GLOBO / FRANÇA
“Globo poderá co-produzir série com a França”, copyright O Estado de S. Paulo, 14/05/03
“A Imperatriz do Café, minissérie de Lauro César Muniz prevista para ir ao ar no início de 2004 na Globo, pode ser adiada em um ano, para coincidir com Brasil Vivo, título provisório de uma série de eventos programados pela França em homenagem ao Brasil, em 2005.
A minissérie é baseada no romance do escritor francês Romaric Büel, lançado em dois volumes: O lírio e a quimera, já publicado no Brasil, e A Imperatriz do Café (que ainda não chegou às livrarias brasileiras).
O fato de o escritor do romance original ser francês, somado à conveniência de ?casar? as épocas de exibição da minissérie e do tributo ao Brasil, aumenta as chances da Globo em conseguir algum tipo de apoio ou parceria na produção da obra. Além de promover um evento para mostrar todas as manifestações culturais brasileiras, a intenção dos franceses com o Brasil Vivo é proporcionar um intercâmbio dos meios de comunicação artística – incluindo artes plásticas, música, cinema, teatro e, é claro, televisão.
Muniz disse que ainda não há definições a respeito de uma possível parceria. Até agora, ele foi apenas informado sobre os motivos do provável adiamento pelo diretor Carlos Manga, responsável pelo projeto.
O autor está trabalhando na adaptação da obra há quatro meses, em parceria com a autora Rosane Lima, e escreveu até agora apenas a sinopse, já aprovada pela Globo. ?Está tudo certo com a emissora, só estou aguardando a definição da data?, garante.
A França tem direcionado homenagens desse gênero a países diferentes a cada calendário. Este, por exemplo, é o ano da Polônia. 2004 será o ano da China.
Segundo o escritor Romaric Büel, ex-adido cultural, 2005 será o último ano em que a França fará esse tipo de tributo e será o maior de todos. ?É para fechar com chave de ouro.? Ele explica que durante todo o ano, a partir de março de 2005, todos os pólos culturais franceses abrigarão eventos brasileiros, de exposições e shows, até apresentações de capoeira.
Na contramão – A história de A Imperatriz do Café é fictícia e se passa em meados do século 19. O autor narra as dificuldades de adaptação de uma jovem aristocrata francesa, Mademoiselle de Miry, que se apaixona por um brasileiro, barão do café. Eles se casam e vão morar no Brasil. ?Algumas seqüências terão de ser gravadas na França?, comenta o autor.
A protagonista da trama será a atriz Regina Duarte. Aliás, foi ela quem ?encontrou? o livro e designou a Muniz a missão de adaptá-lo para a TV. ?Foi o inverso do que costuma acontecer?, confessa Muniz, cujo último trabalho com Regina foi na minissérie Chiquinha Gonzaga. ?E o resultado foi ótimo.?.
Embora ainda não tenha dado início à adaptação, Muniz prevê que A Imperatriz poderá ter entre 40 e 52 capítulos.”
DJ PRESO
“DJ é preso com drogas em chácara de SP”, copyright O Estado de S. Paulo, 15/05/03
“Acusado de ser um dos maiores vendedores de drogas sintéticas de São Paulo e de entregar cerca de 20 mil comprimidos de ecstasy por mês em bares, boates e festas rave, em São Paulo, Bahia, Minas, Rio e Santa Catarina, o DJ Pan Augusto de Faria Lê, de 25 anos, foi preso no sábado pelo Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).
Lê estava numa chácara alugada no bairro de Caucaia do Alto, em Cotia, na Grande São Paulo. Os policiais apreenderam 15 comprimidos de ecstasy, 18 micropontos de LSD, 1 quilo de maconha e bolinhas de haxixe. Num apartamento na zona sul da capital, com indicações do DJ, os policiais apreenderam meio quilo de cocaína. Segundo o diretor do Denarc, Ivaney Cayres de Souza, Lê trabalha como DJ em boates, clubes e danceterias de São Paulo e se dedica à venda de drogas sintéticas. ?O que me deixa revoltado é que gente como ele vira ídolo da garotada nos bailes e aproveita para vender e viciar a juventude?, disse Cayres de Souza.
Além do ecstasy, Lê vendia LSD, haxixe, skunk (maconha híbrida produzida em laboratório na Holanda, com alto potencial alucinógeno), xara (maconha preparada em laboratório), maconha e cocaína. Essas drogas eram comercializadas em bares e festas em São Paulo – nos Jardins, Vila Olímpia e Itaim-Bibi, na zona sul, e Vila Madalena, na oeste -; Trancoso, na Bahia; Copacabana e Baixada Fluminense, no Rio; e em Belo Horizonte.
Os compradores eram em sua maioria adolescentes. ?Numa festa de mais de mil pessoas, na semana passada, ele vendeu 5 mil comprimidos de ecstasy?, afirmou Cayres de Souza.
Ao suspeitar de que estava sendo monitorado pelo Denarc, Lê deixou de usar seus telefones fixo e celular. Utilizava os aparelhos das casas dos amigos para acertar a compra e a venda das drogas.
Troca – O meio quilo de cocaína apreendido no apartamento seria levado para a Espanha para ser trocado por 15 mil comprimidos de ecstasy. A droga fora acondicionada em saltos de sandálias pelo pescador José Ribamar de Souza, de 55, de Trancoso. Hospedado na chácara, ele disse ter sido do Exército e do grupo de Carlos Lamarca e abandonado o quartel levando armas. ?Fui preso pela ditadura e apanhei muito. Tenho marcas até hoje?, declarou Souza.
Com ele foram presos o fisioterapeuta Heliomar Viana Nazário, de 29, acusado de ser o responsável pelo transporte de drogas para a Europa, e o comerciante Bruno Tostes Cardoso de Paula, de 34, que levava droga para outros Estados. Dois consumidores de ecstasy, um universitário e uma publicitária, estavam na chácara e foram autuados por porte. Tinham usado três comprimidos de ecstasy cada um.
Lê e o irmão, Mar Faria de Lê, de 22 anos, haviam sido presos em julho pelo Denarc, no Itaim-Bibi, mas foram libertados pela Justiça. Seus advogados convenceram o juiz que eles eram apenas consumidores.
Mar voltou a ser preso, em janeiro, com LSD e skunk. Ele está no Centro de Detenção Provisória (CDP), do Belém, à espera de julgamento. No sábado, horas antes da prisão do irmão, os carcereiros acharam em sua cela dez cigarros de maconha e um celular. O DJ, após ser autuado, também foi para o CDP.
O tráfico continua liderando os telefonemas ao Disque-Denúncia criado pela ONG Instituto São Paulo Contra a Violência. Só no mês passado a central recebeu 5.716 telefonemas, 2.402 sobre tráfico.”
ENTREVISTA / MANOEL CARLOS
“A TV é um bem público, diz Manoel Carlos”, copyright O Estado de S. Paulo, 15/05/03
“Manoel Carlos é um dos autores do melhor escalão da Globo que tem, pelo desempenho de suas novelas no ibope, lugar garantido no horário nobre. Hoje, prende a audiência com um emaranhado de intrigas de jovens e balzaquianas apaixonadas no cenário de um Rio de paz, bem diferente do mostrado pelo noticiário que antecede Mulheres Apaixonadas. Nesta entrevista ao Estado, Manoel Carlos defende a cidade que mostra na TV e diz que a personagem de Suzana Vieira, a mulher madura que assume romance com um jovenzinho, é um exemplo a ser seguido.
Estado – O Rio está pegando fogo, com o crime organizado dando as cartas. Em ?Mulheres Apaixonadas? você pinta um Rio quase suíço: glamourizado e sem violência. A ficção serve para amenizar a realidade?
Manoel Carlos – O Rio é violento como tantas outras cidades, mas não deixamos de viver por conta disso. Meus personagens comentam a violência, o que acontece nas ruas, mas não se trancam em casa, assim como o resto da população. As praias permanecem cheias, os idosos andam no calçadão, as crianças saem a passear com seus cachorros. Exatamente como eu faço, minha família e meus amigos.
Estado – Sua novela aborda o respeito aos idosos, o relacionamento entre faixas etárias e extratos sociais diferentes, o homossexualismo feminino, ciúme doentio, etc. De que modo essas mensagens são digeridas pelo telespectador?
Manoel Carlos – A abordagem de temas polêmicos motiva o público, desperta seu interesse, estimula sua atenção. As campanhas que normalmente incluo nas histórias que conto têm um saldo positivo, pelo que podemos avaliar.
Estado – Qual é a função social da TV?
Manoel Carlos – A TV comercial não tem a função de educar, muito menos a de deseducar. Ao entreter, a TV deve transmitir mensagens positivas, mas sem prejuízo de uma boa dramaturgia. Por ser uma concessão do governo, a TV é um bem público, seu uso deve ser feito com responsabilidade.
Estado – O SBT está produzindo novela com textos mexicanos. Você acha que o autor nacional perde com esse tipo de ?importação??
Manoel Carlos – Nada tenho contra a importação de textos ou mesmo programas gravados. Eu fui importado por vários países e nem por isso ameacei os profissionais locais. O que deve ser visto e discutido é a qualidade do que se importa. Mas fica muito claro que, no caso de teledramaturgia, essas importações só são realizadas por serem de baixo custo, já que não há no mundo autores melhores do que os brasileiros.
Estado – Você fica incomodado como a paródia ?Mulheres Recauchutadas? do ?Casseta & Planeta??
Manoel Carlos – Ao contrário. Eu me sentiria desprestigiado se a minha novela não merecesse a atenção da turma do Casseta. Gravo o programa deles em seguida ao capítulo da minha novela.
Estado – Você acha que as coroas vão ficar menos constrangidas de se relacionarem com homens mais jovens depois da lição da Lorena?
Manoel Carlos – O público brasileiro sabe distinguir ficção de realidade. Mas Lorena é um bom exemplo e pode ser seguido.”