódio, do qual ela, naturalmente, não tem nenhuma culpa).

Cleber Mendes Leite Nadalutti, editor da revista Graça

Sobre o incêndio na Rede Globo, não vi nenhum comentário sobre a insuficiência de extintores no local. Na gravação transmitida pela própria emissora, só vi um equipamento, para um local com umas 200 pessoas, se não me engano.

Cesar Moromizato

TERRORISMO VS. TORTURA

No debate Terrorismo versus Tortura, reproduzido por este Observatório, há uma pergunta que não quer calar: por que não existe terrorismo hoje, se ainda há tortura? Tenho para mim que é porque vivermos num estado democrático de direito, embora as medidas provisórias sejam em maior número que os decretos-lei do tempo da ditadura. Acho relevante salientar que, não tivessem os militares contraposto os tanques aos votos dos brasileiros, não teríamos tido a tortura justificada por esse tal de Olavo de Carvalho, e muito menos atos de terrorismo.

Aliás, a tentativa de minimizar a tortura, pelas linhas tortas da graduação entre tortura e terrorismo, faz lembrar outro axioma de mentes totalitárias: estupra mas não mata. É triste ver que alguém que se intitula filósofo disponha como arma de defesa, por falta de outras mais convincentes, unicamente seu passado ligado ao Partido Comunista. É como se hoje, por ter sido coroinha, eu pudesse acusar a igreja pelas minhas deficiências em comparação com o estrelato do padre Marcelo. Apesar de tudo, ainda prefiro Olavo de Carvalho com espaço na mídia para desopilar sua bílis do que trabalhando em alguma delegacia. A mídia nós conhecemos tanto pelos colunistas que publica como pelos que impede de publicar.

Gilmar Antonio Crestani

MARIO COVAS

A grande notícia da semana é talvez a que apresente menos novidade: Mário Covas pode morrer. Mas, afinal, qual a única certeza que nos une, senão a morte? Tirando o interesse mórbido de uns poucos pelo seu estado clínico ou pelo tempo que lhe resta, aconteça o que acontecer, Covas já provou que é muito maior do que a doença. O santista Mário Covas Júnior é imortal na história do Brasil. Turrão como todo bom "espanhol", governador de São Paulo eleito e reeleito com votações recordes, deputado federal por três mandatos, cassado pela ditadura militar, prefeito de São Paulo e senador mais votado da República. Líder do MDB, fundador do PSDB, nasceu num 21 de abril. Data histórica reservada a mártires como Tiradentes e Tancredo Neves, também Mário Covas expõe com honra e coragem o seu martírio pessoal. Por isso não sinto pena, mas orgulho deste ser humano extraordinário e deste homem público pelos serviços prestados à democracia. Viva, Mário Covas!

Maurício Huertas, coordenador do movimento Vergonha Nunca Mais!, pela ética na política, e presidente da Juventude do PPS

TAILLEURS, TITITIS

Concordo plenamente com a avaliação da mídia. O texto apenas peca num pequeno item: comenta o fato de que o criador do neologismo "factóide" não é citado pela Veja por estar na lista negra desta. E por você? Também está na sua? Brincadeira, sei que não é o caso. Apenas seria bom dar essa informação ao público em geral (inclusive eu! Não quero passar por sabidinho…).

Joel Zeferino, Nanuque, MG

Alberto Dines responde: Está na minha lista negra da modéstia. A palavra surgiu em um artigo publicado no Circo da Notícia, ainda na revista Imprensa, em 1995 (AD).

SÃO JANUÁRIO

Afinal, liguei o meu computador e consegui ler algo diferente sobre o episódio de São Januário. O ódio que a imprensa nutre pelo Vasco veio todo à tona com o acidente. A TV não repetiu o fato como ocorreu, influenciando a opinião pública contra o Vasco. Foi um crime!!!! Acham pouco, e estão incentivando a torcida carioca contra o Vasco no jogo do dia 18. Isto pode provocar brigas, não é saudável. Estou estarrecida e revoltada com tudo o que aconteceu e está acontecendo. Vide coluna Swan sobre o jogo do dia 18. Vocês disseram algo certo sobre o dirigente do Vasco: por que todos contra? O homem é culpado de tudo? Pobre jornalismo brasileiro, pobre Brasil!

Gloria Nabuco

Faz tempo que o futebol me desgosta. Quando meu filho pergunta para que time torço automaticamente respondo: para nenhum, filho, nenhum… E dizer que nosso país é o país do futebol, fazer o quê? Enquanto eles ou nós não fizermos nada, assim será. Difícil vai ser mostrar ao "povo" que não vale a pena deixar de comprar o arroz, que com certeza faltará em casa, para comprar um ingresso de futebol e assistir às traquinices dos srs euricos pelo Brasil afora.

Mario Spinetti

Já vimos inúmeras imagens e relatos de sérios acidentes em estádios de futebol, pelo mundo afora, inclusive no Maracanã, e com muitas vítimas fatais, sem a dimensão exagerada que a imprensa insiste em imputar ao episódio ocorrido no excelente estádio do Vasco. José Morais

Foram 3 casos graves com diversas pessoas feridas e um morto, e estes números poderiam ter sido muito maiores. Porém, percebemos que a maior divulgação e até mesmo a maior cobrança se limitou ao ocorrido no estádio do Vasco, em São Januário.

Mario Vaz Morais

Uma tragédia supõe sempre mortos e feridos com gravidade, além de prejuízos materiais: o que não aconteceu em absoluto em São Januário. O Sr. Eurico Miranda, apesar de não ser nenhum modelo de virtudes e de educação, até onde estou informado nada consta contra ele que o desabone. Compará-lo a PC Farias, Collor, Luiz Estevão, juiz Lalau e a outros grandes (e reconhecidamente) ladrões do dinheiro público demonstra a mais completa falta de miolo e bom senso. Luiz Simões

TV CULTURA

A palavra "cultura" não foi usada uma única vez sequer pelo presidente da Fundação Padre Anchieta, Jorge Cunha Lima, na entrevista de meia página em que falou à Folha sobre as atividades e o futuro da TV Cultura (ah, minto, ele falou várias vezes a palavra, quando tinha de se referir à "empresa" TV Cultura). Mirian Macedo

DESRESPEITO

Não renovo nenhuma assinatura que tenho das revistas da Abril: Veja, Marvel Comics, DC Comics e Playboy). Não é muito, mas é uma atitude. A partir de hoje o JB acaba de perder um leitor. Nunca mais lerei um jornal que não respeita leitores. João Pereira

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