MONITOR DA IMPRENSA
CORRESPONDENTES
Em 16 de janeiro, o Washington Post publicou um artigo de primeira página sobre como os educadores estão vendo a decadência de "O apanhador no campo de centeio" nas grades curriculares. No dia seguinte, Robert Tait, correspondente nos Estados Unidos do maior jornal escocês, The Scotsman, assinou reportagem sobre o mesmo tópico. À exceção dos parágrafos do lead, o artigo de Tait pareceu ter sido recortado e colado do Post ? mesmas fontes, na mesma ordem, dizendo as mesmas coisas.
Tait não falou com nenhuma delas. "A reportagem estava muito bem-escrita, a história muito bem contada. Eu simplesmente a usei", disse o correspondente. Segundo Stephen Totilo [Brill?s Content, 22/2/01], Tait deve estar à vontade com a apropriação, porque citar artigos de outros repórteres é prática comum dos correspondentes.
Para Serge Schmemann, editor-assistente internacional do New York Times, entre correspondentes estrangeiros "sempre houve a presunção de que se apropriar de determinada quantia de citações do veículo oficial é legítimo".
São muitas as explicações de Tait e diversos outros correspondentes. Martin Kettle, jornalista do britânico Guardian residente em Washington D.C. há 4 anos, culpa o fuso horário. De sua parte, James Bone, repórter do London Times instalado em Nova York, afirma que há diferenças culturais nos entremeios da prática. "No jornalismo britânico não há convenções sobre atribuir citações a jornais de que nunca se tinha ouvido falar", diz Bone.
Tait disse que sua atitude frente à reportagem de "O apanhador no campo de centeio" foi um "mal necessário". Segundo ele, jornalismo em seu próprio país é "trabalho de campo". "Já quando se está no estrangeiro, faz-se muito mais que escrever."
RAINHA DA INGLATERRA
Não é ofensivo chamar a rainha britânica de "bitch" ? palavrão em inglês mais ofensivo que meretriz, mas com o mesmo significado se proferido por um negro, segundo as regras da Broadcasting Standards Comission, cão-de-guarda da mídia que estabelece os padrões na TV inglesa.
Espectadores reclamaram quando o comediante Richard Blackwood usou o termo durante o programa Have I got news for you, em outubro passado. Embora a BSC tenha instituído que "bitch" é uma gíria de rua aceitável para se referir a uma mulher, líderes negros pediram a Blackwood para "maneirar no linguajar", conta Adam Sherwin [The London Times, 28/2/01].
A BBC afirmou que o comediante "estava usando o termo da forma que se usa no rap, querendo dizer ?mulher?, e não algo pejorativo." Blackwood, porém, quis se retratar. Prestes a se tornar a maior estrela negra da Inglaterra, com sua popular série cômica no Channel 4, ele reconheceu o erro. "Nunca deveria ter dito aquilo. Não havia necessidade."
SUDÃO
O editor-chefe e o publisher do Khartoum Monitor, jornal diário independente do Sudão com circulação de 5 mil exemplares, foram presos em 24 de fevereiro. Alfred Taban, publisher, foi preso na redação do jornal, segundo o editor-administrativo Nihal Bol. Duas horas depois, policiais detiveram Albino Okeny, editor-chefe, contou Bol. A polícia não explicou o motivo da prisão. Okeny, segundo informações da Associated Press (24/2/01), é conhecido por seu apoio ao fim pacífico dos 18 anos de guerra civil no Sudão, enquanto o governo advoga uma solução militar.
O Exército de Libertação do Povo do Sudão, principal grupo rebelde, tem brigado pela autonomia do sul predominantemente cristão e animista em relação ao norte, majoritariamente muçulmano.