ARMAZÉM LITERÁRIO
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JORNALISMO & LITERATURA
L.E.
Livro recentemente lançado no Brasil sobre Immanuel Kant (1724-1804), com o sugestivo título de A Vida Sexual de Immanuel Kant (Editora da Unesp, 79 págs., R$ 7), provocou curiosa discussão pela imprensa. De autoria do "filósofo" Jean-Baptiste Botul, o trabalho rendeu resenhas, comentários e bate-bocas ao mesmo tempo em que se descobria a inexistência física de Botul e o caráter absolutamente fake de seu livro.
Jean-Baptiste Botul é um heterônimo do jornalista francês Frédéric Pagès, que, com humor, reuniu no pequeno volume uma série de "conferências" sobre Kant pronunciadas por Botul, 56 anos atrás, na cidade paraguaia de Nueva Könisberg ? localidade esta que também não passa de pura ficção.
Do episódio, cuja versão definitiva foi revelada pela revista eletrônica no. <www.no.com.br>, com espaços também no Estadão, Veja e JB [remissões abaixo], restaram exemplos singelos de como a empáfia e a pretensão são capazes de obscurecer as melhores intenções do chamado "jornalismo cultural" ? que, sobretudo no Brasil, convive com um tipo particular de negligência que se estende da pauta à edição.
Nas duas matérias a seguir [clique em Próximo Texto], o historiador Voltaire Schilling escreve sobre o ambiente em que foi produzida a obra de Kant e evoca outros exemplos de imposturas intelectuais, nem sempre tão divertidas quanto a perpetrada por Frédéric Pagès. Na seqüência, Aspas com dois artigos de Paulo Roberto Pires, escritos originalmente para no. <www.no.com.br>, e texto (em inglês) da revista The Economist [3/5/2001] sobre lançamento de uma biografia de Kant pela respeitada Cambridge University Press (Kant: a biography, de Manfred Kuehn, 566 pp.), obra até agora solenemente ignorada pela imprensa brasileira. Se faltava um gancho, não falta mais.
Leia também
Kant e barrigas ? Paulo Roberto Pires, Haroldo Ceravolo Sereza, Joana Monteleone e Veja
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