CRÍTICA DIÁRIA
"No ar", copyright Folha de S. Paulo
DIA 15 – Começou no espetáculo do sequestro, prosseguiu praticamente sem intervalo com a ?Casa dos Artistas? e se manteve depois com um renovado ?Show do Milhão?.
Silvio Santos já não ameaça a Rede Globo somente com a crescente audiência de seu SBT, saudada em quase toda parte. O animador já toma ares de Grande Eleitor.
Vão até ele, sem relutar, de Geraldo Alckmin a Marta Suplicy, de Anthony Garotinho a Paulo Maluf. De todos, foi este último o mais agraciado pelo novo Grande Eleitor, até o momento.
Foi quem mais recebeu elogios no ?Show do Milhão? com políticos, apresentado em 30 de dezembro e que retornou esta semana à televisão, com ?imagens cedidas pelo SBT?.
As imagens cedidas por Silvio Santos a Maluf, para propaganda, vão além da costumeira simpatia do animador. Aproximam-se do endosso. Diálogo de Silvio com Paulo, cedido ao comercial:
– (rindo) Por onde a gente passa, tudo o que a gente vê foi obra do Maluf.
– É, trabalhamos muito.
– Você realmente, quando está no governo, você faz muito, não?
– Já imaginou São Paulo sem a Imigrantes, sem a Faria Lima, sem o Cingapura!?
– Você poderia estar descansando, se quisesse, mas parece que isso não lhe faz bem. O que faz bem a você é a competição, é a realização, não é?
– Adoro trabalhar.
O outro Grande Eleitor jamais chegou a tanto, nem por Collor, nem mesmo por ACM.
Em seu comercial, José Serra é dado como o melhor ministro da Saúde que o país já teve. Ser um grande ministro é central em sua campanha.
Mas dia após dia Serra deixa no ar, sem resposta, o noticiário da epidemia de dengue. O mais que fez foi reagir a Garotinho, que abusou eleitoralmente da doença.
Mas, para a epidemia, nenhuma resposta. Ontem se divulgou a oitava morte no Rio. E, de maneira talvez mais chocante, o secretário municipal da Saúde anunciou, para São Paulo inteira ouvir:
– A epidemia é inevitável.
Soou patético o ?conhecimento profundo de guerrilha? denunciado pelo comandante da Polícia Militar do Pará, nos telejornais.
Mas as cenas, na Globo e sobretudo na Record, evidenciaram que a ?resistência? dos sem-teto não foi como de vezes anteriores. A radicalização foi de parte a parte -armada."