THE NEW YORK TIMES
Beatriz Singer
Fazia tempo que o New York Times não ouvia elogios a seus outrora imbatíveis dotes editoriais. Sob as rédeas de Allan Siegal, o novo "editor de padrões" ou editor de qualidade, responsável por salvaguardar o estilo e a ética do veículo, as páginas do jornalão voltaram a ser elogiadas. Análise de Cynthia Cotts [The Village Voice, 30/9/03] afirma que o conteúdo "está progredindo nos últimos tempos".
Cynthia nota que, lendo atentamente, vê-se que os editores estão experimentando diferentes formas de dar crédito aos repórteres. Em algumas matérias repórteres dividem a autoria, em outras o crédito aparece no pé do texto; free-lancers também estão recebendo crédito, e os erros de assinatura dos artigos têm aparecido na seção de correções. Além disso, a procedência das reportagens tem merecido tratamento mais refinado, citando-se duas ou três localizações diferentes em foram apuradas as informações.
Catherine Mathis, porta-voz do Times, confirmou que o jornal promove "uma reformulação sistemática" de sua política de créditos. "Aprendemos nos últimos tempos que os leitores de dentro e de fora do jornal gostariam de mais informações, em vez de menos, sobre quem escreve o que em nossas colunas", explicou. Os "últimos tempos" a que se refere Catherine correspondem à crise originada com Jayson Blair, o repórter que fraudou diversos textos no Times, ampliada por Rick Bragg, jornalista de renome, vencedor do Pulitzer, que admitiu utilizar outros repórteres em matérias que só ele assinava. Bragg também não fez bom uso da procedência das informações em suas reportagens.
Mudanças urgentes
Siegal foi indicado para o cargo de editor de qualidade oficialmente em 9/9 [veja reportagem sobre o assunto ao pé do texto]. Uma de suas primeiras tarefas seria, de fato, definir um padrão de créditos e procedências.
Em julho, um mês após o editor-executivo Howell Raines pedir demissão, o chamado Comitê Siegal, liderado pelo editor, emitiu relatório sugerindo diversas mudanças urgentes, entre as quais a reformulação da política de créditos, mais coerente e consistente, de maneira a mostrar que o Times "não tem de que se esconder".
"Hoje, a maioria dos correspondentes do Times usa free-lancers para fazer entrevistas e coletivas de imprensa, mas acha que o comportamento de Bragg era abusivo, uma vez que dependia do free-lancer para fazer quase toda a reportagem", afirma Cynthia em seu artigo. "Uma fonte interna do jornal disse que se o Times desse crédito a free-lancers no passado toda reportagem de Bragg teria alguns créditos no final."
Leia também