CHANDRA LEVY
No mundo dúbio da TV saturada pelo caso do desaparecimento da estagiária Chandra Levy ? e por sua relação com o deputado democrata Gary Condit ?, há, de um lado, Dan Rather, da CBS, que quase não noticiou o caso. De outro lado, estão as emissoras noticiosas da TV a cabo americana, que parecem não falar de mais nada durante o dia inteiro ? mesmo com a polícia afirmando que Condit não é suspeito.
O assunto deixou as emissoras com água na boca diante do filé. E realmente o abocanharam, obtendo aumento considerável em sua fatia de audiência no último mês. Alucinadas com o resultado, as emissoras ignoraram o fato de as novidades terem escasseado e continuam tratando o assunto como se tivesse ocorrido no mesmo dia.
O fenômeno de coberturas que viram madrugadas atrás de uma reportagem suculenta não é novo na notícia a cabo. Mesmo assim, para Jim Rutenberg [The New York Times, 30/7/01], o alvoroço da imprensa sobre o caso de Levy parece exageradamente intenso.
As dimensões da cobertura da mídia ao desaparecimento da estagiária foram aumentadas devido a uma batalha crescentemente visível entre a Fox News e a CNN pela supremacia no meio noticioso a cabo. Executivos de emissoras a cabo garantem que o volume monstruoso de transmissão do caso não acaba condena Condit. Dizem que se trata apenas de boa televisão, com narrativa convincente e possíveis pecados de uma autoridade federal.
Críticos, no entanto, afirmam que a repetição exaustiva
de especulações de que Condit poderia estar envolvido com a história,
cria danos irrevogáveis. "A visão que se tem dos canais noticiosos
a cabo é de que acham uma história, duas no máximo, e dá-se
a elas cobertura sufocante", disse Alex S. Jones, diretor da Joan Shorenstein
Center of the Press, Politics and Public Policy, na Universidade de Harvard.
"E nesse caso, pegaram uma história na qual a reputação
de alguém está ameaçada por uma especulação
de culpa que nem a polícia apóia."