IRÃ
Os Repórteres Sem Fronteiras (RSF), em comunicado de 9/8/02, alertam para nova ofensiva dos conservadores iranianos contra a liberdade de imprensa. Somente no começo de agosto, dois jornais foram proibidos de circular, a agência estatal de notícias IRNA foi ameaçada de processo, um defensor de jornalistas foi preso e um jornalista recebeu ordem de prisão. Desde que o presidente Mohamed Katami assumiu o poder em 1997, propondo reformas liberais, o embate entre reformistas e conservadores guiados pelo líder supremo Aiatolá Ali Kamenei se tornou intenso, e órgãos de imprensa têm sido vítima de ataques da linha-dura islâmica. Kamenei é tido pelos RSF como um dos maiores inimigos da imprensa livre no mundo.
Em 8/8, o Tribunal 1410 de Teerã, conhecido como a "corte de imprensa", ordenou a suspensão do diário Ayineh-e-Jonoub, uma semana após seu lançamento. Uma das razões para a medida é a condenação que seu editor recebeu recentemente por "fazer propaganda contra o regime". O juizado decidiu fechar também Rouz-é-No porque seu nome é similar ao do Nowrouz, proibido em julho.
A Justiça iraniana ameaçou ainda processar a agência oficial Irna por ter publicado "ilegalmente" nota de divulgação do Movimento de Libertação do Irã, partido proibido desde o mês passado. Em 3/8, foi preso Nasser Zarafshan, advogado de parentes de intelectuais e jornalistas mortos em 1998. Em março, uma corte militar o condenou por "disseminar informação de processo". Dois dias depois, foi expedida ordem de prisão do jornalista reformista Massoud Behnoud, acusado de "pôr em perigo a segurança nacional", cooperar com a imprensa estrangeira" e "insultar o Líder Supremo".
Parisa Hafezi, da Reuters [5/8/02], reporta que, em meio à perseguição aos jornais reformistas no Irã a internet surge como meio de divulgar idéias proibidas pelo regime. Na capital do país há cerca de 1.500 cibercafés, que, em geral, fogem à repressão. Alguns diários proibidos abriram sítios na rede. "Ter uma página noticiosa é muito mais fácil que abrir jornal. A internet é vagamente mencionada na lei de imprensa, mas para abrir um sítio, não é necessária autorização do governo", explica o advogado Ahmad Akhlaghi.
ÍNDIA
O repórter de internet Aniruddha Bahal foi preso e libertado sob fiança algumas horas depois pelo Escritório Central de Investigação da Índia, reforçando acusações de que o governo estaria perseguindo a imprensa. O jornalista participou da Operation West End, quando o sítio para o qual escreve, Tehelka.com, publicou gravações em que militares aceitavam propina para facilitar compra de armamentos. Os próprios repórteres montaram a ação, fingindo-se de negociantes, o que rendeu processo ao Tehelka. O escândalo derrubou na época o ministro da Defesa e o presidente do partido governista.
A acusação contra Bahal é de que ele teria agredido um agente que queria interrogá-lo. O repórter disse que foi interrogado diversas vezes após a Operation West End, como vários de seus colegas, e suas casas são sempre revistadas.
Como reporta a AP[8/8/02], outros jornalistas sofreram perseguição do governo indiano recentemente. Alex Perry, correspondente da revista Time, foi chamado duas vezes em um mês para dar esclarecimentos sobre seu passaporte britânico depois que escreveu artigo sobre a saúde do primeiro-ministro Atal Vajpayee e questionou sua habilidade para controlar o arsenal atômico da Índia. Em julho, o governou ordenou que fosse trocado o correspondente da rede de TV al-Jazira em Nova Déli.